
Nenhuma das bibliotecas públicas da cidade registrou entrada dos livros de Rubens Paiva. Foto: Juliana Finardi
O escritor Marcelo Rubens Paiva, autor do livro Ainda estou aqui, disse que o destino do acervo literário do pai, o ex-deputado federal Rubens Paiva, foi uma escola municipal de Diadema.
Em seu livro, que deu origem à obra cinematográfica premiada com o Oscar de melhor filme internacional, e que conta a história da mãe Eunice Paiva principalmente a partir do “desaparecimento” do pai (torturado e morto pela ditadura militar), Marcelo escreve que o acervo que Rubens constituiu durante a vida foi doado, em meados de 2007, para a biblioteca municipal da cidade.
Foi a partir da leitura, então, que a reportagem do ABCD JORNAL começou no fim de 2024, na gestão do ex-prefeito José de Filippi Júnior, a procurar os livros e não os encontrou em nenhuma biblioteca. A história foi contada nesta reportagem Mais de 5 mil livros de Rubens Paiva desaparecem em Diadema.
Em entrevista ao ABCD JORNAL, Marcelo afirmou acreditar que os livros estão em alguma unidade escolar da cidade. “Fui convidado para dar uma palestra pela prefeitura em Diadema em uma escola. Quando dei a palestra, gostei tanto da escola que prometi doar os livros para eles. Inicialmente para a biblioteca municipal de Diadema, que encaminharia para uma escola. Então, os acervos devem estar em uma escola.”
Sem muita certeza, o escritor cita o nome da Emeb Anita Malfatti, no Jardim do Parque, como a provável receptora dos livros.
O atual secretário de Educação da cidade, Felipe Sigollo, que compõe a equipe de governo do prefeito Taka Yamauchi, ficou tão intrigado com a história que foi pessoalmente a algumas escolas para procurá-los, mas não encontrou nenhum.
“Comprei e li o livro, principalmente a parte que trata de Diadema. Pedimos que todas as diretoras da rede ficassem atentas aos livros das escolas e que nos informassem, mas a maioria é composta por livros de estudos e leitura das crianças.”
O protocolo, sempre que a cidade recebe uma doação de livros, é dar a entrada, catalogar e seguir um processo burocrático para arquivamento das obras, o que não aconteceu em 2007. As escolas municipais atendem crianças até o 5º ano no Fundamental 1 (com cerca de 10 anos de idade) e as bibliotecas das unidades de ensino estão repletas de literatura infantil e livros didáticos.