Denúncia de corrupção derruba secretário de Obras de Rio Grande da Serra
ABCD Jornal publicou reportagem na qual empresário denunciou extorsão e depósitos de dinheiro na conta da empresa do secretário de Obras e da mulher do vereador Tico
ABCD Jornal publicou reportagem na qual empresário denunciou extorsão e depósitos de dinheiro na conta da empresa do secretário de Obras e da mulher do vereador Tico
Uma denúncia de corrupção envolvendo Kléber Avelino de Oliveira, secretário de Obras e Planejamento da prefeita de Rio Grande da Serra, Penha Fumagalli, acabou na sua demissão nesta quinta-feira (28/03). O fato ocorreu após publicação de reportagem do ABCD Jornal na qual o empresário Abias Rodrigues De Assis disse ter feito depósitos na conta da empresa do secretário e também na conta da esposa do vereador Marcos Costa, o Tico.
Abias afirmou que depositou R$ 4 mil na conta da empresa R. de Moraes Construtora, que seria de propriedade do secretário Kleber. “Para cassar o prefeito Claudinho da Geladeira, a prefeita Penha loteou todas as secretarias para alguns vereadores aliados dela. Cada vereador ficou com uma Pasta e o Marcos Tico ficou com a de Obras. Era ele quem mandava em tudo lá, dava todas as ordens”, denunciou o empresário.
Abias afirmou que o parlamentar exigia pagamentos na conta da mulher dele e foram feitos dois depósitos sendo um de R$ 10 mil e outro de R$ 5,8 mil. O empresário enviou cópias dos depósitos ao ABCD Jornal.
Além disso, teve de comprar pelo menos R$ 10 mil em materiais de construção para a reforma da casa do vereador. “Paguei os boletos. Me lembro de um de R$ 8 mil e outro de R$ 2 mil. Apresentei todos os documentos na delegacia onde fui convocado para depor nesta quinta-feira. Fiz a apresentação de provas muito robustas”, afirmou.
Ao ser indagado porque aceitou pagar propina ele disse que se arrependeu e que não quer mais isso porque não concorda. Ele afirmou que tem R$ 126 mil para receber da Prefeitura onde sua empresa executa obras. O atraso da nota é desde janeiro. Segundo ele, os agentes políticos usavam isso para extorqui-lo e pressioná-lo.
“Estou com a folha de pagamento dos funcionários atrasada. Eu fui obrigado a pagar para o secretário e o vereador que manda lá na Secretaria de Obras, mas agora tive coragem de denunciar. Já contratei até três seguranças para me acompanhar”, acusou.
Agressão
Abias Rodrigues de Assis, empresário em Rio Grande da Serra e fornecedor da Prefeitura, foi agredido fisicamente nesta quarta-feira (27/03) no caso colocou o vereador Marcos Costa, o Tico, sob suspeita. O episódio ocorreu na Rua Dom Pedro I, próximo ao estacionamento de caminhões, no centro da cidade. O agressor foi Marcelo Cawboy, segundo diz o Boletim de Ocorrência.
A agressão, conforme relata Abias, decorre de um embate sobre uma dívida vinculada à RK Pedra e Areia de Ribeirão Pires, apontando o dedo ao vereador Marcos Costa, o Tico, como o suposto instigador do ataque. De acordo com seu depoimento, ele esperava a liquidação de valores pendentes por parte da Prefeitura Municipal de Rio Grande da Serra, essenciais para a resolução da dívida, quando se viu convocado para a reunião que acabou na agressão.
O conflito financeiro entre Abias e o vereador intensificou-se depois de uma tentativa falha de conciliação acerca do valor devido. Nessa conjuntura, foi-lhe exposto um documento que exigia o pagamento de R$ 100.000,00, montante que supera a cifra inicial da dívida, registrada em R$ 47.000,00. Abias recusou a proposta elevada proposta durante o encontro, o que precipitou um episódio de violência física e subsequente ameaça.
As autoridades locais estão conduzindo uma investigação detalhada sobre o ocorrido, incluindo a necessidade de ouvir mais testemunhas e a suposta participação do secretário de Obras, Kleber, que também estava presente no local.
O que diz a prefeita Penha
A prefeita Penha Fumagalli enviou nota ao ABCD Jornal na qual diz que repudia a violência e informa sobre a demissão do secretário.
Leia a íntegra da nota:
“Por meio desta nota oficial, informamos sermos surpreendidos sobre os eventos recentemente trazidos à luz pública nesta quarta-feira, decorrentes das alegações apresentadas pelo empresário Abias Rodrigues de Assis, que envolvem diretamente a Secretaria de Obras e Planejamento.
Diante da gravidade das acusações, determinei que fosse prontamente iniciado um rigoroso processo de investigação. Como parte inicial do procedimento, após dialoga com o Secretário de Obras e planejamento, resolvemos em comum acordo pela sua exoneração, com o objetivo de assegurar uma fiscalização minuciosa e imparcial. Paralelamente, está em curso uma sindicância dedicada a apurar, e se necessário, aplicar as devidas responsabilizações aos implicados nos autos supostamente ilícitos reportados.
Quero também expressar total solidariedade ao Sr. Abias Rodrigues de Assis, repudiando veementemente qualquer forma de agressão sofrida por ele. Reitero que, sob nossa administração, o sistema de licitações foi amplamente aberto à participação de empresários locais, como a participação do próprio Sr. Abias, promovendo uma inclusão das empresas de Rio Grande da Serra.
Reafirmo nosso compromisso com os princípios da transparência e ética, pilares fundamentais de nossa administração. Acredito que condutas divergentes desses valores não têm espaço em um governo que se dedica ao progresso e ao bem-estar de Rio Grane da Serra e de sua população. A nossa gestão não compactua com nenhuma irregularidade e se coloca à disposição para colaborar com as investigações a respeito do ocorrido. Vamos atuar de maneira firme para que este episódio seja esclarecido com a máxima brevidade e rigor, assegurando a integridade e a confiabilidade da gestão pública em nossa cidade”.
Vereador Tico
O vereador Tico usou suas redes sociais para se defender da acusação. Veja nota publicada.
Denúncia
O vereador Akira do Povo (Podemos) já levou a denúncia ao Ministério Público e Polícia Civil e vai pedir o afastamento e a cassação do vereador Tico e da prefeita Penha. “Não podemos concordar com esse escândalo envolvendo grave denúncia de corrupção na Prefeitura e na Câmara”, afirmou.