Igreja Católica decide manter suspensas atividades no ABCD por causa do coronavírus
Apesar da liberação de cultos e cerimônias religiosas, Diocese de Santo André emitiu nota em que esclarece sua decisão
Apesar da liberação de cultos e cerimônias religiosas, Diocese de Santo André emitiu nota em que esclarece sua decisão
Apesar de a Prefeitura de Santo André, por meio do Departamento de Controle Urbano, ter elaborado uma instrução normativa com protocolo de fiscalização para a realização de cultos e práticas religiosas, atentando às medidas de prevenção e enfrentamento do novo coronavírus, a Igreja católica manterá as atividades suspensas por conta da quarentena e emitiu uma nota oficial na noite dessa quarta-feira (13/05).
De acordo com a Prefeitura, a decisão foi construída com diálogo e após consulta realizada pelas igrejas, templos e instituições religiosas, de diversas denominações, e está alinhada com os decretos Estadual e Federal que consideram a atividade religiosa de qualquer natureza como um serviço essencial, em concordância com a decisão de outros municípios.
O documento da Prefeitura estabelece a obrigatoriedade do uso de máscara de proteção facial para todos os frequentadores durante todo o ato religioso, limitação de público a 30% da capacidade do total do local, distanciamento de 1,5 m de cada participante, entre outras ações.
Apesar disso, membros da igreja católica se reuniriam nesta quarta e decidiram manter as atividades suspensas.
Leia íntegra da Nota:
“Nos sete municípios do Grande ABC, que compreende o território da Diocese de Santo André, em um mês o número de casos de infectados pela Covid-19 cresceu, chegando a mais de três mil. O número de óbitos entre 13 de abril e 13 de maio saltou de 31 para 290 vítimas. A situação vem se agravando.
Os organismos da área da saúde e autoridades civis responsáveis (OMS, Consórcio Intermunicipal do Grande ABC), recomendam com insistência, com base na ciência e bom senso, o isolamento social, uso de máscaras e os cuidados com higiene. Ações necessárias para conter a pandemia.
Foram, no entanto, suspensas proibições das celebrações presenciais, sendo agora permitido celebrar nas igrejas com os fiéis, seguindo as normas prescritas. Muitos fiéis esperam a decisão da Diocese a respeito da retomada gradual das celebrações presenciais. Apesar do decreto do Sr. Governador do Estado de São Paulo, o qual prorrogou a quarentena até o dia 31 de maio próximo.
Queremos aqui esclarecer que, mesmo tendo outras denominações religiosas retomado seus cultos presenciais, nossa Igreja Diocesana de Santo André, em reunião dos padres coordenadores das dez Regiões Pastorais, sob minha presidência decidiu que:
- a) Vamos observar a quarentena até o dia prescrito, ou seja, 31 de maio. Permanece a situação como se encontra, segundo disposições de nosso decreto de 20/3/2020 (cf. Prot. 1342/35).
- b) Neste período até o final do mês serão examinadas e elaboradas normas intraeclesiais para organizar a retomada das celebrações, preparando o local das celebrações para isto.
O motivo que nos faz tomar esta medida de prudência e cautela é o compromisso da nossa Igreja Católica com a vida, a partir do Evangelho de Jesus Cristo que disse: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”(Jo 10,10), o que vai também expresso no lema da CF/2020: “Viu, teve compaixão e cuidou dele”(cf. Lc 10,33-34). A história da Igreja e sua Tradição dão testemunho de sua valorização da vida: “A glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a visão de Deus” (S. Hilário in Adv. Haer. III,19,3). Por isso optamos pelo cuidado com a vida, e assim, esperaremos mais um pouco, a fim de aplicarmos as normas que permitem celebrações presenciais, mesmo dentro de regras rígidas preestabelecidas.
Permaneçamos firmes na fé, constantes na esperança e perseverantes na caridade que é o vínculo da perfeição e pleno cumprimento da Lei de Cristo (cf. Rm 13,10). Elevemos a Deus nossas orações para que cesse esta pandemia que nos assola. Agradecemos os profissionais da saúde pelo empenho.
Nossa ação de graças a Deus e gratidão, por todos os ministros ordenados e agentes de pastorais, por todos os que em nome da Igreja exercem a caridade, assistindo os pobres em todas as comunidades eclesiais, diante da face do Senhor que julgará cada um segundo suas obras (cf. Ap 20,12).
Perseveremos com fé e coragem. Deus abençoe a todos”.
Santo André, 13 de maio de 2020.
Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo da Diocese de Santo André