
A Polícia Civil investiga o óbito de Ingrid Damiana da Silva, de 30 anos, moradora de Rio Grande da Serra, ocorrido na manhã desta segunda-feira (24/02), no Hospital Radamés Nardini, que fica no bairro Vila Bocaina, em Mauá. A família acredita em suposto erro médico conforme consta de depoimento de uma familiar no 1º DP (Distrito Policial) de Mauá.
Segundo o boletim de ocorrência, a vítima teve complicações no parto, ocasionando em uma infecção que persistiu.
Ainda de acordo com o BO, a irmã da gestante informou que em 11 de fevereiro Ingrid foi internada no Nardini com 39 semanas de gestação, para realizar o procedimento de cesariana com a laqueadura.
A irmã da vítima disse na delegacia que a cirurgia transcorreu sem maiores intercorrências e a criança nasceu saudável. No entanto, após 10 horas da cirurgia, Ingrid passou a sentir dores na lateral esquerda do abdômen, apresentando inchaço e vermelhidão, tomando logo toda a região da barriga.
Foram realizados exames, tais como coleta de sangue e ultrassonografia, sendo constatada infecção de urina e vazamento desconhecido na cavidade abdominal.
Por conta das complicações, novo procedimento cirúrgico foi realizado em 15 de fevereiro, momento que foi descoberto um sangrament0.
A irmã informou na delegacia que no decorrer dos dias sua condição médica foi se agravando e, em 18 de fevereiro, Ingrid passou por nova intervenção cirúrgica para drenagem abdominal.
A mulher permaneceu internada no hospital e, apesar dos procedimentos realizados e os antibióticos ministrados a infecção persistiu, evoluindo para um quadro de falência renal. Antes que fosse feita transfusão de sangue prescrita pelo corpo médico, a vítima evoluiu a óbito nesta segunda-feira.
A irmã de Ingrid ainda relatou à Polícia que mãe e bebê estavam bem e, embora no mencionado hospital, a gestante tenha recebido o diagnóstico de pré-diabetes, isso não tinha sido constatado durante os exame e consultas de Pré-Natal.
A depoente ainda afirmou às autoridades policiais acreditar que sua irmã tenha sido “vítima de erro médico” e que as providências tomadas pela equipe médica teriam sido tardias, “agravando ainda mais o estado de saúde, culminando com seu falecimento”.
Foram requisitados exames ao IML (Instituto Médico Legal) e o caso foi registrado como óbito suspeito no 1º DP de Mauá.
A prefeitura de Mauá foi procurada para comentar o fato de a Polícia estar investigando o caso ocorrido no Hospital Nadini. A administração informou que uma sindicância foi aberta para apurar o falecimento. “A Secretaria de Saúde solicitou aos gestores do Hospital Nardini, pelo contrato com a FUABC, que fosse formalizado o processo de sindicância (em andamento). E, após a apuração dos fatos, tomar as providências que forem cabíveis. A causa morte consta da declaração de óbito emitida pelos profissionais que assistiram a paciente”, afirmou.
O ABCD Jornal também procurou a Prefeitura de Rio Grande da Serra para comentar o ocorrido já que a vítima é moradora da cidade. Leia a íntegra:
“A Prefeitura de Rio Grande da Serra lamenta profundamente o falecimento da munícipe Ingrid Altermann Gueixa e se solidariza com seus familiares e amigos neste momento de dor.
A paciente recebeu acompanhamento adequado durante o pré-natal no município, tendo realizado 18 consultas, um número superior ao recomendado pelo Ministério da Saúde, que preconiza no mínimo seis consultas para um acompanhamento adequado da gestação. Além disso, todos os exames necessários foram solicitados e realizados conforme as diretrizes médicas.
No dia do parto, a paciente foi encaminhada ao Hospital de Clínicas Dr. Radamès Nardini, que é a referência obstétrica para o município, em uma ambulância da cidade, acompanhada por uma técnica de enfermagem, apresentando condições clínicas estáveis no momento do transporte.
Ressaltamos que, embora o município tenha enfrentado um período sem médico ginecologista, os atendimentos não foram prejudicados, pois as consultas foram asseguradas dentro de uma janela de dez dias pelos médicos da Estratégia Saúde da Família. Portanto, a assistência à paciente não foi comprometida.
Quando exames específicos não são realizados no município, nossa referência continua sendo o Hospital Nardini, onde há disponibilidade de serviços como ultrassonografia. Todas as vezes que Ingrid foi encaminhada para essa unidade, os exames necessários foram solicitados. No entanto, temos enfrentado dificuldades recorrentes na realização desses procedimentos no hospital, o que impacta diretamente a assistência às nossas gestantes.
Diante das circunstâncias do falecimento e das informações sobre o atendimento prestado na unidade hospitalar, a Prefeitura de Rio Grande da Serra solicitou a abertura de uma sindicância para apuração dos fatos. Precisamos entender o que está acontecendo para garantir que nossas gestantes não fiquem receosas quanto à assistência obstétrica oferecida na nossa referência. Seguimos acompanhando as investigações com atenção e cobrando esclarecimentos sobre o ocorrido.
A saúde e o bem-estar da população são prioridades para o município, e reafirmamos nosso compromisso em garantir um atendimento digno e de qualidade a todos”.