A operação Prato Feito, deflagrada nesta quarta-feira (09/05), acusa o ex-prefeito de Mauá Donisete Braga (Pros) de ter recebido vantagens ilícitas de uma associação criminosa cujo objetivo seria desviar dinheiro público destinado pelo governo federal para a merenda escolar. De acordo com a representação, o esquema bancado pela empresa Le Garçon teria beneficiado Donisete ao pagar uma viagem sua e da família para Orlando, nos Estados Unidos.
De acordo com a representação da polícia, o custo foi de aproximadamente US$ 30 mil, equivalentes hoje a R$ 107 mil. A denúncia é baseada em áudios , pesquisa e vigilância no Aeroporto de Congonhas.
A PF gravou áudio entre os empresários que faziam parte do esquema criminoso de desvio da merenda, entre eles Fábio Favaretto, genro do secretário de Assuntos Governamentais de São Bernardo, Carlos Maciel, que pediu demissão nesta quarta após as denúncias envolvendo o esquema naquele município.
“Não, ele vai sair! Vai sair… tá com dinheiro no bolso, tá com 2 milhões. Ano passado ele foi pros Estados Unidos, na Disney, ficou na minha casa, tudo por minha conta, eu gastei 30 mil dólares. Ele falava assim: “quero tomar um vinho, vamos jantar? Me leva pra um lugar pra tomar vinho”. Eu, ele, a mulher dele, o filho dele adolescente e uma menininha, e eu com a minha esposa e com meus dois filhos, vamo embora! Vinho ele pedia e não olhava o preço…”, disse o empresário em áudio gravado pela Polícia.
A representação diz que por meio de um relatório da Prefeitura constatou-se que o ex-prefeito e sua família estiveram nos Estados Unidos em 31 de julho de 2015 (voo JJ 8091) e retornaram 9 de agosto (voo JJ8096). “Tal fato corrobora a narrativa de Favaretto, pois ele próprio esteve fora do Brasil durante o mesmo período, havendo registro de seu retorno no dia seguinte a partida de Donisete e seus familiares”, diz a representação.
De acordo com a denúncia, o empresário possuía “uma relação espúria” com o então prefeito na época em que mantinha contratos com a Prefeitura de Mauá. “Segundo levantamentos, as empresas de Fábio receberam no período de 2013 a 2016 – gestão de Donisete – aproximadamente R$ 5 milhões com contratos de alimentação, inclusive, para fornecimento de merenda escolar. Considerando-se o modus operandi das associações criminosas, é provável que tais contratos tenham sido fraudados na sua execução como forma de arcar as vantagens ilícitas concedidas aos agentes públicos”, diz a representação da Polícia Federal.
Tanto Donisete quanto sua assessoria de imprensa foram procurados, mas até o fechamento da reportagem não houve retorno.
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