
Um clima de protesto tomou conta da frente do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) na manhã desta quarta-feira (19). Alunos e professores da instituição realizaram uma manifestação com faixas, cartazes e muito barulho, pedindo mudanças urgentes na gestão da FUABC (Fundação do ABC), mantenedora da faculdade e responsável pela administração de diversos equipamentos de saúde no Grande ABC.
O principal foco da manifestação foi a permanência e a possível recondução de Luiz Mário Pereira de Souza Gomes à presidência da Fundação, cargo que ocupa há vários mandatos. Os integrantes do ato acusam a atual gestão de não repassar cerca de R$ 40 milhões à instituição de ensino, uma dívida que, segundo eles, compromete as atividades e o futuro da FMABC. A Fundação nega.
Questionamentos sobre Estatuto e Rodízio
O grupo, que paralisou as aulas para realizar o ato, expressou forte preocupação com a escolha do próximo presidente da FUABC, prevista para ocorrer até a próxima semana.
A mobilização ocorre na mesma semana crucial em que os prefeitos de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul devem se reunir para definir o nome que presidirá a Fundação do ABC (FUABC) no biênio 2026-2027.
Os manifestantes alegam que uma nova recondução de Luiz Mário feriria o artigo 12 do estatuto da entidade, que, segundo a interpretação dos manifestantes, limita o mandato a dois anos, com direito a uma única reeleição, além de exigir um sistema de rodízio entre as três prefeituras mantenedoras: Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul.
O Outro Lado: FUABC Nega Dívida e Reafirma Legalidade
Em resposta ao protesto e às acusações, a Fundação do ABC emitiu uma Nota de Esclarecimento negando veementemente qualquer irregularidade e refutando as alegações dos manifestantes.
A Fundação esclareceu, em nota, que:
- Escolha Presidencial: A definição do presidente da FUABC é atribuição exclusiva dos prefeitos dos municípios instituidores (Santo André, São Bernardo e São Caetano), e não da FMABC. A decisão será tomada pelos municípios “no momento oportuno” e encaminhada ao Conselho de Curadores.
- Relação Financeira: A FUABC negou ter qualquer tipo de dívida com o Centro Universitário FMABC. A entidade afirma que as argumentações da faculdade partem de um “equívoco de interpretação acerca de aspectos administrativos e financeiros” e que suas ações são pautadas por legalidade e transparência.
- Transparência e Compliance: A Fundação destacou que, em 2019, buscou o Ministério Público para firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) procedimental. A FUABC diz que mantém rigorosos programas de compliance, auditorias, e canais de denúncia, atuando em estrita conformidade com a legislação e as exigências do TAC.
O impasse coloca em lados opostos a comunidade acadêmica, que se diz preocupada com a saúde financeira da faculdade, e a direção da Fundação, que se defende apontando a legalidade de sua gestão e os instrumentos de compliance adotados. A definição do novo comando da FUABC promete ser um ponto central de debate político e administrativo no Grande ABC.
