Julgamento dos acusados ocorrerá nesta sexta-feira, às 9h, no Fórum de Ribeirão Pires
A perda brutal do filho Yuan Pereira Santos, de 22 anos, no dia 24 de abril de 2018, ainda tem marcas profundas no coração da mãe, Andreia Pereira. O filho era estudante de Engenharia Civil e morreu por conta de três disparos na cabeça e no peito provocados por criminosos que invadiram a residência. E todos os sentimentos retomaram neste momento por conta do julgamento dos acusados que ocorrerá nesta sexta-feira (19/05), no Fórum de Ribeirão Pires, às 9h.
O homicídio foi na casa da família, no Parque o Governador, em Rio Grande da Serra, e, pela investigação da Polícia, a morte teria sido encomendada por conta de ciúmes.
A apuração da Polícia Civil mostra que os mandantes seriam Hernani Goulart da Mota Silva e seu primo Jonathas Mota Pires. Ambos teriam encomendado o crime para um terceiro homem, que está foragido.
Lembranças tristes
Ao entrar em contato do o ABCD Jornal, a mãe relembra as tristes cenas ocorridas naquele 24 de abril de 2018. Três homens armados chegaram na residência e quando ela abriu a porta passou a ser agredida. O filho dela apareceu na sequência e foi atingido por três disparos. A mãe também foi atingida na mão direita ao tentar entrar na frente do filho para protegê-lo. Os dois foram socorridos, mas quatro dias depois os médicos constataram morte cerebral de Yuan.
O primeiro BO (Boletim de Ocorrência) foi registrado como latrocínio, mas a Polícia Civil apontou posteriormente que o motivo teria sido o fato de a esposa de Hernani ter ficado conversando com Yuan após o trabalho. Segundo a Polícia, ela teria contado o fato para o marido, causando ciúmes nele. Ainda de acordo com os investigadores, Hernani teria procurado o primo Jonathas, que teria sugerido o homicídio do estudante de engenharia.
Antes do homicídio, o carro de Yuan já teria sido danificado e uma conversa teria ocorrido entre a vítima, a noiva, Hernani e sua esposa. Aparentemente, o assunto foi resolvido.
Apelo
A mãe do rapaz disse que tem procurado a ajuda, principalmente da imprensa, para a divulgação do caso. Ela teme os acusados sejam soltos. Um habeas corpus já foi negado pela Justiça e ambos permanecem presos até o julgamento.
Hoje a mãe leva uma vida solitária, pois sua outra filha também morreu dois anos depois do crime, vítima de câncer no fígado.
“Espero que essas pessoas sofram punição e colham as consequências do que praticaram. Eles tiraram a vida do meu filho na minha frente. Espero que esse julgamento puna esses réus. Meu filho tinha apenas 22 anos, ia se casar em seis meses, era um companheiro. Dois anos depois da morte dele perdi minha filha também. Vivo sozinha, é muito difícil. Meu filho era muito bom, só trabalhava, estudava e ia para a igreja comigo. Não tinha vícios. Sinto muito a falta dele”, afirmou a mãe
Os dois acusados estão presos no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Mauá, em celas separadas. A reportagem entrou em contato com a defesa de ambos para pegar o posicionamento. A densa alega que os réus são inocentes.
“Primeiramente a gente se solidariza com a família da vítima, pela perda , a gente sente muito, ainda mais da forma que foi, mas a gente não pode querer fazer justiça punindo pessoas que são inocentes. Houve o crime em que alguém matou essa vítima, e isso é fato. No entanto, não foram as pessoas que estão sendo acusadas, eles tanto não praticaram o homicídio com também não foram os mandantes. A defesa não nega que já houve alguns problemas entre as partes e a vítima. E, claro, que nas discussões era mantida troca de um mal-estar entre eles, mas nada que ultrapassasse a beira de chegar a um resultado como este. No júri , será visto e ficará claro que eles não tiveram a mínima participação no que aconteceu . Eles até se compadecem porque foi uma situação traumatizante pra quem acompanhou o caso e soube da notícia. Foi uma situação grave e que mexeu com todos, e não esperavam que eles estariam sendo acusados . No entanto , como eu já disse e reitero, não foram eles nem os mandantes nem os executores”, disse o advogado dos réus Renan Alcântara Motta Coelho.
Carta
A mãe de Yuan enviou uma carta ao ABCD Jornal, na qual conta sua versão sobre o caso.
Leia a íntegra:
“Meu filho se chama Yuan Pereira Santos, tinha 22 anos, estudante de Engenharia Civil e com casamento marcado, quando foi assassinado no dia 24 de abril de 2018 dentro de casa, as 23:45hs.
Já estávamos dormindo quando dois rapazes bateram na porta e por morarmos em uma chácara em um lugar tranquilo, na época não tínhamos portão, eu abri pensando que era o vizinho, então um rapaz colocou uma arma na minha cabeça, comecei a gritar e meu filho acordou, quando o assassino o viu começou a atirar; eu fiquei na frente e ele atirou em mim também.
Foram 3 tiros no meu filho todos na cabeça.
Ele foi socorrido, mas teve morte cerebral e faleceu 4 dias depois.
Eu não sabia o que tinha acontecido até que a polícia de Ribeirão Pires veio na minha casa um mês depois e contou.
Yuan trabalhava na empresa ACIARP há 2 anos e tinha amizade com uma funcionária chamada Naiara, o esposo dela, Hernani, ficou com ciúmes, pois um mês antes do assassinato, Yuan e Naiara ficaram 2 horas juntos depois do trabalho e ela para fazer ciúmes contou ao marido, esse por sua vez achou que eles eram amantes e contratou um assassino para matar meu filho.
Hernani Goulart da Mota e seu primo Jonathas Mota Pires foram presos um ano depois, graças a Deus e às investigações da polícia de Ribeirão Pires e ao incansável trabalho do investigador de polícia de Rio Grande da Serra Sr. Leandro, o qual nunca poderei agradecer por tamanha dedicação.
O JÚRI SERÁ NO DIA 19/05 NO FÓRUM DE RIBEIRÃO PIRES AS 9h.
Peço, por favor, me ajude a CLAMAR POR JUSTIÇA.
Eu tinha dois filhos, Yuan e Yohana, ela também faleceu dois anos depois, com câncer, aos 19 anos.
Hoje vivo pela fé em Deus, mas me sinto muito
sozinha e triste todos os dias.
Tento viver, mas acabou com tudo que eu tinha.
Obrigada por sua atenção.
Estarei à disposição e aguardando sua ajuda”.
