
A população do ABC Paulista fez suas demandas aos parlamentares da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo durante a 26ª audiência pública do Orçamento de 2026. Promovida pela Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento (CFOP), a reunião recebeu pedidos de investimentos em regularização fundiária, saúde e transporte público sobre trilhos.
Moradores e parlamentares das cidades de Mauá, Santo André e Rio Grande da Serra fizeram apelos por investimentos em regularização. “O ideal é a construção de unidades habitacionais, mas nem todos os municípios têm recursos para isso e nem todas as famílias querem sair de onde estão, têm seus laços, criaram seus filhos, construíram suas casas. Onde não há risco, o mais coerente é fazer a regularização fundiária”, defendeu a munícipe de Mauá, Eliana Caldeira.
Já o morador de Santo André, Luciano Aparecido Pereira, pediu recursos do Programa Cidade Legal, do Governo estadual, para a regularização das comunidades Ipiranga I e Ipiranga II, no bairro Parque João Ramalho. “Desde a década de 1970, a minha família mora ali e muitos já se foram e não conseguiram ver a tal regularização fundiária. É a construção de um sonho coletivo. É o direito à terra, moradia digna e cidadania plena. A regularização vai representar décadas de luta, espera e resistência dos moradores dessas comunidades”, disse ele.
O vereador andreense Tiago Nogueira fez a solicitação para a entrega de escrituras para moradores de unidades da própria CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). Segundo o parlamentar, mais de 300 casas térreas da cidade não possuem escritura. “É um investimento baixo para o Governo do estado que daria dignidade e segurança jurídica a essas famílias.”
Saúde
Na área da Saúde, foram feitos diversos pedidos de investimentos na região, que abriga sete municípios, faz parte da Região Metropolitana da Capital, mas, sozinha, abriga quase 3 milhões de habitantes. O vereador de Rio Grande da Serra, Adeilson do Carmo Mendes, solicitou o aumento de repasses para a cidade.
“Só temos uma UPA na cidade, dependemos dos hospitais de Ribeirão Pires, Mauá e Santo André. Nós não temos Samu na cidade. Se alguém sofre um acidente, o atendimento vai demorar de 20 a 25 minutos, porque a ambulância vem de Mauá. Em muitos casos, a pessoa acaba morrendo porque não tem socorro”, afirmou.
José Sérgio Furlan, munícipe de Santo André, demandou recursos para o Hospital Estadual Mário Covas, referência na região em alta complexidade e em áreas como oncologia e transplantes, e que atende vários municípios do ABC. “Investir nesse hospital é garantir que mais pessoas tenham acesso aos cuidados de ponta com a estrutura adequada e profissionais preparados para lidar com casos graves e complexos”, defendeu ele.
O deputado Rômulo Fernandes (PT), que tem base eleitoral na região, fez um apelo ao Executivo para a cidade de Mauá. “Muito se fala em estadualizar o Hospital Nardini. Não é isso que queremos. Queremos um hospital estadual de referência em Mauá, uma cidade de quase 400 mil habitantes que merece. Já passou da hora”, argumentou o parlamentar.
A ex-deputada e vereadora de São Bernardo do Campo, Ana do Carmo, também pediu investimentos no Hospital Estadual Mário Covas e no Hospital de Clínicas de São Bernardo. Além de Rômulo Fernandes, os deputados Gilmaci Santos (Republicanos), presidente da CFOP, Luiz Claudio Marcolino (PT), vice-presidente da Comissão, e Enio Tatto (PT) também compareceram à audiência.
Transporte público
Outra demanda antiga da região, a chegada do metrô ao ABC também foi tema abordado durante a reunião. Mais especificamente, dois moradores da cidade de Diadema pediram a inclusão da cidade nos estudos para a implementação de transporte sobre trilhos.
“Todos os projetos de metrô no ABC esquecem de Diadema. Seria importante que os deputados ajudassem a contemplar a cidade, porque precisamos de transporte de massa”, disse o presidente da Associação Cultural Imigrantes, Antônio Rodrigues.
O estudante de políticas públicas da UFABC, Henrique Araújo, também lamentou a lentidão para a construção do meio de transporte. “Entra ano, sai ano, e continua o sonho do metrô chegar a região do ABC. Não vemos um plano de mobilidade que atenda, principalmente, a cidade de Diadema. Um município que tem quase 400 mil habitantes, que fica próxima à região sul de São Paulo, muito populosa, e hoje a gente não tem uma proposta de estudo”, afirmou o estudante.
“Eu não estou nem pedindo que comecem as obras do metrô, mas que se estude. Quando falamos de metrô, estamos falando de diminuir o tempo que as pessoas passam no transporte público, para que elas possam viver mais e ter mais qualidade de vida”, completou Araújo.
O Orçamento
Entre os meses de agosto, setembro e outubro, os deputados integrantes da Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento da Alesp viajam por 30 cidades de diferentes regiões do Estado para consultar, diretamente com os cidadãos, quais são as principais demandas dos municípios paulistas.
Todo o trabalho produzido durante esses encontros será incorporado à Lei Orçamentária Anual (LOA). Esse documento prevê a arrecadação estadual e fixa as despesas do ano seguinte. Dessa forma, é o instrumento pelo qual são previstos e planejados os investimentos em diversas áreas, como Saúde, Educação, Segurança Pública, entre outras.
