Fim de semana de caos com crianças na espera por mais de 7 horas e busca por socorro em São Bernardo; Prefeitura diz que contratará mais profissionais
Com o crescimento de mais de 80% mensais na demanda por atendimentos, a Saúde de Diadema entrou em colapso neste sábado (27/04). Pais e crianças voltaram a esperar cerca de 7 horas na emergência e muitos nem foram atendidos. Com poucos funcionários e médicos em toda a rede pública municipal, o trabalho ficou prejudicado pelo esgotamento físico e mental dos que precisam lidar com a falta de condições e o descontentamento da população na espera.
Exaustos, insatisfeitos e temerosos com relação ao clima de animosidade diante da população, os trabalhadores reclamam: “Não somos máquinas”, enquanto a população, do outro lado, critica: “Nos postos também não tem médico. Está o caos. Diadema está abandonada”.
A crítica é da cuidadora de crianças autistas, Aline Barbosa de Souza Conceição, 30 anos. Ela é mãe da Manuela, que aos 9 anos precisou de atendimento no Quarteirão da Saúde no sábado por apresentar sintomas de uma alergia de pele que evoluiu para um problema na garganta.
Quando a família chegou ao atendimento, às 18h30, não tinha quase ninguém na espera e acreditaram que a menina seria socorrida rapidamente. Às 18h20, porém, foram informados que devido a troca de plantão, o atendimento estava mais demorado que o normal.
“Então foi ficando lotado e os pais, nervosos com a falta de atendimento. Só tinha um médico que não atenderia ninguém até que o outro médico chegasse. Então começaram a falar que chamariam a polícia por negligência. Ficamos até as 21h quando resolvemos procurar atendimento em outra cidade, São Bernardo”, disse Aline.
Na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Alves Dias, na cidade vizinha, a menina foi atendida e medicada em menos de uma hora. “Lá me recomendaram a procurar um posto de saúde da minha cidade para continuar o tratamento, mas também não tem médico. Diadema está abandonada”, criticou a mãe, que afirmou sempre procurar por atendimento médico em São Bernardo.
A auxiliar de limpeza Valkiria da Penha Crisostomo, 37 anos, também passou por problemas no atendimento da filha Larah, um bebê de 7 meses. “Estava um caos, cheio de crianças com sintomas gripais, febre de 40 graus e ficou muito difícil o atendimento. As pessoas tiveram de fazer um pequeno escândalo e brigar com o médico porque ele disse que não iria atender enquanto outro médico não chegasse. A saúde está muito difícil”, disse.
Na noite deste domingo (28/04), a bebê já estava melhor, porém o estado febril ainda continuava. “O atendimento é péssimo porque os médicos nem examinam direito as crianças. Se são sintomas de febre e coriza, dizem que é uma virose e não é. Algumas crianças com dengue confirmada estavam sendo medicadas com antibióticos.”
O vereador Eduardo Minas disse que vai levar o caso aos conselhos de classe dos profissionais da saúde. “A população, os pacientes, funcionários e prestadores de serviço sofrem diante da ausência de sensibilidade daquele que deveria cuidar e zelar pelas pessoas. Quem deveria socorrer pede socorro. Oficiamos o MP e vamos levar também para os conselhos de classe das entidades representativas dos profissionais. A situação é grave e nos traz consternação. Enquanto isso, vidas seguem se perdendo.”
Falta de testes e respostas
Os pais acusam o Quarteirão de não realizarem testes de Covid e dengue. A Prefeitura informou, por meio de nota, que quanto à dengue, “vale ressaltar que foi decretado estado de emergência em saúde pública no município de Diadema em razão de epidemia de Dengue (Decreto nº 8.379 de 22 de março de 2024), que a partir de 300 casos suspeitos/100 mil habitantes, o diagnóstico passa a ser por critério clínico e epidemiológico. Com relação à Covid, salientamos que os testes de Covid estão sendo realizados para gestantes e pacientes graves no atendimento de Urgência e Emergência”.
Sobre os atendimentos, a Prefeitura informou em virtude de a demanda ter aumentado em mais de 80% (números por mês), “já solicitamos a contratação de mais médicos para todo serviço de urgência, a empresa PJ está buscando a contratação de mais profissionais. Por conta disso, também ampliamos o número de médicos nas UBSs”, também diz a nota.
“Aproveitamos para destacar que neste final de tarde de domingo, a situação no PS Central está normalizada e os pacientes estão sendo atendidos em cerca de 40 minutos (Clínico Geral e Pediatria)”, informa a nota.
Ao ABCD Jornal, na noite deste domingo (28/04), foram relatadas novamente a falta de médicos e mais casos de atendimentos demorados. No final da noite, inclusive, quando os pais foram comunicados de que não havia médicos pediatras para o atendimento das crianças, uma van foi disponibilizada para levar um grupo de pacientes para a Unidade de Saúde do Eldorado. Mais de 30 crianças aguardavam atendimento.
Uma mãe de paciente enviou vídeo ao vereador Eduardo Minas relatando a falta de médicos e a transferência do Quarteirão da Saúde para a UBS Eldorado.
Veja relato:
