Paulo Serra ignora ato organizado pelo Sindserv contra reajuste parcelado

Para prefeito, funcionários que participaram de protesto “são politiqueiros” ligados ao sindicato e não representam maioria da categoria

Paulo Serra ignora ato organizado pelo Sindserv contra reajuste parcelado. Foto: Gislayne Jacinto

Após aprovação na Câmara de Santo André de projeto do prefeito Paulo Serra que concede abono e mais 7% de reajuste salarial (parcelado em duas vezes) ao funcionalismo, o Sindserv organizou um protesto na frente do Paço na tarde desta quinta-feira (17/03), mas o chefe do Executivo ignorou o ato ao ser questionado sobre o fato durante coletiva de imprensa “Não, não são  servidores”, afirmou.

Para o prefeito, os manifestantes são “poliqueiros” e não representam a maioria da categoria. Ele disse que a proposta da Prefeitura em termo de reposição salarial é o que o município tem condições de pagar.

“Não teve condição (dar aumento maior). A gente tem a questão do precatório, que eles (diretores do Sindserv) nunca protestaram quando era o governo da linha  ideológica deles. Eles ficaram adormecidos quando a cor era mais vermelha. E com todo respeito, o Sindserv não tem hoje representatividade, é um instrumento político, quem discursou o tempo todo foi um vereador do Psol. O outro que discursou foi candidato a vereador pela oposição. Então, eu respeito muito os movimentos, e respeito muito os servidores. Já fizemos 42 reclassificações, vamos fazer outro pacote de reclassificação agora, a partir do mês de abril .Nós estamos discutindo com várias categorias,  nós temos uma limitação financeira orçamentária  e isso vai custar já R$60 milhões. Eu quero comparar com as demais cidades com o porte de Santo André para gente ver se a gente vai ficar acima ou abaixo do que é possível a cidade lidar com a responsabilidade”, afirmou o prefeito.

Paulo Serra disse ainda que o “ambiente” que é feito pelo sindicato é político. “Aliás, não é político, é politiqueiro, que é um pouquinho abaixo da política, porque tem uma intenção clara de não respeitar o resultado da eleição, não aceitam e ainda tentam em cima dos servidores crescerem politicamente, ter voto, até apoio. Quando você tem um vereador de oposição, partidário comandando o movimento, um vereador de esquerda, do Psol, de partidos que têm bandeiras diferentes da nossa, graças a Deus, e que nunca administraram nem um botequim, fica muito descredenciado de legitimidade. Então é isso, a gente está fazendo o máximo esforço, as categorias terão novidades pela frente, a gente vai fazer algumas reclassificações”, disse.

O prefeito acrescentou que ficou impedido de conceder reajuste por conta de uma lei federal que ficou em vigor durante a pandemia.

“A gente entende que o momento é difícil por conta da inflação, gasolina em alta, que não tem relação com o município. É no país todo e é uma questão muito mais federal. Mas é isso, a gente já avaliou outros municípios do porte de Santo André e entre 7 a 14% a gente vai estar entre as cidades aí que mais deu reajuste, eu não tenho dúvida”, afirmou Paulo Serra.

Outro lado

O diretor do Sindserv Rodrigo Gomes não gostou das declarações do prefeito sobre o ato convocado pelo sindicato nesta quinta contra o projeto que concede reajuste de 7% parcelado em maio e setembro.

“É muita hipocrisia do prefeito. Estamos avaliando questões jurídicas contra ele, pois toda vez ele deslegitima os atos do Sindserv. Qualquer pessoa pode ser candidata nesse País. Ele fala como se ele não fosse político. Ele também concorreu na eleição como qualquer um tem direito de concorrer”, afirmou.

Rodrigo acrescentou que a manifestação existiu porque os servidores têm defasagem salarial de mais de 10% se levar cem consideração esse reajuste de 7% aprovado na Câmara nesta quinta-feira. “Ainda temos uma perda real de mais 10% e infelizmente a Prefeitura mandou o projeto para a Câmara sem concluir a mesa de negociação e sem ouvir a categoria”, concluiu o sindicalista.

Projeto

A Prefeitura de Santo André, por meio da Secretaria de Inovação e Administração, informou que irá reajustar os ganhos dos servidores públicos de Santo André de 7% até 14% neste ano, levando em conta o pagamento do ano. Serão 12 mil servidores atendidos com 3% de aumento salarial a partir de maio, somando mais 4% no mês de setembro.

De acordo com a Prefeitura, o aumento chegará a 14% para servidores que recebem entre R$ 1.500 e R$ 2.000, já que a partir de setembro receberão parcela referente à cesta básica no valor de R$ 230. “Antes de chegar neste valor no segundo semestre, a cesta básica terá acréscimo de R$ 110 para R$ 170, ainda em maio. O aumento do valor da cesta acontece para toda classe que recebe até R$ 4.460,22. Além destes pontos, fica autorizada aos servidores ativos da administração direta e indireta a concessão de abono no valor de R$ 114,09, a partir de maio, que passará ao valor de R$ 118,79 em setembro”, informou.

Segundo a Prefeitura, após as mesas de negociações, em que o Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos de Santo André) rejeitou as propostas, a Prefeitura de Santo André trouxe a proposta aprovada, que terá impacto financeiro de R$ 60 milhões aos cofres públicos. O projeto ainda traz o aumento da licença nojo, quando morre um parente próximo, que agora somará cinco dias, contra o período de três dias em vigor. Os auxílios babá, creche, distância, funeral e transporte, seguem normalmente.

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