Fundador das Casas Bahia, Samuel Klein, teria abusado de crianças em S.Caetano

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Tal pai, tal filho: escândalo sexual envolvendo o empresário é semelhante ao do filho Saul Klein que foi candidato a vice-prefeito na chapa de Fabio Palacio nas últimas eleições   

 

Fundador das Casas Bahia, Samuel Klein, teria abusado de crianças em São Caetano. Foto: Divulgação

Mais um escândalo envolvendo abuso de menores ganhou repercussão nacional nesta quinta-feira (15/04), após a Agência Pública veicular reportagem bombástica na qual relata acusações de crimes sexuais que teriam sido praticados pelo fundador das Casas Bahia, Samuel Klein. Vários veículos de comunicação repercutiram a matéria, como Globo, El País e UOL (Grupo Folha), Marie Clarie, O Estado de Minas, entre outros portais.

O filho de Klein, Saul Klein, que foi candidato a vice-prefeito em São Caetano nas últimas eleições na chapa encabeçada por Fabio Palacio, também é investigado por supostos estupros e aliciamento de 32 mulheres. Pessoas ligadas ao caso afirmam que pai e filho agiam de forma semelhante.

Falecido em 2014, empresário Samuel teria mantido esquema de aliciamento de crianças e adolescentes para a exploração sexual dentro da sede da empresa, em São Caetano do Sul, além de outros locais em Santos, São Vicente, Guarujá e Angra dos Reis.

De acordo com Pública, uma história de violência sexual na infância marcou para sempre a trajetória de Karina Lopes Carvalhal, hoje com 40 anos. Aos 9 anos, ela soube pelas irmãs que um grande empresário de sua cidade natal, São Caetano do Sul, dava dinheiro e presentes a crianças e adolescentes que fossem à sede da empresa na av. Conde Francisco Matarazzo, número 100. À época com 12 anos, a irmã mais velha de Karina avisou que poderia conseguir um tênis novo se fosse até lá. “Eu não tinha um tênis pra pôr, usava o das minhas irmãs, meus dedos eram todos tortos.”

Segundo publicação da Agência Pública, Karina subiu até o andar da presidência e esperou até ser chamada ao escritório particular do dono. Ficou surpresa ao ver um senhor, já na casa dos 70 anos. “Minha irmã tinha me dito: ‘Ká, não se assuste porque ele vai te dar um beijinho’. Mas ele me cumprimentou e já passou a mão nos meus peitos. Ele dizia: ‘Ah, que moça bonita. Muito linda’”, relembra, imitando o sotaque polonês do empresário Samuel Klein, fundador das Casas Bahia Ela saiu levando consigo uma quantia em dinheiro e um tênis da marca Bical. Era 1989.

“A gente ficava contente que tinha ganhado um tênis. Não tínhamos noção dessa situação de violência”, disse Karina ao contar com exclusividade à Agência Pública. A possibilidade de conseguir outros bens materiais a fez voltar nas semanas seguintes. “A segunda vez, ele já me levou pro quartinho.” Ela conta que o empresário mantinha um quarto anexo ao seu escritório, onde havia uma cama hospitalar. Era ali, segundo ela, que ocorriam os abusos.

Karina não teria sido a única a ser aliciada e explorada sexualmente por Samuel Klein. A Pública ouviu mais de 35 fontes, entre mulheres que o acusam de crimes sexuais, advogados e ex-funcionários das Casas Bahia e da família.

 

Entre 1989 e 2010, Samuel Klein teria sustentado uma rotina de exploração sexual de meninas. Foto: Reprodução: Marie Clarie

Entre 1989 e 2010, Samuel Klein teria sustentado uma rotina de exploração sexual de meninas menores de 18 anos dentro da própria sede das Casas Bahia, em São Caetano do Sul.

A reportagem, que pode ser lida na íntegra no site da Pública, consultou também processos judiciais e inquéritos policiais e teve acesso a documentos, fotos, vídeos de festas com conotação sexual e declarações de próprio punho das denunciantes, além de gravações em áudio que indicam que, ao menos entre o início de 1989 e 2010, Samuel Klein teria sustentado uma rotina de exploração sexual de meninas entre 9 e 17 anos na própria sede da Casas Bahia, em São Caetano do Sul, e em imóveis de sua propriedade situados na Baixada Santista e no município de Angra dos Reis (RJ).

O empresário teria organizado um esquema de recrutamento e transporte de meninas, com uso de seus helicópteros particulares, até mesmo com a participação de funcionários na organização de festas e orgias, pagas com dinheiro e produtos de suas lojas. A partir das denúncias mais recentes envolvendo o filho do patriarca da família Klein, o empresário Saul Klein, investigado pelo Ministério Público do Estado São Paulo (MP-SP) por aliciamento e estupro de dezenas de mulheres, a reportagem foi atrás do passado de Samuel e encontrou histórias semelhantes às práticas descritas pelo MP-SP na investigação sobre seu filho.

Pessoas ligadas ao caso afirmam que pai e filho agiam de forma semelhante de aliciamento de garotas. Foto: Reprodução: Agência Pública

Outro caso citado por pública foi o de Renata*, que afirma ter sido  estuprada pelo empresário quando tinha 16 anos. Renata contou à polícia que em outubro de 2008 foi à casa de praia do empresário em Angra dos Reis. “Ele me pegou a força, rasgou minha roupa e me violentou. Não adiantava gritar”, diz um trecho do depoimento. Na época, Samuel Klein reconheceu, em depoimento à Polícia Civil de São Paulo, que Renata e sua colega estiveram na casa dele em Angra dos Reis, mas disse que as moças não eram “menores de idade”. Renata não quis dar entrevista.

Cláudia* tinha 20 anos quando participou pela primeira vez de um jantar com Samuel na sede das Casas Bahia, em São Caetano do Sul, em 2008. “Disseram que eu ia jantar e fazer companhia, carinho nele”, conta. Assim como outras vítimas relataram, o encontro teria ocorrido no andar da presidência da loja, e ela contou que foi orientada a dizer que tinha 17 anos para atender “o estilo de Samuel, que gostava mais de menininha”. “Ele gostava de meninas com o corpo menos evoluído, que era meu caso.”

Testemunhas do suposto esquema

Funcionários das Casas Bahia confirmaram os frequentes pagamentos em dinheiro e produtos às chamadas “samuquetes”, como eram apelidadas as “meninas do Samuel” — depoimentos confirmando a situação constam, inclusive, em condenações na Justiça do Trabalho.

Outro lado

A assessoria da família Klein emitiu nota à imprensa e foi publicada na íntegra:

“É com enorme tristeza que a família Klein tomou conhecimento da publicação de matéria sobre Samuel Klein, fundador das Casas Bahia, falecido em 2014. Imigrante polonês, judeu e sobrevivente do Holocausto, ele sempre ensinou que é preciso muito trabalho e coragem para enfrentar os desafios da vida. É uma pena que ele não esteja vivo para se defender das acusações mencionadas. Sobre os dois processos em andamento, correm em segredo de Justiça e as decisões serão acatadas.”

 

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