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Pacientes vivem pesadelo e caos no atendimento no Hospital Municipal de Diadema

Sem elevadores para transportar doentes, médicos demoram para realizar exames e agravam fila de espera para transferências

Daniel Lopes de Oliveira foi transferido para o Hospital Serraria após viver momentos de terror ao lado de pacientes psiquiátricos no corredor do HM. Foto: Arquivo pessoal

Em uma fração de segundos, os planos para o Natal do casal Daniel e Deyse viraram um verdadeiro pesadelo que se passou em horas na espera por um atendimento no Hospital Municipal de Diadema.

Ele é o autônomo Daniel Lopes de Oliveira, que se preparava para viajar com a esposa para visitar a família no Ceará. Um acidente de moto em que o veículo envolvido fugiu sem prestar socorro deu início à saga (que ainda não terminou) da espera pelo atendimento médico.

“Ele deu entrada na sexta-feira, mas não conseguia respostas nem atualização dos médicos na fila Cross e assim foi uma luta que achei que não fosse acabar. Eles não queriam nem fornecer o prontuário do meu esposo e só ontem que fizeram alguns exames para que ele pudesse ser transferido”, disse a esposa Deyse Alves de Oliveira.

No acidente de trânsito, Daniel fraturou a tíbia, um osso da perna, e precisa de uma cirurgia que não pode ser realizada no HM. O Cross a que Deyse se refere é a Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde do SUS (Sistema Único de Saúde) e se trata de um sistema informatizado que avalia solicitações de vagas em hospitais e unidades de saúde. É esse serviço que encaminha os pacientes para as instituições de saúde mais adequadas, de acordo com a complexidade do caso, a gravidade, a proximidade do paciente e a disponibilidade de leitos.

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Por volta das 15h da segunda-feira (23/12) saiu a vaga para que o autônomo fosse transferido para o Hospital Serraria, onde aguarda pela cirurgia. “Achei que não fosse conseguir e ainda tem muito paciente lá sem esperança nenhuma. Devido ao elevador ter quebrado, as pessoas estavam em um outro andar e não conseguiam descer. No sábado, teve paciente que ficou sem se alimentar porque não tinha comida.”

Em situação fragilizada e com um familiar precisando de atendimento, Deyse relata o desespero de presenciar os pacientes sem atendimento e o caos no hospital. “Ficar do lado da ala psiquiátrica, com pessoas em surto do nosso lado, que amarravam e se soltavam, foi um filme de terror que vivemos. Estava morrendo de medo de uma agressão ali.”

O filho de Raquel, Vinicius Luiz Sebastião, de 17 anos, também fraturou a perna em outro acidente de moto e foi levado para o HM pelo Samu. “Colocaram lá uns pinos na perna fraturada e ele ficou aguardando pela cirurgia. O problema é que essa espera acabou provocando uma embolia pulmonar e ele não pode ser transferido para hospital nenhum. Ele deveria ter sido transferido para o Serraria antes, mas até ele melhorar do pulmão, terá de ficar lá”.

A mãe relata que o atendimento do moço na ortopedia foi rápido, porém, como ele precisa de uma cirurgia que coloque platina na perna e o Hospital não tem recursos para realizar tal procedimento, ele ficou esperando e teve a embolia. Desde sexta-feira internado, agora deve esperar pelo menos mais 7 dias em tratamento do problema que adquiriu pela demora, para finalmente realizar a cirurgia. Ele foi mais uma vítima da falta do elevador porque precisava do acesso para chegar ao andar onde uma tomografia seria feita.

“Essa demora que me preocupa porque eles não falam nada sobre o que saiu na tomografia”, afirma a mãe.

Falta elevador

Vereador Eduardo Minas diz que hospital só tem um elevador funcionando e com instabilidade.

O vereador Eduardo Minas foi acionado pelos familiares dos pacientes e esteve no hospital para entender o problema. “Tem um elevador funcionando e com instabilidade. Por isso, os funcionários e a população estão com receio de fazer uso do elevador. Os corredores seguem lotados, e o pronto-socorro também.”

Ele afirma, ainda que o hospital não tem infra-estrutura para um atendimento adequado. “Os pacientes, familiares e os colaboradores, funcionários e prestadores de serviço convivem diariamente em um ambiente inadequado, insalubre, sem a mínima condição possível de fazer atendimento em serviços de saúde. Diadema tem uma dependência, até pela falta de estrutura, dos serviços do governo do Estado de São Paulo.”

Procurada pela reportagem do ABCD JORNAL desde segunda-feira (23/12), a Prefeitura não retornou aos contatos para se pronunciar sobre o assunto.

“Infelizmente, esse é o cenário que estamos vivenciando em nossa cidade quando falamos em serviço público de saúde. É um triste Natal e final de ano, o povo segue sofrendo”, completa Eduardo Minas.

Pacientes vivem pesadelo e caos no atendimento no Hospital Municipal de Diadema.

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