O podologista Oity Bernardinelli Júnior, 49 anos, está há 24 dias internado na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) de Santo André à espera de um stent (dispositivo utilizado para impedir ou corrigir entupimentos em vasos sanguíneos) compatível com o calibre de suas artérias.
Foi após o treino de jiu-jitsu, no dia 17 de dezembro, seguido de uma forte dor no peito que o podologista andreense descobriu ter um problema cardíaco grave: o que ele imaginava ser apenas uma dor muscular era, na verdade, um sério entupimento arterial, o que acabou provocando um infarto. Esportista praticante de artes marciais e ciclismo de montanha, jamais imaginou passar por esse tipo de problema, condição que os médicos explicaram ser genética.
A “sorte”, de acordo com o próprio Oity, é que o momento mais grave aconteceu quando ele já estava sendo atendido na UPA. O socorro oferecido pelos profissionais (médicos e enfermagem) do local naquele momento e em todos os outros dias que se seguiram é o que o rapaz considera como sua verdadeira salvação. “Sigo sendo muito bem cuidado, existe uma assessoria gigantesca por parte da coordenação da UPA, que está me dando todo o suporte. Estou vivo por causa deles.”
Os elogios e agradecimentos, porém, não se estendem aos demais equipamentos que prestaram “atendimento” a Oity. Ele conversou por telefone com a reportagem do ABCD JORNAL na noite desta quarta-feira (8/01), afirmou estar apreensivo e ansioso pelo procedimento e criticou o sistema estadual de atendimento a casos como o dele.
“Eu seria encaminhado para o Hospital Estadual Mário Covas, onde faria um cateterismo, mas soube que lá tinha uma ala de hemodinâmica que não está em funcionamento há três meses, por isso o procedimento não poderia ser feito. Conseguiram, então, uma vaga para mim no Hospital São Paulo”, disse.
A saga só continuou. Como o hospital não dispunha de um Stent compatível para Oity, ele foi reencaminhado à UPA de Santo André, onde permanece desde então. “Quando pensamos que ele faria o procedimento, o mandaram de volta. A briga agora é a chegada desse Stent. Disseram que esse dispositivo chegaria até amanhã (hoje, quinta-feira) e que seria colocado na sexta (10/01)”, disse a esposa de Oity, Juliana Vaci dos Santos, 35 anos, que também é podologista e tem se revezado entre o trabalho e as visitas a UPA.
No fim da tarde desta quinta, Oity foi informado que a nova previsão para a realização do procedimento mudou para o dia 17. “Um absurdo! Vou ter que voltar com as injeções dolorosas na barriga e ficar aqui mais uma semana”, lamentou.
O Hospital São Paulo (HSP/Unifesp) informa que houve atraso na entrega do item mencionado pelo fornecedor. A unidade está cobrando celeridade do responsável e buscando outras alternativas no mercado. O paciente será operado assim que a situação for normalizada.
O Hospital estadual Mário Covas informou que o equipamento angiógrafo, utilizado para a realização do cateterismo e angioplastia, está funcionando normalmente desde sexta-feira (3). “Em novembro do ano passado, o equipamento passou por problemas mecânicos e uma peça precisou ser importada para a realização da manutenção. O HEMC reforça que realiza uma média de 185 cateterismos e 47 angioplastias por mês”, diz a nota enviada ao jornal.
Questionada sobre a forma como se dá o protocolo para atendimento de pacientes como o Oity na cidade, a Secretaria de Saúde de Santo André informou que “a rede municipal de saúde fez o primeiro atendimento ao referido paciente e seguiu todos os protocolos da Sociedade Brasileira de Cardiologia.”
“O procedimento que o paciente precisa realizar é de responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde e não temos governabilidade sobre o local onde será agendado. Os pacientes são incluídos no sistema Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), que é uma central de regulação estadual, e encaminhados para hospitais que possam realizar o atendimento. Vale ressaltar que o CHMSA (Centro Hospitalar Municipal de Santo André) é de porta referenciada para trauma e especialidades cirúrgicas. Em caso de emergência, os munícipes devem recorrer às UPAs e, de acordo com a necessidade, são transferidos para o CHMSA.”
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