
Os novos acessos ao Terminal Central de Mauá abertos desde o último dia 10 de junho exigeM que passageiros passem exclusivamente pelo Shopping Nova Estação. A mudança tem causado grande insatisfação e transtornos diários para milhares de usuários do transporte público. A medida, que, segundo a Prefeitura, visa aumentar a segurança, é vista por muitos como uma manobra para impulsionar o consumo no recém-inaugurado centro comercial, em detrimento da mobilidade e acessibilidade.
Antes da mudança, os usuários de trens e ônibus tinham acesso direto às plataformas no mesmo andar, ao lado da CPTM. Agora, para chegar ao destino, é preciso subir uma escada rolante, atravessar o shopping, passar pelas catracas e descer outra escada.
Esse percurso agora leva mais tempo e o problema se agrava durante os horários de pico, quando o fluxo de pessoas torna a mobilidade ainda mais lenta.
Críticas à Acessibilidade e Mobilidade
Os moradores de Mauá ainda reclamam da falta de acessibilidade para idosos com menos de 65 anos e também para pessoas com bebês.
A dificuldade na mobilidade já força muitos passageiros a saírem mais cedo de casa para não perderem seus compromissos e conexões. A percepção geral é que a alteração foi imposta para direcionar os usuários para dentro do shopping, com o objetivo de incentivar o consumo. “É um absurdo. Fizeram isso pra que a gente passe por dentro desse shopping”, reclamou uma usuária.
Deputado estadual faz denúncias
A situação escalou a ponto de o deputado estadual Atila Jacomussi (União Brasil) decidir ir pessoalmente ao terminal no dia 13 de junho, em horário de pico, para verificar as denúncias. No entanto, Jacomussi relatou ter sido barrado e intimidado pela equipe de segurança do local, que, segundo ele, tentou impedir seu direito de ir e vir em um estabelecimento público.
“Durante a confusão, houve ameaças físicas e tentativas de tirar os celulares das mãos de assessores que gravavam todo o ocorrido”, afirmou o deputado. Para preservar sua integridade física, Jacomussi afirmou que precisou acionar três viaturas para realizar sua escolta na saída.
Em uma vistoria posterior, o deputado não encontrou saídas de emergência no novo arranjo do terminal, levantando sérias preocupações sobre a segurança e a conformidade com as normas do Corpo de Bombeiros. Ele anunciou que irá acionar os órgãos competentes para investigar a questão.
Resposta da Prefeitura de Mauá
Em nota, a Prefeitura de Mauá informou que está “monitorando a situação e em contato permanente com a concessionária que construiu o empreendimento”. Segundo o governo do prefeito Marcelo Oliveira, já foram iniciadas as obras para ampliar os acessos destinados a idosos, pessoas com deficiência e mobilidade reduzida no piso térreo, com previsão de entrega nos próximos dias.
A administração municipal também afirmou que está em contato com a concessionária do transporte coletivo para ajustar as partidas e chegadas dos ônibus, visando agilizar o embarque e desembarque dos munícipes.
A Prefeitura reforça que o novo sistema foi “pensado para assegurar a integridade e a segurança dos passageiros”, citando atropelamentos e até um óbito no passado devido a travessias indevidas entre as plataformas. Além disso, destacou que o projeto se inspirou em “modelos de grandes terminais de ônibus e estações de metrô, onde integração, segurança e serviços de apoio ao passageiro são prioritários”.
Ainda de acordo com a Prefeitura, a população foi informada sobre as mudanças por meio de redes sociais, faixas e panfletagem, e colaboradores continuam orientando os passageiros no terminal. A gestão municipal prometeu intensificar a fiscalização sobre o funcionamento das escadas rolantes e outras questões de acessibilidade.
Apesar das justificativas do poder público, a insatisfação popular persiste, e a questão dos novos acessos ao Terminal Central de Mauá continua sendo um ponto de atrito entre a população e as autoridades.