Mães e crianças de Diadema que utilizaram os serviços de pronto-socorro e internação do Quarteirão da Saúde no fim de semana sofreram com a falta de médicos, remédios e passaram por condições insalubres devido as altas temperaturas em ambientes sem ar condicionado nem ventilação adequada.
As mães com crianças que apresentavam diarreia como sintoma receberam, inclusive, receitas para comprar medicamentos não disponíveis no hospital para serem utilizados durante a própria internação.
A mãe Luciana Ribeiro, de 41 anos, e moradora do Jardim Eldorado, está com a filha de 1 ano internada desde a última quinta-feira (14/03) com um quadro diagnosticado como virose. “É uma pouca vergonha. Não teve médico sábado à noite nem domingo e nós temos que comprar o remédio, se quisermos ver a criança boa, porque o hospital não tem”, afirma.
Luciana, que apresentou a nota fiscal à reportagem, gastou R$ 63,98 em dois medicamentos sendo um probiótico e outro para repor o zinco perdido durante os episódios de diarreia da filha Helloá Ribeiro.
Outra mãe que preferiu não se identificar também recebeu a mesma receita. “Todas as mães receberam receitas para comprar os remédios relacionados a flora intestinal porque não tem no hospital. Antes, quando esses remédios eram disponibilizados pelo Quarteirão, era porque uma médica recebia doações e trazia, mas agora não tem”, disse.
A criança entrou no hospital há uma semana, quando foi diagnosticada com um quadro de bronquiolite e por isso foi internada. A mãe conta que estava muito lotado e esperou o primeiro atendimento por três horas, quando uma médica “muito solícita e atenciosa com a bebê” resolveu atendê-la.
Ela também afirmou que o secretário de Saúde, Zé Antônio, passou pela internação na última quarta-feira (13/03) e perguntou como estava o atendimento. “Falei que os profissionais são atenciosos, mas que não tem estrutura nenhuma. O banheiro está com os pisos quebrados, cheio de mofo. O hospital é sujo, não tem boa limpeza nem higiene. Lá também é muito quente e isso é um grande problema”, afirmou.
A mãe disse, ainda, que o secretário informou que o governo liberaria verba para a construção de um novo hospital e que o local onde hoje está o Quarteirão será uma UPA (Unidade de Pronto-Atendimento).
Em nota ao ABCD Jornal, a Prefeitura informou que no plantão diurno do Pronto Socorro Central (PSC), no domingo (17/03), a escala era de três pediatras para atendimento das Urgências e Emergência e um pediatra para Enfermaria do 2º andar. “Entretanto, o profissional escalado para a enfermaria faltou devido a uma questão de saúde e a escala foi readequada para dois pediatras para atendimento das Urgências e Emergência e um pediatra para Enfermaria (visita de pacientes internados).”
Em relação a declaração das mães de que tiveram de comprar o medicamento que não está disponível no hospital, a Prefeitura informa, ainda por meio da nota, que houve “uma informação desencontrada”.
“A medicação realizada na criança, durante a permanência no Pronto Socorro Central (PSC), e prescrita pela médica que atendeu não consta da Relação Municipal de Medicamentos (REMUME). Assim, enquanto a criança estiver em atendimento e/ou internada no serviço, o município disponibiliza os medicamentos necessários para o devido tratamento. O probiótico indicado não é para ser administrado durante a internação. A coordenação orientou o fluxo para as equipes profissionais e adotará as medidas cabíveis.”
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