
A UFABC (Universidade Federal do ABC) está interessada no prédio de 25 mil metros quadrados (cerca de 90 mil metros de área construída) do histórico Moinho São Jorge, em Santo André. Localizado na avenida dos Estados, bem próximo ao campus principal da universidade, que fica do outro lado da avenida, o prédio atenderia ao plano de expansão da UFABC.
De acordo com o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da entidade, Daniel Pansarelli, o local cairia como uma luva para o que a universidade planeja realizar em um futuro próximo. “Temos um plano de crescimento institucional, mas a nossa estrutura não comporta mais. Precisamos expandir além do campus e do complexo Tamaduatehy para abrigar as novas áreas de saúde, artes e tecnologia”, afirma.
A escolha destas áreas atende, ainda segundo Pansarelli, a uma demanda do próprio governo federal. “O Ministério da Saúde tem demandado essa necessidade da formação de profissionais da área. Além disso, as artes e tecnologia dialogam o Grande ABC desde o estúdio Vera Cruz e demais manifestações culturais até a vocação tecnológica da universidade.”
Pansarelli acrescenta que o prédio do Moinho, no mesmo quarteirão do complexo, constituiria uma pequena cidade universitária em Santo André.
O pró-reitor também salientou o processo de tombamento das áreas do Palácio de Mármore e da capela e disse que a universidade tem todo interesse de manter os espaços para que a história não se perca. O salão, que foi fechado inicialmente em 1978, era utilizado para atividades sociais e políticas. Com capacidade para 1,2 mil pessoas, foi reaberto especialmente em 1999 e 2015 e alugado para eventos de concursos, bailes e festas de formatura. A capela, dedicada a São Jorge, foi inaugurada em 1959 e abrigou muitas atividades religiosas.
O vereador Ricardo Alvarez (PSOL) acredita que o Moinho São Jorge sob o domínio da universidade federal do ABC só tem qualidades. “Primeiro, do ponto de vista patrimonial, arquitetônico e da preservação. É um prédio que representa uma fase de ouro de Santo André, um momento de expansão muito grande em virtude do desenvolvimento industrial e, portanto, tem um sentido histórico. Em segundo lugar, pela expansão urbana. Ali é um prédio abandonado há décadas cuja perspectiva de uso do setor imobiliário privado é muito pequena porque o custo da demolição é muito grande. E em terceiro, do ponto de vista educacional porque a UFABC quer expandir e não tem como.”
Alvarez também afirma que seria uma ação urbana envolvendo Prefeitura, o governo federal, a universidade, o uso educacional e a defesa do patrimônio histórico em uma síntese extremamente importante que depende de vontade política. “Nosso mandato está totalmente vinculado a essa luta e queremos que a federal do ABC assuma aquele prédio, o que significaria um grande ganho para Santo André, estado de São Paulo, para o Brasil e a educação brasileira”, conclui o parlamentar.
Neste mês, de acordo com Pansarelli, o reitor tem uma reunião agendada com a Prefeitura da cidade e, embora o tema do Moinho e a expansão da UFABC não estejam previstos, existe uma possibilidade de o assunto ser discutido.
A Prefeitura informou ao ABCD JORNAL, por meio de nota, que o assunto citado é de trato exclusivo com a propriedade privada. “De sua parte, a Prefeitura apenas executa a cobrança dos impostos comuns designados ao serviço da empresa.”
Dívida
A Justiça de Santo André determinou o leilão de execução fiscal da Indústrias Reunidas São Jorge, proprietária do Moinho São Jorge, para a quitação de dívidas de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). O pregão online será aberto em 20 de outubro.
Os proprietários não foram localizados pela reportagem para comentar o assunto.
