A Mercedes-Benz informou que colocará 600 trabalhadores das áreas de eixos, cambio e caminhões em férias coletivas, na planta de São Bernardo, em função da falta de componentes eletrônicos. Os metalúrgicos ficarão fora da fábrica por 12 dias, de 14 a 25 de março. Há possibilidade que outro grupo entre em coletivas no final do mês.
O coordenador do Comitê Sindical na Mercedes-Benz, Sandro Vitoriano, destaca que a representação dos trabalhadores vem acompanhando e dialogando com a empresa sobre a flutuação da produção e que a perspectiva do mercado de caminhões era maior que ano passado.
“No final de janeiro a empresa estava discutindo jornadas adicionais e contratações para atender o volume de produção, mas depois de alguns dias e com o agravamento da falta de peças já houve cortes no volume e a empresa sinalizou que haverá férias coletivas. “Com o aumento da demanda, nossa pauta também era para colocar mais trabalhadores na empresa”, conta.
Vitoriano também apontou que o crescimento previsto para este ano é fruto de uma demanda reprimida em consequência da pandemia da covid-19, da aceleração das exportações geradas pelo agronegócio e da antecipação das compras provocadas pelo Euro 6, conjunto de normas regulamentadoras sobre emissão de poluentes para motores diesel.
O diretor executivo do Sindicato, presidente da IndustriALL-Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, destacou que a decisão evidencia a necessidade urgente de uma política industrial, insistentemente cobrada pelos Metalúrgicos do ABC nas mais diferentes esferas para fortalecer a indústria no Brasil, preservar e gerar empregos.
Para o sindicalista, a crise de falta de componentes enfrentada pelo setor industrial brasileiro é absurda, principalmente por haver uma demanda do mercado.
“Não estamos discutindo uma queda no mercado ou a falta de capacidade de produzir caminhões. O que está acontecendo agora, em momento que a empresa deveria estar contratando, mostra a total ineficácia do atual governo em pensar políticas industriais que atendam as demandas das indústrias e do consumo que está colocado no Brasil. Poucos setores estão reagindo, e nesses poucos o governo não tem uma política para estimula-los ”, afirmou
A Mercedes-benz conta com cerca de 8 mil trabalhadores, sendo 6 mil na produção.
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