
O Brasil se despede nesta quinta-feira (19/06), feriado de Corpus Christi, de um de seus maiores talentos da televisão. Francisco Cuoco, ator que marcou gerações com seus papéis de galã e protagonista, faleceu aos 91 anos. Cuoco estava internado há cerca de 20 dias no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, devido a complicações de saúde decorrentes da idade avançada e de uma infecção.
Nascido em São Paulo, filho de um imigrante italiano feirante e de uma dona de casa, Cuoco teve uma infância humilde e chegou a trabalhar com o pai na feira, enquanto sonhava em ser advogado. No entanto, sua paixão pela arte falou mais alto. Encantado pelo universo circense desde criança, optou por estudar na Escola de Arte Dramática de São Paulo, onde lapidou seu talento por quatro anos.
Sua trajetória profissional foi meteórica. Francisco Cuoco integrou companhias teatrais renomadas como o Teatro Brasileiro de Comédia e o Teatro dos Sete, destacando-se em peças como “O Beijo no Asfalto”, de Nelson Rodrigues. Em 1964, recebeu o prêmio de melhor ator coadjuvante pela APCA pela peça “Boeing-boeing”, um reconhecimento que o impulsionou para a televisão.
Foi na extinta TV Tupi, no programa “Grande Teatro Tupi”, que Cuoco deu seus primeiros passos na telinha, entre 1960 e 1964. Em seguida, migrou para a TV Globo, onde consolidou sua carreira e se tornou um dos rostos mais conhecidos do país. Ele estrelou dezenas de novelas de sucesso, interpretando personagens icônicos que entraram para a história da teledramaturgia brasileira.
Entre seus trabalhos mais memoráveis, destacam-se “Pecado Capital” (1975), onde viveu o inesquecível taxista Carlão, “O Astro”, “Selva de Pedra” (1972) – novela em que fez uma das duplas mais populares da TV com Regina Duarte, a “Namoradinha do Brasil” –, e “O Sétimo Sentido”. Ele também foi o primeiro Roque Santeiro na versão da novela censurada em 1975.
Na última década, Cuoco vinha realizando mais participações especiais em produções televisivas. Sua vida pessoal também foi pautada por relacionamentos duradouros e pela discrição. Foi casado com a atriz Carminha Brandão e, posteriormente, com Gina Rodrigues, mãe de seus três filhos: Tatiana, Rodrigo e Diogo.

Em 2020, durante o período da pandemia, Cuoco enfrentou um quadro de depressão, condição que o levou ao isolamento. Em entrevista ao programa “Conversa com Bial”, em 2021, o ator revelou que a ajuda dos filhos foi fundamental para sua recuperação. Apesar dos desafios da idade, ele expressou o desejo de retornar às telas, demonstrando o vigor e a paixão pela atuação que o acompanharam por toda a vida.
Francisco Cuoco deixa um legado imenso para a arte brasileira, sendo um exemplo de dedicação, talento e resiliência. Sua partida é lamentada por colegas de profissão, admiradores e pela legião de fãs que o acompanhou ao longo de décadas. O velório e o sepultamento ainda não tiveram os detalhes divulgados.