
O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) foi um dos alvos da operação nesta quarta-feira (23/04) da Polícia Federal contra fraudes no INSS. A entidade tem José Ferreira da Silva, o Frei Chico, um dos irmãos do presidente Lula (PT), como diretor vice-presidente. Essa investigação da PF apura um esquema nacional de descontos associativos aplicados sem autorização em aposentadorias e pensões. Segundo os órgãos responsáveis, o prejuízo estimado aos beneficiários chega a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
Sindnapi é investigado neste caso. O presidente do sindicato, Milton Baptista de Souza Filho, é citado nas investigações. O irmão de Lula é diretor vice-presidente do Sindnapi. Ele foi o responsável pela entrada de Lula no meio sindical, que futuramente abriria as portas para as disputas eleitorais.
Após a operação, o sindicato foi descredenciado, pois pela apuração da Polícia, a arrecadação do Sindnapi aumentou 78% entre 2020 e 2021, depois de uma forte queda nas contribuições durante a pandemia da Covid.
Frei Chico disse à imprensa que está tranquilo. Ele saiu em desasa do sindicato. A entidade fez a divulgação de uma nota oficial. “Eu espero que a Polícia Federal investigue de fato toda a sacanagem que tem. Agora, o nosso sindicato, eu tenho que certeza que nós não temos nada, não devemos m* nenhuma. Eu espero que ela investigue de fato porque tem muitas entidades por aí picaretas. Nosso sindicato já foi investigado, já foi feita auditoria e essas coisas. Estamos tranquilos”, afirmou o dirigente.
O Sindnapi comunicou apoiar a investigação, porém optou por não fazer comentários sobre acusações. “Investir em uma investigação detalhada também serve para fortalecer a credibilidade das instituições que, como o Sindnapi, buscam dar apoio e garantir os direitos dos aposentados, pensionistas e idosos”, diz a nota oficial da entidade.
Apreensões
A PF cumpriu seis mandados de prisão temporária, além de 211 mandados judiciais de busca e apreensão e ordens de sequestro de bens que totalizam mais de R$ 1 bilhão. O grupo é suspeito de praticar irregularidades relacionadas aos descontos de mensalidades associativas aplicados sobre os benefícios previdenciários concedidos pelo INSS.
Demissão
Após a denúncia, o presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, foi demitido. Ele é um dos investigados da Operação Sem Desconto, que a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram nesta semana. A exoneração foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.
Nesta quarta-feira (23), a Justiça Federal já havia determinado o afastamento cautelar de Stefanutto e de outros cinco servidores públicos. Após a deflagração da operação, o governo federal anunciou a suspensão de todos os acordos de cooperação técnica que permitem que organizações da sociedade civil cobrem de aposentados e pensionistas mensalidades associativas descontadas diretamente dos benefícios pagos pelo INSS.