Moradora de S.Bernardo denuncia agressão do ex-marido após palestras no Paço
Jovem foi encorajada a registar ocorrência depois de participar de debate sobre violência doméstica promovido pela Prefeitura no Dia Internacional da Mulher
Jovem foi encorajada a registar ocorrência depois de participar de debate sobre violência doméstica promovido pela Prefeitura no Dia Internacional da Mulher
Uma moradora do bairro Montanhão, em São Bernardo, foi encorajada a denunciar agressões do ex-marido depois de participar de palestra que tratou sobre violência doméstica. O debate foi promovido pela Prefeitura de São Bernardo, na tarde da última terça-feira (08/03), no Dia Internacional da Mulher, e estava entre as diversas ações complementares ao feirão de empregos exclusivo para o público feminino.
A munícipe, de 31 anos, que pediu para não ter o nome divulgado, está desempregada e foi uma das 5.000 mulheres que se dirigiram até a Esplanada do Paço Municipal na terça-feira para procurar trabalho no feirão do emprego realizado na esteira do evento ‘São Bernardo por elas, pra elas’, promovido pelo governo do prefeito Orlando Morando.
Na ocasião, decidiu assistir a uma das palestras conduzidas pela GCM (Guarda Civil Municipal) sobre violência contra a mulher e sobre o projeto Guardiã Maria da Penha, iniciativa recém implementada no município que garante assistência da GCM e do Ministério Público às vítimas de violência doméstica e familiar. “Ao fim da palestra, uma moça que participou quieta durante toda a conversa me abordou e disse que achava que se enquadrava nessas situações. Foi aí que me contou que era agredida pelo ex-marido, que não aceitava a separação, e disse que precisava de ajuda. Diante disso, fiz contato com outra viatura para que conduzisse ela até a Delegacia da Mulher”, relatou a GCM inspetora Rosemari Camargo de Souza, ao contar que a moça ainda tinha hematomas e arranhões visíveis no braço.
Na delegacia, a moradora registrou boletim de ocorrência contra o ex-marido e solicitou medidas protetivas para garantir que o agressor mantenha distância. Ela também foi submetida a exame de corpo de delito. Os dois têm um filho de apenas um ano e ela conta que as agressões ocorrem quando o ex, que é alcoólatra, visita a criança e ameaça tirá-lo do convívio com a mãe.
“A palestra me encorajou a falar. Eu me senti acolhida. A guarda (Rosemari) foi muito atenciosa, me ouviu e me deixou muito à vontade. Nós, que somos da favela, às vezes temos medo de policiais e isso me deixava muito receosa. Mas ela foi muito simpática, me orientou e conversou comigo de igual para igual. Isso fez muita diferença”, revelou a vítima.
O caso da moradora do Montanhão não foi o único. Durante a palestra, outras mulheres também aparentavam ser vítimas de violência doméstica. “Estávamos falando para cerca de 20 mulheres sobre a Lei Maria da Penha e durante a palestra, várias delas tiraram dúvidas sobre situações de violência. Muitas perguntavam de forma genérica, mas dava para perceber que estavam falando de experiências próprias”, avaliou Rosemari, que também é diretora do Centro Regional de Formação em Segurança Urbana.
Guardiã Maria da Penha
No mês passado, o prefeito Orlando Morando assinou termo de cooperação com o MP-SP que visa qualificar a GCM para o enfrentamento da violência doméstica e familiar. Cerca de 20 GCMs de ambos os gêneros já participaram de capacitação sobre possíveis intervenções em situações dessa espécie. Na próxima etapa, o projeto deverá selecionar agentes para atuarem em patrulha exclusiva que, de segunda a segunda, atenderá às denúncias de violência acionadas pela Promotoria.
Serviço
Além dos canais 153 (GCM), 180 (Disque Denúncia) ou 190 (Polícia Militar), São Bernardo disponibiliza atendimento a mulheres (cisgêneras e transexuais) em situação de violência doméstica e familiar. O atendimento é feito pelo CRAM (Centro de Referência e Atendimento à Mulher Márcia Dangremon), localizado na Rua Dr. Flaquer, 208 (2º andar), no Centro. O serviço funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Telefones: 2630-7021 e 4125-9485.