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Jiu-jítsu tira morador de São Caetano do caminho das drogas

Desde seu início no jiu-jítsu, Rafael leva o esporte muito mais que um simples hobby;esse é mais um exemplo de como o esporte pode mudar vidas

  • Jiu-jítsu tira morador de São Caetano do caminho das drogas.
    Foto: Divulgação
  • Por: Redação
  • Publicado em: 02/08/2023
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Desde seu início no jiu-jítsu, Rafael leva o esporte muito mais que um simples hobby; esse é mais um exemplo de como o esporte pode mudar vidas

Ex-usuário de droga lutando jiu-jitsu

Jiu-jítsu tira morador de São Caetano do caminho das drogas. Foto: Divulgação

Rafael Gomes, 34 anos, nasceu em Mauá, hoje é morador de São Caetano do Sul, no Bairro Mauá, e por meio do jiu-jítsu venceu uma das batalhas mais difíceis de serem combatidas: livrar-se do vício das drogas. Em mais um exemplo de como o esporte tem a capacidade de mudar a vida das pessoas, superando obstáculos e transformando a parte física e mental para melhor, Rafael encontrou na modalidade a ferramenta para combater a dependência química.

Filho de pastor de igreja evangélica e irmão mais velho de duas mulheres, Rafael teve um vínculo muito forte com a religião durante sua infância e adolescência. Porém, aos 17 anos conheceu pessoas que o influenciaram a entrar no universo das drogas, primeiramente com o álcool. “No meu primeiro trabalho, como jovem aprendiz, fiz novas amizades e descobri um mundo que, até então, eu não conhecia. Muito diferente daquele que vivi desde criança entre as paredes da igreja.”

Aos 19 anos, Rafael já utilizava o álcool como um amuleto, usado algumas vezes por semana. Nesta época, conheceu a cocaína. “No começo, era algo casual, mas passei a usar de forma contínua, inclusive aos finais de semana, nas baladas e festas noturnas”, descreve Rafael. Bastante tímido desde a infância, as drogas o deixaram ainda mais recatado, introvertido, fato que o distanciava até de seus pais e irmãs.

O ano de 2014 foi a primeira guinada na vida de Rafael, que por si só chegou à conclusão de que necessitava de ajuda externa, de profissionais. “Por um sinal divino”, como ele mesmo afirma, conheceu uma comunidade terapêutica, em Bauru, onde ficou por sete meses. Ao retornar ao ABC teve contato com um projeto de reabilitação de uma igreja, em Ribeirão Pires. “Eu sabia que tinha jiu-jítsu no projeto, mas num primeiro momento tinha receio de praticar o esporte, talvez até por desconhecimento”, relembra.

Em março de 2020, começou a lutar após o convite do pastor da igreja que frequentava, numa aula inaugural ministrada por Marcelo Giunchetti, 55 anos, professor e coordenador do jiu-jítsu de São Caetano. “Neste ano completo 30 anos de jiu-jítsu e tenho a convicção de que a arte suave é um instrumento que pode salvar vidas. Meu propósito é mostrar para as pessoas que elas são capazes de fazer algo que nunca imaginaram fazer e se sentirem à vontade com isso”, explica Giunchetti.

JIU-JÍTSU X RECAÍDA

Desde seu início no jiu-jítsu, Rafael leva o esporte muito mais que um simples hobby. Quem confirma é sua esposa, Ana Carolina Gomes do Santos, 35 anos. “O Rafa teve um problema sério com depressão, tudo por conta das drogas. Às vezes ele passava o dia todo deitado na cama, fazendo nada. Mas na hora de treinar, ele levantava, tomava banho, se trocava e partia para o CTE Mario Chekin. Ainda bem que surgiu o jiu-jítsu na vida da gente.”

O processo de reabilitação contou com recaídas. “Na véspera do feriado de Finados, realizei um ato pensado, repensado, mas abortado divinamente. Esperei meus pais saírem de casa e tentei suicídio, tomando mais de 100 comprimidos. Creio que foi aí que tive auxílio divino: meus pais retornaram inesperadamente para casa por terem esquecido um documento e me socorreram. Eles me levaram para o hospital, onde passei a noite toda.”

Já são 15 meses que Rafael está sem tocar em qualquer droga, lícita ou ilícita. “Neste período, consegui me manter. O jiu-jítsu tem salvado a minha vida, no dia a dia.”

Rafael conquistou no início de julho a sua primeira medalha numa competição e auxilia usuários de drogas na luta contra a dependência. “Espero que minha história sirva de estímulo para que outras pessoas que passam ou passaram pelo mesmo problema que eu se recuperem”, finaliza.