Em meio à maior crise do Consórcio, secretário se reúne com FHC para falar de entidade
Ex-presidente da República disse que modelo adotado pelo ABCD traz fomento para região; três prefeitos discordam e já deixaram instituição
Ex-presidente da República disse que modelo adotado pelo ABCD traz fomento para região; três prefeitos discordam e já deixaram instituição
Em meio à maior crise enfrentada na história do Consórcio Intermunicipal do ABC, com a saída de três das sete Prefeituras da Região, o secretário Executivo da entidade, o advogado e professor universitário Tunico Vieira, se encontrou nesta semana com o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República (1995 a 2003) para fazer uma explanação sobre as ações da instituição.
FHC disse que o consorciamento das cidades do ABCD foi uma das novidades em termos de políticas públicas regionais. “O Grande ABC, sem dúvida nenhuma, foi pioneiro e referência para tantos outros agrupamentos de cidades no Estado de São Paulo. Uma ferramenta que deu certo e tem de continuar a buscar melhorias para a região”, afirmou o ex-presidente.
Tunico ofereceu ao ex-presidente do Brasil um pen drive com uma breve apresentação sobre o Consórcio, um resumo dos projetos implementados. Ao final do encontro, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso desejou boa sorte para Tunico, que viaja no final do ano para Coimbra, onde irá terminar o seu mestrado e lecionar na Universidade de Coimbra. A partir de 20 de dezembro ele não será mais o secretário executivo.
Apesar da defesa de Tunico Vieira e FHC com relação ao Consórcio, hoje presidido por Orlando Morando (PSDB), prefeito de São Bernardo, três dos sete municípios da Região (Diadema, São Caetano e Rio Grande da Serra) discordam do modelo da instituição e abandonaram a entidade com o argumento de que não há retorno para os municípios em termos de investimentos. Os três também discordam da gestão de Morando.
“O Consórcio se tornou uma massa falida por conta se seu atual síndico, que tem nome e sobrenome. O Consórcio acabou”, disse o prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), ao se referir a Orlando Morando. O verde foi primeiro a deixar a entidade no ano passado.
Para o chefe do Executivo de Diadema, é preciso repensar outro modelo. “Não dá para gastar R$ 30 mi com o aluguel de uma sala para ter uma reunião por mês entre os prefeitos. Além disso, não dá para aceitar gasto de R$ 11 milhões com publicidade, sendo o montante basicamente destinado um único jornal da região. A estrutura precisa ser enxuta e as reuniões serem realizadas cada mês em uma prefeitura. Também discordo de gastos absurdos que querem fazer com aluguel de helicóptero”, disse Lauro Michels.
O secretário executivo do Consórcio afirmou que respeita a opinião dos prefeitos porque foram eleitos, mas defendeu a instituição. “Continuo achando que o Consórcio é fundamental para discutir conjuntamente as políticas públicas para a região que tem um PIB igual, por exemplo, ao Uruguai. Existem mais de 40 grupos temáticos que discutem soluções para a região. Se existe uma crítica à gestão, não pode ser confundida com importância do Consórcio. Montar uma outra entidade por divergência de gestão não justifica”, concluiu Tunico Vieira.