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Dono da empresa de S.Caetano preso pela PF tem contrato com Câmara, USCS e Saesa

Valores anuais de contratos com empresário Mário Jorge Paladino somam anualmente mais de R$ 3 milhões

  • Polícia faz apreensão de documentos na empresa MC3 Tecnologia e Logística, com sede em São Caetano.
    Foto: Leandro Amaral/Repórter Diário
  • Por: Gislayne Jacinto
  • Publicado em: 31/10/2018
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 Valores anuais de contratos com empresário Mário Jorge Paladino somam anualmente mais de R$ 3 milhões

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Polícia faz apreensão de documentos na empresa MC3 Tecnologia e Logística, com sede em São Caetano. Foto: Leandro Amaral/Repórter Diário

O empresário Mário Jorge Paladino, de São Caetano, dono da MC3 Tecnologia e Logística, que foi preso nesta quarta-feira (31/10) pela PF (Polícia Federal) acusado de envolvimento de fraudes em licitações, tem contratos com a Câmara, USCS (Universidade de São Caetano do Sul) e Saesa (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental). Anualmente, a empresa leva mais de R$ 3 milhões dos cofres públicos.

No caso da Câmara, o contrato foi para a prestação de serviço técnico e substituição do acervo de documento, ou seja, trata-se da digitalização de toda a documentação do Legislativo. Pelo Portal da Transparência da Casa, de julho do ano passado julho de 2018, a empresa recebeu dos cofres públicos R$ 1,5 milhão, sendo o pagamento mensal de R$ 106, 6 mil. O contrato pode ser renovado por até 60 meses. A última renovação ocorreu em em agosto deste ano.

O contrato com a Saesa é também para digitalização da documentação. Nos últimos dois anos houve, o empenho de R$ 1,5 milhão, sendo R$ 995 mil em 2016 e R$ 509,6 mil em 2017. Até setembro de 2018, a Saesa tinha pago à empresa R$ 288.978,08.

No caso da USCS, o valor anual é de R$ 1,1 milhão (R$ 91, 97 mil por mês). O contrato com a Universidade de São Caetano é para transferência, digitalização, armazenamento físico e digital. O último aditamento do contrato foi em junho.

Todos os órgãos que possuem contratos com a empresa foram procurados, mas até o fechamento da reportagem somente a Saesa não deu retorno para se posicionar. USCS e Câmara emitiram nota oficial em que dizem que os contratos firmados não são alvos de investigação da PF. 

Entenda o caso

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira a Operação Tritão, juntamente com a Controladoria Geral da União, Tribunal de Contas da União, Receita Federal e Ministério Público Federal, contra fraudes em licitações da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo). O grupo atuava em processos licitatórios das áreas de tecnologia da informação, dragagem e consultoria.

De acordo com a PF, 100 policiais federais, 8 auditores da CGU e 12 servidores da Receita Federal cumpriram 7 mandados de prisão temporária e 21 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Santos, Guarujá, São Caetano, Barueri, Rio de Janeiro/RJ, Fortaleza/CE e Brasília/DF, todos expedidos pela 5ª Vara da Justiça Federal de Santos.

As suspeitas de irregularidades surgiram com um vídeo postado na internet no mês de setembro de 2016, no qual um assessor do Presidente da Codesp confessava a prática de diversos delitos ocorridos no âmbito daquela empresa. O inquérito teve início em novembro de 2017 após informação sobre o conteúdo do vídeo ser enviada pelo Ministério Público Federal à PF, para que fosse feita uma investigação policial a partir dos fatos que ele narra.

Os autos apontam irregularidades em vários contratos, que seriam realizadas por meio de fraudes envolvendo agentes públicos ligados à estatal e empresários. Dentre as irregularidades apuradas, destacam-se contratações antieconômicas e direcionadas, aquisições desnecessárias e ações adotadas para simular a realização de serviços. Os contratos sob investigação perfazem um total de mais de R$ 37 milhões.

Os investigados responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de associação criminosa, fraude a licitações, corrupção ativa e passiva, com penas de 1 a 12 anos de prisão.

O nome da operação policial remete a Tritão, na mitologia grega, conhecido como o rei dos mares.

Entre os presos está José Alex Oliva, presidente da Codesp. Ele foi preso em Copacabana, no Rio de Janeiro.

Mandados de prisão:

  • José Alex Botelho de Oliva (Presidente Codesp)
  • Carlos Antônio de Souza (ex-assessor do presidente)
  • Cleveland Sampaio Lofrano (diretor de mercado da Codesp – citado no vídeo)
  • Gabriel Nogueira Eufrasio (diretor jurídico da Codesp)
  • Mario Jorge Paladino (empresário)
  • Joabe Franscico Barbosa (empresário)
  • Joelmir Francisco Barbosa (empresário)