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MP recebe denúncia de suposta rachadinha em gabinete de vereador de Diadema

Parlamentar Dequinha Potência é acusado pelo ex-chefe de gabinete de receber maior parte do salário dos funcionários; outra denúncia envolve exames obrigatórios para emissão de CNH e veículos apreendidos em pátio  

  • Vereador é acusado por ex-chefe de Gabinete de receber parte de seu salário.
    Foto: Reprodução/Facebook
  • Por: Gislayne Jacinto
  • Publicado em: 10/03/2022
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Parlamentar Dequinha da Potência é acusado pelo ex-chefe de gabinete de receber maior parte do salário dos funcionários; outra denúncia envolve exames obrigatórios para emissão de CNH e veículos apreendidos em pátio

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Vereador é acusado por ex-chefe de Gabinete de receber parte de seu salário. Foto: Reprodução/Facebook

O MP (Ministério Público) recebeu, em fevereiro, três denúncias contra o vereador Jefferson Marques de Souza Moreira, mais conhecido como Dequinha da Potência (PSD), de Diadema. Ele obteve 1.852 votos na última eleição. O ex-chefe de Gabinete Renato de Carvalho Rocha, de 42 anos, formado em Direito, é o autor das acusações de supostas rachadinhas de salários dentro do gabinete, além de eventuais práticas irregulares para a emissão de exames teóricos e práticos para motoristas conseguirem a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e liberação de veículos apreendidos em pátios.

O ex-chefe de Gabinete disse à Promotoria que foi demitido em outubro do ano passado após se recusar a continuar “pagando pedágio” para trabalhar. “Calculo que depositei cerca de R$ 40 mil na conta de dois assessores ligados ao vereador. Um deles já foi demitido e a outra assessora continua no Gabinete”, afirmou o ex-chefe de Gabinete que entregou ao promotor Murilo Peres cópia dos depósitos, além de áudios da funcionária cobrando a devolução de parte da remuneração.

Renato afirmou que dos R$ 8,2 mil de seu salário, ficava com apenas R$ 3 mil. “Recebi informação de que quem ficou no meu lugar fica com apenas R$ 1,5 mil do salário. Também era obrigado a entregar os cartões de refeição e alimentação. Todos os funcionários têm de entregar pelo menos um deles”, denunciou. “Para comprovar a denúncia é só quebrar o sigilo das pessoas”. Os nomes dos dois assessores já foram revelados à promotoria.

O ex-chefe de gabinete prestou depoimento no Ministério Público durante três horas e meia do dia 15 de fevereiro, segundo ele contou à reportagem. “A denúncia foi feita com provas. Minhas denúncias comprovam atos ilícitos de rachadinha dentro do gabinete, coação, assédio moral no ambiente de trabalho, peculato, uso indevido do aparelhamento público, corrupção e adulteração de exames toxicológicos que são apresentados no Ciretran e Detran, além de carros liberados do pátio mediante pagamento”, afirmou.

Em um dos áudios entregues ao MP, o ex-chefe de Gabinete atribui a um dos funcionários do gabinete (o nome também foi revelado ao promotor) que cita pagamento de R$ 800 para liberação dos exames práticos e teóricos necessários para obtenção da CNH e também R$ 500 para liberação de um veículo de um pátio.

Segundo denúncia feita pelo ex-chefe de Gabinete ao Ministério Público, questões envolvendo CNH são feitas em duas sedes de projetos sociais do vereador. “Um é o Espaço Cidadão que fica na Rua Áustria e o outro é no Espaço Francisco das Chagas, que fica na rua Santa Cruz”, afirmou Renato que também apresentou à Promotoria fotos do vereador entregando CNH a moradores. Em uma das imagens o suposto contemplado comemora o recebimento levantando as mãos para o alto.

O vereador Dequinha foi procurado pela reportagem e negou todas as denúncias. “Ele (ex-chefe de gabinete) trabalhava de forma que não era correta. Até armado ia para o gabinete segundo relatos que recebi. Ele fez Direito, mas ainda não tem a carteirinha da OAB e não conseguia me ajudar nos trabalhos do gabinete. Por isso foi demitido”, disse o parlamentar.

Dequinha afirmou que ainda não recebeu a notificação do Ministério Público. “Ele está querendo me perseguir. Eu sou uma figura pública e não faço nada de errado”, concluiu o vereador.

O ABCD Jornal procurou o Ministério Público que informou que a Promotoria de Justiça não pode dar informações sobre investigações que eventualmente se encontrem em andamento” no Fórum.