
Quase 3 mil livros organizados nas estantes de uma sala simples, mas acolhedora, compõem o acervo da Biblioteca Popular Carlos Marighella, em São Bernardo. Há oito anos, a mobilização de moradores, educadores e voluntários fez do pequeno espaço um portal para o universo literário, dentro da sede do Conselho Comunitário Núcleo Cafezais, no Montanhão. A unidade está entre as cinco bibliotecas comunitárias já mapeadas pela Secretaria de Cultura do município, que trabalha para apoiar e fomentar as iniciativas.
“Dentro de um conjunto de ações de estímulo ao setor cultural, para ampliar o acesso dos moradores ao conhecimento e a manifestações de arte, nossa equipe tem trabalhado no apoio às bibliotecas comunitárias da cidade. Espaços que se somam às bibliotecas públicas municipais e se tornam ponto de encontro para os apreciadores da literatura, estudantes e escritores”, destacou a secretária de Cultura de São Bernardo, Samara Dinis.
Além da Biblioteca Popular Carlos Marighella, fazem parte dos espaços já catalogados a Biblioteca Comunitária Pulo do Sapo, no Alvarenga; a Biblioteca Comunitária Mboatar, no Jordanópolis; a Sala de Leitura Padre Léo Commissari, no Montanhão; e o Quero Ler, no Curucutu, região do Pós-Balsa.
DO CAFEZAIS PARA O MUNDO
Biblioteca Popular Carlos Marighella, no início das atividades, em 2017, os títulos de maior procura eram os infantis. “Nosso público assíduo, nos primeiros anos, eram as crianças do bairro”, lembra o coordenador do espaço, Geraldo de Souza Pereira, que é sociólogo e um idealizadores do projeto.
Com o tempo, e doações que representam 90% do acervo, as áreas do conhecimento no catálogo de livros cresceram e se diversificaram. Tem opção para quem curte poesia, literatura nacional e latino-americana, saúde, ecologia, direito. “A gente dá conta das principais categorias daquilo que está disponível em bibliotecas públicas”, observa Geraldo.
Instalada no segundo andar de um imóvel na Passagem dos Cafezais, a Biblioteca Popular do Montanhão recebe, por semana, média de 150 leitores. São moradores da comunidade e frequentadores das atividades culturais, esportivas e educativas gratuitas realizadas dentro da sede da associação.
O cursinho pré-vestibular para jovens da rede pública está entre elas. Foi em busca deste tipo de oportunidade que um dos alunos da turma, Gabriel Victor Rodrigues, de 20 anos, descobriu o espaço literário.
“Passava aqui e não sabia o que era. A biblioteca pra mim é como água para minhas raízes, pra eu poder crescer. Aproveito este espaço para evoluir. Por isso comecei a ter conhecimento em português e sobre a cultura dos meus ancestrais”, destaca o jovem, que tem origens familiares indígenas.
BUSCAR ESPERANÇA
Para levar o livro emprestado para casa, é necessário ter carteirinha e assinar a ficha de empréstimo. Tem opção para todos os estilos – e para todos. O acervo conta com títulos em braile e até audiolivros, em aparelhos MP3.
Na sala modesta e bem estruturada, entre tantos livros e tantas boas histórias cabem novos sonhos. “Aqui tem disso, de as pessoas virem buscar esperança e encontrar. Esse é um espaço de acolhimento. Antes era uma sala onde dava aulas de alfabetização. Decidimos transformar em um espaço de cultura, que a comunidade pudesse desfrutar. Tenho muito orgulho de nossa biblioteca”, conta Rosa Maria de Souza – a Tia Rosa, 53 anos, presidente do Conselho Comunitário.
