Mauá amplia suspensão das aulas para a rede estadual em 2020
Cidade já tinha adiado retorno das atividades presenciais nas escolas municipais ao próximo ano letivo
Cidade já tinha adiado retorno das atividades presenciais nas escolas municipais ao próximo ano letivo
Depois de suspender as atividades presenciais na rede municipal de ensino, a Prefeitura de Mauá oficializou nesta quinta-feira (3) que também não retornará as aulas nas escolas estaduais em 2020, em decorrência da pandemia do novo coronavírus. A cidade é a primeira na Grande São Paulo a comunicar o retorno dos trabalhos pedagógicos somente a partir do próximo ano letivo, enquanto utiliza plataformas digitais e apostilas em casa aos estudantes.
Segundo o prefeito Atila Jacomussi, a decisão foi tomada após consultas a profissionais da Saúde e da Educação, além de pais e alunos. “Não conseguiremos retomar o tempo perdido apenas nos meses de outubro e novembro, e poderemos expor nossos jovens e consequentemente suas famílias, pais, mães e avós ao coronavírus. A pandemia ainda está aí e não podemos ignorar essa realidade”, explicou.
Em estudo elaborado pelo Hospital Infantil de Washington (Estados Unidos), crianças infectadas podem transmitir a Covid-19 durante semanas, mesmo que não apresentem sintomas da doença. A pesquisa corrobora com a publicação do “Journal of Pediatrics”, revista científica de pediatria, após análise do Hospital Geral de Massachusetts, na qual as crianças têm maior carga viral do Sars-CoV-2 do que adultos hospitalizados.
De acordo com o prefeito, Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e docentes se manifestaram favoráveis à medida. “Não adianta empurrarmos, mês após mês essa decisão, se já temos a leitura de que a pandemia estará entre nós, enquanto não tivermos a vacina. As famílias precisam se programar e temos que tomar as decisões difíceis. Nós escolhemos a vida”, disse.
Atila ponderou que os conselhos nacional e municipal de Educação também endossaram a suspensão das atividades presenciais. O chefe do Executivo citou que no Amazonas, um dos primeiros epicentros do surto do coronavírus no Brasil, em um mês de retorno às aulas, aproximadamente 8% dos profissionais pedagógicos contraíram a Covid-19, além de “um número incontável de alunos”.
Transporte
Outro tema da entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira foi o transporte público, visto que a Prefeitura de Mauá e a Suzantur, empresa responsável pelos itinerários municipais de ônibus, travaram uma queda de braço para o retorno de 100% da frota operacional às ruas. Em decisão do juiz Rodrigo Soares, da 5ª Vara Cível, a concessionária tem até a meia-noite, de sexta-feira para sábado (5) para repor os coletivos nas linhas previstos em contrato.
“No começo da pandemia, fui voto vencido (entre os prefeitos que compõem o Consórcio Intermunicipal Grande ABC) na redução das linhas de ônibus. A conta é simples: menos ônibus e horários, maior a lotação. Mas concordei, pois havia o fechamento do comércio, das atividades industriais e a quarentena. Mas agora, retornamos nossas atividades e notificamos a empresa para retomar 100% das linhas”, destacou Atila.
Após receber o ofício do Paço, a Suzantur recorreu na Justiça pela sua suspensão, alegando impacto financeiro. No entanto, o magistrado lembrou que as orientações mundiais no combate ao coronavírus recomendam o distanciamento entre pessoas em ambientes fechados e, com o retorno gradual das atividades econômicas, os coletivos receberiam mais usuários, o que pode aumentar o risco de transmissão da Covid-19.