VOLTAR
  • Cidades

Padre Sante Collina, que atuou 40 anos em São Bernardo, morre de Covid

Diocese de Santo André, da qual ele pertencia, lamentou o falecimento do sacerdote

  • Padre Sante Collina, que atuou 40 anos em São Bernardo, morre de Covid.
    Foto: Divulgação
  • Por: Gislayne Jacinto
  • Publicado em: 14/01/2021
  • Compartilhar:

Diocese de Santo André, da qual ele pertencia, lamentou o falecimento do sacerdote

Padre Sante Collina, que atuou 40 anos em São Bernardo, morre de Covid. Foto: Divulgação

 

A Diocese de Santo André comunica a morte do padre italiano Sante Collina ocorrida na manhã desta quinta-feira (14/01), em Castel Bolognese, na Itália. Pe. Sante tinha 81 anos de idade, dos quais 56 vividos como sacerdote. Ele faleceu com pneumonia agravada por complicações da Covid-19.

Nascido e criado na Itália, deu seus primeiros passos rumo ao sacerdócio no país. Aos 11 anos entrou no seminário da Diocese de Imola. Após ordenado, com o Projeto Igrejas Irmãs, veio para a Diocese de Santo André, em 1980, onde serviu nas Paróquias São Geraldo Magella e Jesus de Nazaré, ambas em São Bernardo do Campo.

Após 40 anos na Diocese de Santo André, em julho de 2020 retornou para sua pátria.

Durante a pandemia do novo coronavírus, Pe. Sante foi acometido por uma pneumonia e testou positivo para a Covid-19, não resistindo ao enfraquecimento da função pulmonar. “Expressamos nossa profunda gratidão por este corajoso homem de fé e servo fiel da Igreja de Cristo”, diz a Diocese de Santo André.

Em nota, o bispo diocesano Dom Pedro Carlos Cipollini lamentou o falecimento. “Receba Pe. Sante, a gratidão de nossa Igreja Diocesana de Santo André, em oração de ação de graças por sua vida missionária entre nós, e por sua vida eterna, na qual intercederás, para que nasçam e cresçam as sementes do Reino que semeastes. Descanse em Paz!”

Vocação e início do sacerdócio

Filho de Sebastiano Collina e Domenica Piani, Sante foi batizado no local de nascimento (Faenza, cidade da Itália), no dia 11 de dezembro de 1939 e crismado em 1948 pelo bispo de Faenza, Giuseppe Battaglia (1890-1984).

Cursou as primeiras letras na localidade de Posseggio, em Fontanelice (Diocese de Ímola). Discernindo cedo indícios da vocação sacerdotal, Sante ingressa aos 11 anos no Seminário da Diocese de Ímola, onde transcorrem seus estudos filosófico-teológicos. Em 1963 recebeu a primeira tonsura, as ordens menores e o subdiaconado; foi ordenado diácono no ano seguinte e, na vigília da Festa de São Pedro, pela imposição das mãos de Dom Benigno Carrara (1888-1974), recebe a ordenação presbiteral, na Catedral de Ímola. No dia seguinte, oferece as primícias sacerdotais na igreja de São Petrônio, em Castelbolognese, onde residia a família do neossacerdote.

De 1964 a 1969, Pe. Sante exerce a função de vigário cooperador em Ímola; de 1970 a 1972, é nomeado pároco em Giovecca e, no ano seguinte, vai como missionário para a Diocese de Meru (Quênia), onde fica como pároco até 1978.

Chegada à Diocese

Correspondendo às disposições do Projeto Igrejas Irmãs Ímola-Santo André, Pe. Sante chega como missionário fidei donum à diocese no dia 5 de março de 1980, assumindo a incumbência de vigário cooperador na Paróquia São Geraldo Magella (São Bernardo do Campo) onde, 22 dias depois, celebrou o primeiro aniversário da recém-criada comunidade paroquial. Com a criação da Paróquia Jesus de Nazaré, em 1982, Pe. Sante acumula a função de vigário paroquial de ambas as comunidades. Mais tarde, em 2002, é nomeado pároco desta última, permanecendo nesse empenho até 2007, quando é nomeado seu vigário paroquial até a emeritude. Pe. Sante exerceu ainda as funções de Coordenador da Região São Bernardo – Centro e Assessor Diocesano para a Pastoral da Juventude.

A celebração de despedida e gratidão pelo trabalho desenvolvido na Paróquia Jesus de Nazaré, na região do Ferrazópolis e Vila São José, suas seis comunidades, bem como de outros bairros da cidade de São Bernardo, aconteceu no dia 19 de julho de 2020 e reuniu fiéis que acompanharam sua trajetória no resgate da dignidade humana e na defesa de políticas públicas de inclusão dos mais pobres.

“A experiência que teve conosco fica na nossa alma. Esquecer de quem nos fez o bem é esquecer de si mesmo”, reflete o pároco Pe. Antônio Luiz de Araújo, o Pe. Toninho, que celebrou a missa.

Projeto Igrejas Irmãs

Uma das presenças marcantes de evangelização e ação em prol da população mais carente em nossa diocese é a da Congregação das Servas do Sagrado Coração de Jesus Agonizante. Em 1980, chegou no Brasil a primeira irmã dentro do projeto Igrejas Irmãs entre as dioceses de Ímola, na Itália, e de Santo André, no Grande ABC. Nesta época, padres italianos como Leo Commissari (assassinado em 1998), Nicola Silvestri (que foi ao encontro do Pai, no dia 19 de maio de 2020) e o próprio Sante Colina enfrentaram a ditadura militar e lutaram pelas causas sociais em prol da  igualdade de direitos para a população mais carente das periferias de São Bernardo.

Num breve discurso de agradecimento, o sacerdote mencionou uma passagem bíblica das cartas de São Paulo, a fim de que o povo permaneça firme e perseverante por dias melhores: “O justo vive da Fé” (Gl 3,11).

Padre Sante retornaria para a Itália em março de 2020. Porém, em virtude da pandemia da Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, a viagem foi adiada para julho. No último dia 28 de junho, Pe. Sante completou 56 anos de sacerdócio.

Reconhecimento

Fiéis das paróquias Jesus de Nazaré, São Geraldo Magella e demais comunidades expressaram gratidão e prestaram homenagens para o sacerdote italiano.

“Obrigada, Padre Sante. Deus o abençoe e lhe acompanhe. Seja feliz em sua terra. O senhor semeou muitas sementes no mundo, principalmente no Jardim Silvina”, comenta Cida Oneda.

“Padre Sante é aquele amigo que vai ficar guardado no cantinho do meu coração. Deus o acompanhe sempre amigo. Muito obrigada por tudo que fez por nós”, destaca Efigênia das Graças.

“Ele fez minha Primeira Comunhão, estava na minha Crisma e quando ele fez 25 anos e 50 anos de sacerdote, eu estava lá. Também viu meus irmãos crescerem, porque ele estava no casamento da minha mãe”, revela Odelia Regina.