Mercedes reduz a produção e adota turno único por 3 meses a partir de maio
Setor de caminhões sente os reflexos da alta taxa de juros praticada pelo Banco Central
Setor de caminhões sente os reflexos da alta taxa de juros praticada pelo Banco Central
A Mercedes-Benz, em São Bernardo, divulgou aos trabalhadores um boletim sobre a necessidade de redução do programa de produção para 2023 e adoção de turno único na fábrica de caminhões por um período de dois ou três meses a partir de maio. Entre os motivos estão a queda da produção, a falta de peças e as altas taxas de juros no país.
“É urgente abrir novas modalidades de financiamento do BNDES e baixar a taxa de juros, que é a segunda maior do mundo, para a retomada do setor. Os juros altos prejudicam o crescimento, impedem a melhoria da produção e a geração de empregos, com efeitos nocivos no setor de caminhões e autopeças”, afirmou o diretor executivo do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva.
No setor de caminhões, também houve em 2022 a antecipação das compras devido ao Euro 6, que é o conjunto de normas regulamentadoras sobre emissão de poluentes para motores diesel.
“Estamos já em um processo de negociação com a empresa para avaliarmos as medidas possíveis e necessárias. Vamos pensar os próximos passos e as alternativas para atravessar esse período”, confirmou o dirigente.
A montadora já havia anunciado aos trabalhadores férias coletivas para 300 trabalhadores no início de abril e semanas curtas de trabalho. A Mercedes conta com cerca de 8 mil trabalhadores em sua totalidade, deste 6 mil na produção. Sendo, 2 mil na produção no segundo turno.
Taxa de juros
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, com a taxa de juros mantida em 13,75% pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, os financiamentos ficam mais caros, o crédito mais difícil e os investimentos no país ficam travados.
De acordo com a Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), a taxa de juros no mercado para aquisição de veículos ao ano chegou a 28,71% em dezembro de 2022. Em caminhões e ônibus, houve a redução da participação do BNDES Finame e aumento dos financiamentos de mercado. Em 2016, o Finame era responsável por 62% entre as modalidades de pagamento. No 3º trimestre de 2022, 28%. Já os financiamentos saíram de 17%, em 2016, para 40% no período, segundo dados da Anef, com elaboração da Subseção do Dieese dos Metalúrgicos do ABC.