Polícia indicia e pede prisão preventiva de Saul Klein por crimes sexuais
Empresário foi candidato a vice-prefeito em São Caetano em 2020; na época já tinha apresentado à Justiça Eleitoral certidão na qual era investigado por suposto estupro de vulnerável
Empresário foi candidato a vice-prefeito em São Caetano em 2020; na época já tinha apresentado à Justiça Eleitoral certidão na qual era investigado por suposto estupro de vulnerável
O empresário Saul Klein, de 68 anos, filho do fundador das Casas Bahia, Samuel Klein e ex-candidato a vice-prefeito em São Caetano em chapa encabeçada por Fábio Palacio, foi indiciado, nesta quinta-feira (27/04), pela Policia Civil de São Paulo, por oito crimes sexuais.
A prisão preventiva de Klein também foi solicitada por conta de crimes sexuais contra 14 mulheres. Outras nove pessoas suspeitas de envolvimento nos crimes também foram indiciadas.
Entre os crimes citados pela Polícia Civil estão participação em organização criminosa, redução à condição análoga à escravidão, tráfico de pessoas, estupro, estupro de vulnerável, favorecimento à prostituição ou qualquer tipo de exploração sexual de criança, ou de adolescente, ou de vulnerável.
Saul Klein é filho de Samuel Klein, fundador das Casas Bahia, que morreu em 2014 e que também teria tido esse mesmo tipo de prática de exploração de jovens.
A delegada Priscila Camargo, titular da Delegacia de Defesa da Mulher de Barueri, informou que o inquérito contra Saul Klein tramita há mais de 15 meses e ainda há outras pessoas a serem indiciadas.
As investigações começaram em 2020, ano em que Klein disputou as eleições em São Caetano. Na época houve denúncias ao Ministério Público sobre suposto estupro de vulnerável, tráfico de pessoas e favorecimento à prostituição.
Na época da eleição, o ABCD Jornal foi o primeiro veículo de comunicação a divulgar o fato, em novembro, devido a uma certidão que o próprio Klein protocolou junto à Justiça Eleitoral.
O advogado de defesa de Klein, André Boiani e Azevedo, divulgou à imprensa que o “indiciamento é um ato discricionário da autoridade policial que não vincula os demais atores processuais”. “Saul e sua defesa técnica respeitam o posicionamento da Polícia Civil, mas entendem que a análise atenta e isenta dos elementos do inquérito levará o Ministério Público e o Judiciário a concluírem por sua inocência”.
Entenda o caso
Saul fazia muitas festas regadas a bebidas. Jovens eram convidadas para participar de eventos, sendo atraídas por um ótimo cachê. Porém, as meninas só descobriam a real intenção do convite depois que estavam nas festas. Aquelas que se recusavam a ter relações sexuais com Saul eram convencidas por aliados de Saul a consumar o ato e a consolação era o aumento no valor do pagamento que subia rapidamente de “R$ 1 mil para R$ 3 mil”.
Parte das jovens optou por denunciar Saul Klein depois que uma das aliciadas cometeu o suicídio em setembro de 2000. A vítima acreditava que tinha sofrido um aborto. Diante desse fato, 14 mulheres se uniram para denunciar Saul Klein ao grupo Justiceiras, que apoia vítimas de violência. Quando o escândalo veio à tona outras 18 mulheres se uniram à causa.
Veja os crimes que Saul Klein responde:
- Organização criminosa: por integrar e financiar a organização criminosa na posição de comando – Klein e outras 12 pessoas investigadas;
- Redução análoga à escravidão: submeter pessoa à jornada exaustiva de trabalho – Klein e outras 4 pessoas investigadas;
- Tráfico de pessoas: aliciar e transportar mulheres para fins de exploração sexual e/ou redução à condição análoga de escravo – Klein e outras 9 pessoas investigadas;
- Estupro: praticar com violência física ou sexual atos de conjução carnal ou libidinoso diversos – Klein e outras quatro pessoas investigadas;
- Estupro de vulnerável: praticar atos de conjunção carnal ou libidinosos diversos com vítimas impossibilitadas de oferecer residência – Klein e outras 2 pessoas investigadas;
- Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável: dificultar ou impedir a prostituição de adolescente – Klein e mais 2 pessoas investigadas;
- Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual: dificultar ou impedir a prostituição – Klein e outras 3 pessoas investigadas;
- Casa de prostituição: manter estabelecimento próprio em que ocorria exploração sexual – Klein e mais 1 pessoa investigada;
- Falsificação de documento público: falsificar em parte documento público – 2 pessoas investigadas;
Foram ouvidas 20 vítimas. Uma delas foi apontada diversas vezes como integrante da organização por várias mulheres e teve sua prisão requerida.