Pessoas que disputaram pleito em 6 de outubro apontam supostas irregularidades desde a organização, até a apuração dos votos
Candidatos que disputaram a eleição do Conselho Tutelar em 6 outubro entraram com representação no MP (Ministério Público) e apontaram supostas irregularidades desde a organização do pleito até a apuração dos votos. A intenção é que haja a impugnação dessa eleição.
Um dos problemas apontados foi o excesso de filas porque a votação foi feita em apenas 5 escolas, apesar de eles terem alegado ao CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) que o número de postos era insuficiente. “Centenas de eleitores desistiram de votar por causa das enormes filas formadas pela demora de mais de duas horas em determinadas escolas”, disse a candidata Simone Aparecida Pereira, que obteve 310 votos, 40 a menos do conselheiro eleito em sua região.
Outro problema apontado é que em algumas escolas as eleições tiveram início somente às 11h55, sendo que o horário de abertura da votação foi às 8h, conforme estabelecia o edital.
A falta de segurança também foi apontada e os candidatos reclamaram que não houve policiais e guardas municipais . “Muitas discussões acaloradas e bate boca aconteceram, por sorte não culminaram em agressões ou vias de fato”, disseram os candidatos na representação entregue na Promotoria.
Uma das candidatas que tinha questionamento na Justiça também não teve sua foto (com o número) colocada nas escolas como havia dos demais pleiteantes. “Eu tive 181 votos, mesmo sem minha foto estar lá nas escolas com meu número. As pessoas achavam que eu estava impugnada. Essa eleição foi uma palhaçada generalizada e eu fui muito prejudicada”, disse Tatiane Gonçalves dos Santos.
Denúncia de uso da máquina
Apesar de a legislação proibir aos candidatos ou órgãos partidários o fornecimento de transporte ou refeições aos eleitores, a denúncia é de que um servidor público foi flagrado transportando eleitores com um veículo oficial do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André). Há também denúncias de vans transportando eleitores. As fotos e os vídeos foram entregues no Ministério Público.
De acordo com alguns candidatos que não quiseram se identificar, esse problema foi constatado na Emeief Januz Korzack, que fica na rua Santo Anastácio, 222, Valparaíso. No vídeo, citam o número de duas pessoas que foram eleitas.
Veja vídeo
Desorganização
A candidata Valquíria Maistro obteve 299 e aponta desorganização na eleição. “Já fui conselheira na cidade e nunca vi tanta desorganização. Houve falta de divulgação e anulação suspeitas de votos. Além disso, faltando dois dias para a eleição informaram que não seria mais voto eletrônico e sim por cédula. Só que já havíamos explicado aos eleitores como seria. Isso causou confusão. Para se ter uma ideia, houve 53% de votos brancos. Isso é muita coisa e sinaliza que houve problemas”, afirmou.
A candidata afirmou que “infelizmente” igrejas e políticos também se envolveram nesta eleição. “Tem esposas de vereadores que se elegeram”, disse Valquíria.
Os candidatos afirmam que os problemas levados ao MP também foram questionados junto ao CMDCA, mas alegam que ainda não obtiveram retorno.
A Prefeitura foi procurada desde sábado (20/10), mas até o fechamento da reportagem não havia dado retorno para se posicionar sobre o assunto.
Conselheiros Tutelares eleitos
Para o Conselho Tutelar I, correspondente às Zonas Eleitorais 156, 306, 307 e 383, foram eleitos Miriam de Paula (1.259 votos), Aline Prado (627), Débora Prado (590), Ingrid Limeira (401)e Lilian Carla (377).
Já para o Conselho Tutelar II, correspondente às Zonas Eleitorais 307 e 383, foram escolhidos Andréia Fernandez (821), Stefano Souza (364), Cuca -Maria do Socorro – (291), Ronildo Soares (274) e Ângela Maria Alves (243).
Para o Conselho Tutelar III, das Zonas Eleitorais 263 e 264, foram eleitos Isabella Rossetto (728), Eliane Matias Lima (708), Alexandre Florencio (517), Tânia Cristina Brito Rossi (509) e Mércia Scarpino (507).
Conselho
CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) informa que na última sexta-feira (18) a comissão eleitoral, formada por membros do CMDCA, se reuniu para analisar os recursos relacionados ao processo de eleição dos conselheiros tutelares realizado no dia 6 de outubro.
Nesta reunião ficou estabelecido que todos os envolvidos nos apontamentos de supostas irregularidades deverão apresentar seus esclarecimentos até o dia 25 de outubro. Passado este prazo, o CMDCA vai promover uma nova reunião para análise das defesas e dos recursos.
