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Hotéis e restaurantes organizam boicote ao Carrefour por suspensão de compra de carne do Brasil

Represália deve perdurar até que a rede de supermercados reveja decisão e volte a adquirir carne do Mercosul

  • Hotéis e restaurantes organizam boicote ao Carrefour por suspensão de compra de carne do Brasil.
    Foto: Reprodução
  • Por: Gislayne Jacinto
  • Publicado em: 23/11/2024
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Represália deve perdurar até que a rede de supermercados reveja decisão e volte a adquirir carne do Mercosul

carne

Hotéis e restaurantes organizam boicote ao Carrefour por suspensão de compra de carne do Brasil. Foto: Reprodução

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) deflagrou um movimento de boicote ao Carrefour. A medida ocorre após o CEO global da rede de supermercados, Alexandre Bompard, declarar que a varejista francesa não vai mais vender carnes do Mercosul – formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai -, independentemente dos preços e das quantidades que os respectivos países possam oferecer.

Sem apresentar provas técnicas, Bompard alegou que os produtos sul-americanos não atendem às exigências e às normas francesas. O executivo ainda divulgou que aguarda que outros estabelecimentos acompanhem o movimento iniciado pelo Carrefour.

Entidade sindical de grau superior que representa mais de 500 mil empresas no estado de São Paulo, a Fhoresp entende que o posicionamento da rede de supermercados “é carregado de ideologismo”, pois corrobora com protestos de agricultores franceses que são contra o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul.

Para a Federação, a decisão do Carrefour é, ainda, “estritamente protecionista e desrespeitosa” quanto ao juízo de valor que está fazendo da qualidade das carnes provenientes do Brasil, bem como “prejudicial a toda a cadeia produtiva nacional”, reconhecida mundialmente por sua excelência.

A instituição reitera que a carne brasileira e a do Mercosul, servida em estabelecimentos do setor, tem qualidade certificada e o compromisso da agropecuária brasileira com a legislação e com as boas práticas agrícolas internacionais.

Descontente com a postura da companhia francesa, a Federação convocou empresários dos segmentos de Hotelaria e de Alimentação Fora do Lar a se engajarem numa ação de protesto ao Carrefour, até que a rede mude oficialmente seu posicionamento quanto à desvalorização da carne do Brasil. A medida se estende, ainda, às redes Atacadão e Sam’s Club.

Para o diretor-executivo da Fhoresp, Edson Pinto, esta é uma oportunidade de mostrar a força coletiva da entidade em defesa da Economia e dos princípios que sustentam a Gastronomia e o Agronegócio brasileiro:

“Somos mais de 500 mil empresas, apenas no estado de São Paulo, que deixarão de comprar do Carrefour, enquanto insistir desqualificar nossa carne, questionando uma qualidade comprovada globalmente. Solicitamos o engajamento e a adesão das empresas de Hotelaria e de Alimentação neste movimento, até que a varejista volte atrás deste posicionamento errôneo e desrespeitoso”, lista.

A mobilização da Federação vai ao encontro do que também está fazendo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e outras entidades do setor produtivo que pregam união corporativa e defendem que o Brasil deve ser tratado com o mesmo respeito que concede a todas as empresas estrangeiras que têm negócios em solo nacional.

Mesmo com o Carrefour alegando que a paralisação da compra de carne do Mercosul acontecerá apenas nas unidades francesas, é notável o desdém com o Brasil, que atingiu, em setembro deste ano, um novo recorde, com a exportação de mais de 286 mil toneladas de carne bovina, gerando um faturamento de US$ 1,258 bilhão:

“O Carrefour, que se beneficia do mercado brasileiro, operando como a maior rede varejista do País, com mais de 500 lojas, deveria demonstrar mais respeito aos produtos que enriquecem seus acionistas. É inaceitável que uma empresa que prospera em solo brasileiro adote práticas que desconsideram a qualidade e o trabalho árduo dos nossos produtores”, enfatiza o diretor-executivo da Fhoresp.