
A empresária Renata Brás da Silva procurou a polícia na segunda-feira (15/12) para registrar ocorrência contra o ex-marido, o vereador Zé Carlos Nova Era, de Mauá. De acordo com o BO (Boletim de Ocorrência) SI6847-1/2025, o parlamentar teria aproveitado a ausência de Renata durante uma viagem com a filha mais nova para entrar na residência da ex-esposa e trocar as fechaduras com a intenção de barrar o acesso às dependências do imóvel.
“Cheguei cansada com a minha filha de 12 anos de uma viagem a Recife, onde fomos comemorar o aniversário dela, e não pude entrar na minha casa. Ele tinha invadido e trocado todas as fechaduras, mas não pode fazer uma posse forçada para depois vender a casa”, disse Renata.
Ela também denuncia a violação de uma medida protetiva em vigor no Judiciário desde março deste ano. “Em julho de 2025, houve ingresso não autorizado no imóvel e dano ao portão”, acrescenta.
A história do ex-casal envolve relatos de traição, agressão, brigas judiciais e por partilha de bens desde 2022, quando houve a primeira denúncia da então esposa. Posteriormente, o casal chegou a negar à reportagem do ABCD JORNAL que existiam fotos que comprovavam violência doméstica.
Nas imagens que circulavam nas redes sociais, Renata aparecia com vários hematomas pelo corpo. Houve, inclusive, um BO supostamente registrado em 2017. O casal negou que isso tenha ocorrido. Nova Era afirmou que se tratava de uma questão política. Renata disse, à época, que seu celular tinha sido roubado e acreditava que as fotos tinham sido “montadas”.
À reportagem, ela reenviou as fotos e disse, nesta terça-feira (16/12), que as agressões aconteceram e que ela permanece evitando se expor nas ruas ou locais públicos por temer alguma ação de violência. “Não ando mais em Mauá, só vou a restaurantes de fora da cidade.”
Nova Era rebate as acusações da ex-esposa e diz que não há motivo nenhum para novas reportagens na mídia porque não existe nenhuma novidade ou fato a ser noticiado. Ele também afirma que não houve violação da medida protetiva porque a ex-esposa estava viajando quando ele foi ao imóvel e que, portanto, não se aproximou dela e não descumpriu a ordem judicial.
“Isso é notícia furada, não tem nada de fato novo. É tudo coisa antiga. Fui casado por 18 anos e estou divorciado há dois. Desde então, não tenho mais contato nenhum com ela. Fizemos um divórcio consensual e alinhamos todas as coisas. Este imóvel no Jardim Pedroso, área nobre de Mauá, era meu e está em meu nome, e fizemos uma divisão de bens com um documento de 30 dias para que ela desocupasse o imóvel. E estava tudo certo, mas ela se apegou à casa e não quis sair. Então, para que eu não tivesse minha casa de volta, ela entrou com uma medida protetiva”, disse o vereador, em entrevista ao ABCD JORNAL.
Renata faz questão de levantar o tema das agressões a mulheres e violências que se prolongam. “Violência contra a mulher não se manifesta apenas de forma física. Ela se constrói por ciclos de intimidação, controle patrimonial e coerção psicológica. Fui ontem (segunda-feira) na Delegacia da Mulher e ele mandou um áudio para a minha filha onde dizia “fala para a sua mãe me esquecer e ir trabalhar”. Eu tenho medo de sair na rua e sofrer alguma violência. Já fui ameaçada”, diz Renata.
O vereador afirma que não quer mais confusão, só ter tranquilidade para tocar o dia a dia, sair de férias e seguir a vida.
Denúncia de fraude
E não é só na vida pessoal que o vereador enfrenta problemas. O Ministério Público de São Paulo denunciou o vereador por suposta participação em um esquema milionário de fraude em licitação e recebimento de propina. Os crimes, segundo o MP, ocorreram quando ele era presidente da Câmara, em dezembro de 2021.
De acordo com reportagem do G1, ele teria recebido R$ 595,7 mil de um suposto esquema criminoso que fraudou uma licitação para contratação de empresa para prestação de serviço de digitalização de documentos do Legislativo de Mauá.
A licitação teria sido realizada às pressas às vésperas do Natal de 2021, sem que ninguém tivesse acesso ao procedimento.
Ao ABCD JORNAL, questionado sobre o assunto, o vereador comentou: “Primeiro que é um processo em segredo de Justiça e foi uma denúncia que o MP ofereceu e não foi acatada. Não sei nem por que o G1 deu essa matéria. Isso é um processo de 2022 através do qual pediram bloqueio de contas e o juiz negou. É que vai chegando a época das eleições e as pessoas vêm com essas coisas”, concluiu.
