
A prisão do youtuber João Paulo Manoel, de 45 anos, conhecido como Capitão Hunter, chocou a comunidade gamer e fãs da franquia Pokémon nesta quarta-feira (22/10). Suspeito de produção de conteúdo impróprio e de exploração de menores, ele foi detido por policiais civis em sua residência, em Santo André.
Segundo a Polícia, ele utilizava sua influência e o universo aparentemente inofensivo de Pokémon – com foco em cards colecionáveis e bichos de pelúcia – para atrair e coagir crianças e adolescentes. O caso levanta um alerta crucial sobre a segurança no ambiente online e a periculosidade de pessoas que se escondem por trás de perfis populares.
“Por que vocês estão me tratando assim?”: O Vídeo da Prisão
Um vídeo gravado dentro da residência dele em Santo André mostra o momento exato da abordagem policial no quarto do youtuber. As imagens mostram o cômodo em que Hunter produzia conteúdo, que estava bagunçado com itens de Pokémon, fios e diversos computadores.
No momento em que os policiais civis cumprem o mandado, Hunter é informado de que terá a oportunidade de se defender das graves. É nesse contexto que o youtuber questiona a forma como está sendo tratado pelos agentes: “Por que vocês estão me tratando assim?”.
Segundo a investigação, ele usava sua credibilidade em canais voltados ao público infantil para “ganhar a confiança das vítimas para posteriormente assediá-las e coagi-las à prática de atos impróprios para crianças.
O Perfil e a Isca: Do Evento Pokémon à Coação
A estratégia do youtuber era se aproveitar de perfis falsos e canais digitais para se aproximar das vítimas. A prisão temporária foi solicitada e concedida pela Justiça não só pelo risco de fuga do investigado, mas principalmente pela ameaça que sua liberdade representava. Na busca e apreensão na residência de Santo André, foram apreendidos seis celulares, três pendrives e uma CPU de computador, que serão periciados.
A denúncia que levou à prisão partiu da família de uma menina de 13 anos que mantinha contato com Hunter desde os 11 anos, por meio de aplicativos como Discord e WhatsApp. A adolescente o conheceu em um evento de Pokémon, e ele havia prometido apoio à sua carreira em jogos online. O que era um contato profissional logo descambou para o abuso.
A menina narrou à Polícia Civil que João Paulo fez videochamadas mostrando as partes íntimas e pedindo que ela mostrasse também em troca de cartas e bichos de pelúcia de Pokémon. A família interceptou uma mensagem enviada por Hunter que revela a perversidade da coação psicológica: “Amigos fazem isso, mostram a bunda um para o outro, isso são coisas de amigos e você é minha melhor amiga”.
Diante da gravidade dos fatos, a defesa do youtuber, por meio do advogado Rafael Feltrin, declarou à imprensa que as acusações são “absolutamente inverídicas e serão esclarecidas no momento oportuno”.
