GCM de SBC que atendeu bebê deixado em UPA também foi abandonada recém-nascida

Ana Paula Nishitani disse que sua mãe também a deixou em um hospital de São Bernardo onde sua mãe adotiva trabalhava como enfermeira

Uma coincidência surpreendente, que mais parece um caso de novela, aconteceu em São Bernardo no último domingo (21/07), quando uma GCM (Guarda Civil Municipal) foi acionada para atender uma ocorrência na UPA (Unidade de pronto Atendimento) Baeta Neves, onde um bebê foi abandonado pela mãe ao lado de um vaso sanitário dentro de um banheiro feminino para deficientes. Acontece que há 39 anos a agente também foi abandonada em um hospital da avenida Pereira Barreto. Ao nascer, sua mãe a entregou para uma enfermeira.

“Quando cheguei na UPA e vi aquela criança foi uma emoção muito grande. Passou um filme na minha cabeça. Lembrei de meus pais, da minha história e tive vontade de levar aquele bebê para minha casa”, disse Ana Paula Nishitami ao ABCD Jornal.

Ela disse que muitos condenam a mulher, mas ela não. “Não se sabe o que aconteceu. Se ela teve uma depressão pós-parto ou não tinha condições de criar a criança. A gente vê muitas histórias de bebês abandonados nas ruas, em caçambas de lixo, mas ela não fez isso. Levou a criança para a UPA porque sabia que lá iam cuidar dela”, afirmou a GGM.

Ana Paula disse que um de seus desejos era adotar esse bebê, mas sabe que as coisas não são bem assim por conta dos trâmites burocráticos. Então, o que resta neste momento, segundo ela, é visitá-lo no hospital junto com o parceiro de viatura que também ajudou na ocorrência.

A coincidência de história remeteu Ana Paula a um passado onde só a gratidão faz parte da sua vida pelo que os pais, já falecidos, fizeram por ela. “Minha gratidão pela minha mãe adotiva (Neusa) é muito maior que qualquer tipo de condenação contra minha mãe biológica que me abandonou”, afirmou.

De volta ao passado

A Guarda Municipal disse ter sido criada em São Paulo, mas há 11 anos prestou um concurso e passou em São Bernardo, onde veio a saber que sua mãe biológica também mora. “Mas eu não tenho vontade de conhecê-la, porque os meus pais são aqueles que me criaram. Minha mãe me deu toda a base que passei para meus filhos que estão no caminho do bem e trabalhando”, afirmou a GCM.

Como foi o encontro com o bebê

Ana Paula afirmou que às 16h15 do domingo foi acionada para atender uma ocorrência de trânsito, mas ao mesmo tempo surgiu outra de abandono de um recém-nascido na UPA. Ela não pensou duas vezes e disse para o colega de viatura que a vida de um bebê era questão de prioridade e, por isso, iriam para lá. E foi o que fizeram.

Em cinco minutos a equipe já estava na Unidade de Pronto Atendimento, onde a funcionária da limpeza havia encontrado a criança no banheiro. “Acredito que a criança tinha nascido há 4 ou 5 dias. Ainda estava com o cordão umbilical e estava limpinha. Foi ali, naquele momento, que revivi toda a minha história que muita gente não sabia e que agora relatei”, afirmou.

Do lado da criança havia um bilhete: “Boa tarde, por favor, cuidem bem dele e levem ao médico”.

Ao observar aquilo, Ana Paula se lembrou também dos seus dois filhos: Arthur, de 22 anos, e Felipe, de 19 anos. Naquele instante, pegou o recém-nascido no colo e foi só emoção.

Daquele momento em diante, o bebê ficou sob os cuidados médicos na UPA e foi levado posteriormente para o Hospital da Mulher onde deve ficar internado por pelo menos 30 dias para passar por uma bateira de exames antes de ser encaminhado para o Conselho Tutelar de São Bernardo.