MPF denuncia Atila e outras nove pessoas por fraude em licitação
Esquema criminoso, investigado nos desdobramentos da Operação Prato Feito, direcionou pregão para aquisição de uniforme escolar
Esquema criminoso, investigado nos desdobramentos da Operação Prato Feito, direcionou pregão para aquisição de uniforme escolar
O Ministério Público Federal encaminhou ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região nesta segunda-feira (28/01) denúncia contra o Prefeito de Mauá, Átila César Monteiro Jacomussi, e outros nove réus, por fraude de processo licitatório, corrupção (ativa ou passiva) e formação de organização criminosa.
A denúncia aponta que durante os desdobramentos da Operação Prato Feito foi descoberto que o então deputado estadual e candidato a prefeito Átila Jacomussi recebeu pagamentos indevidos durante as eleições de 2016, em troca de assumir o compromisso de favorecer o grupo empresarial de Carlos Zeli Carvalho a celebrar contratos com a Prefeitura de Mauá/SP. As tratativas e recebimentos de valores foram intermediados por João Eduardo Gaspar, então assessor de Átila na Assembleia Legislativa e posteriormente secretário de governo do município.
“Ficou demonstrado que após Átila ser eleito prefeito, ele e outros agentes públicos realizaram diversas manobras ilícitas para restringir a competitividade no Pregão nº 24/2017 realizado pela prefeitura de Mauá e que tinha o objetivo de adquirir 48.000 kits de uniformes escolares, a fim de garantir que a empresa Revemtex Indústria e Comércio Ltda ME fosse vencedora no certame”.
Aém de direcionarem o vencedor do certame, verificou-se que houve superfaturamento de aproximadamente 50% do valor das mercadorias adquiridas pela Prefeitura de Mauá, o que resultou em um prejuízo de cerca de R$ 4.000.000,00 ao município.
Em planilha apreendida na casa de um dos denunciados, o lobbista Welinton Fernandes, foi possível saber que 15% do valor pago pela Prefeitura em decorrência do contrato foi propina destinada a João Gaspar (representante do prefeito Átila) e 3% para o secretário de educação Fernando Daniel Coppola.
Além do prefeito, que se encontra preso preventivamente, foram denunciados Fernando Daniel Coppola, ex-secretário de educação de Mauá (fraude em licitação, corrupção passiva e formação de organização criminosa), João Eduardo Gaspar, ex-secretário de governo, também preso preventivamente (fraude em licitação, corrupção passiva e formação de organização criminosa), Samara Gomes Barlera, ex-assessora parlamentar de Átila (corrupção passiva e formação de organização criminosa), os empresários Carlos Zeli Carvalho e Edson Carvalho (todos por fraude em licitação, corrupção ativa e formação de organização criminosa), Leandro Carvalho, Selma Aparecida Nunes (corrupção ativa e formação de organização criminosa), além dos intermediários Welinton Fernandes Alves e Isaías Nunes Cariranha (corrupção ativa e formação de organização criminosa).
O MPF requer ainda, além da condenação, que seja fixado, como mínimo de reparação dos danos causados ao município de Mauá e à União, pelos denunciados, o valor do contrato firmado com a Revemtex (R$ 8.340.000,00), acrescido de juros e correção monetária. Pede também que seja decretada a perda de todos os bens e valores relacionados à prática do crime imputado, bem como a perda dos cargos públicos daqueles que os ocupem, bem como a inabilitação para exercício de cargo ou função pública, eletivo ou de nomeação, pelo prazo de cinco anos.
Átila Jacomussi e João Gaspar já haviam sido denunciados por lavagem de dinheiro. Os crimes da atual denúncia são antecedentes aos daquela, oferecida em 12 de junho de 2018.
A defesa de Atila negou as denuncias. Leia a íntegra da nota:
“O advogado Daniel Bialski que representa Átila Jacomussi informou que “a defesa foi surpreendida com o oferecimento desta nova denúncia em desfavor do Prefeito de Mauá e ressaltou que, mesmo tendo buscado acessar o teor desta denúncia, não foi permitida vistas à defesa. Nada obstante, novamente e de forma veemente se nega envolvimento do Prefeito em qualquer ilicitude. Soubemos apenas pela imprensa que a peça acusatória teria amparo numa licitação de uniformes. Mas, ao que já disse inclusive nos autos, a própria prefeitura suspendeu o pagamento à empresa vencedora, o que elide suposições de que houve recebimento de vantagens ou corrupção. A defesa aguarda tomar pleno conhecimento da acusação para poder exercer plenamente seu Direito e comprovar a inocência do Prefeito”