VOLTAR
  • Política
  • Santo André

Fila de espera por aparelhos auditivos em Santo André chega até 4 anos

Levantamento é do vereador Eduardo Leite que fez requerimento direcionado à Prefeitura cobrando agilidade no atendimento aos pacientes

  • Fila de espera por aparelhos auditivos em Santo André chega até 4 anos.
    Foto: Divulgação
  • Por: Gislayne Jacinto
  • Publicado em: 27/03/2024
  • Compartilhar:

Levantamento é do vereador Eduardo Leite que fez requerimento direcionado à Prefeitura cobrando agilidade no atendimento aos pacientes

Eduardo Leite

Fila de espera por aparelhos auditivos em Santo André chega até 4 anos. Foto: Divulgação

O vereador de Santo André Eduardo Leite enviou à requerimento de informação à Prefeitura de Santo André questionando a demora na entrega de aparelhos auditivos aos munícipes que estão na fila para receber o dispositivo.

Segundo relatado no documento, há andreenses que estão nesta espera há mais de quatro anos. “É muito tempo na espera por um aparelho tão importante. Precisamos estabelecer um mecanismo que zere esta fila o quanto antes”, disse o vereador Eduardo Leite.

De acordo com o parlamentar, os respectivos aparelhos são fundamentais para o dia a dia de muitas pessoas que têm perda auditiva. Seu uso melhora a clareza dos sons e proporciona benefícios como a melhoria na comunicação, no estilo e na qualidade de vida, além do aumento nos estímulos de conexões neurais.

O requerimento do vereador também questiona os procedimentos e critérios na rede pública de Santo André para aquisição de aparelhos auditivos gratuitos.

Leonice Brilhante Conde, 67 anos, professora aposentada, disse que desde 2021 luta para ajudar o marido que a cada ano perde mais a audição.

“Desde 2019, com audiometrias que comprovam a perda auditiva, auxilio meu marido para conseguir o aparelho auditivo. Somente em 2021, o município de Santo André, onde residimos, nos encaminhou para a Apraespi em Ribeirão Pires, que eu discordo pois moramos em Santo André.  Nesse local, ele realizou umas três audiometrias e foi colocado numa lista de espera. Segundo o médico desta instituição, ele seria contemplado no ano de 2022, pois eles haviam recebido uma verba de Brasília para zerar a tal lista, que não temos acesso e nem sabemos nossa posição. Por já estar demorando muito, fui no escritório do vereador buscar ajuda. Estou inconformada com essa demora”, disse Leonice.

Uma outra moradora entrevistada pelo ABCD Jornal afirmou que sua filha não conseguir o aparelho com urgência ela perderá totalmente a audição. “Estou na correria até agora para adquirir esses aparelhos para a  minha filha de 4 anos, para não perder a audição total de ambos os ouvidos. Não estão liberando a verba na região de Santo André. Creio que seria um descaso com os pacientes. Pois com toda certeza tem outros pacientes como o caso dela”, afirmou Márcia Garofalo.

A mãe afirmou que tem até buscado outros meios para solucionar o problema “Estou procurando o aparelho por outros meios, como vaquinha solidária para adquirir o quanto antes e recorrendo aos vereadores. Mas também não obtive muito êxito devido essa situação de verba. O caso da minha filha é de urgência. Estou desde novembro, me informaram que não teria como antecipar, e ficaria na fila de espera. Passou no posto com a fono e está aguardando para ser chamada para fazer a audiometria, que demoraria no caso entre oito meses a um ano, após esse tempo aguardaria mais cerca de um ano para pegar o aparelho. E na região de Santo André não estão liberando verba para tal procedimento. E no caso da minha filha se nela não usasse até dois meses perderia a audição completa de ambos os ouvidos”, relatou Márcia.

“ No dia a dia, ela não escuta para atravessar a rua quando chamamos a sua atenção, não escuta os cachorros ao redor, não está atenta aos perigos de acidente ao seu redor, como carros, cachorros, buracos… Não escuta ser chamada. Tem perda de 70% do ouvido direito e 60% do ouvido esquerdo. No qual estava tendo uma perda muito rápida onde o médico pediu com urgência, devido os exames realizados em setembro, dezembro e janeiro. Uma relação grande entre as perdas nesse período”, completou.

Uma outra mãe ouvida pela reportagem afirmou que a filha aguarda há nove meses por um aparelho auditivo e que a demora tem trazido muitos prejuízos para a criança.  “Minha filha tem 6 anos e está com dificuldade de aprendizagem pela falta do aparelho. Essa demora é uma falta de respeito profunda, é o cúmulo. O problema dela é nos dois ouvidos e ela tem dificuldade de aprender as letras. Para uma mãe isso dói muito. Quando vou fazer lição com ela, vejo a dificuldade. Imagina dentro de uma sala de aula com mais de 20 alunos. Minha filha vai ficando para traz em termos de aprendizado. Hoje a gente depende do SUS e precisamos dessa liberação. Também estava com falta de fonoaudióloga na rede”, lamentou a moradora.

Outro lado

A Prefeitura emitiu uma nota oficial na qual diz que o Estado é o responsável por atender esse tipo de demanda. “A concessão de aparelhos auditivos por meio do SUS em Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra é realizada pela Apraespi (Associação de Prevenção, Atendimento Especializado e Inclusão da Pessoa com Deficiência de Ribeirão Pires), referenciada pelo Governo do Estado de São Paulo na região para atender a demanda.

Segundo o governo, a responsabilidade do município é acolher e diagnosticar o paciente, fazendo o encaminhamento e a solicitação para a Apraespi. “As vagas oferecidas para Santo André e região se dá por pactuação regional e a verba destinada para esta pactuação é da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo”, afirmou.

A Secretaria de Estado da Saúde foi procurada, e disse que os municípios também possuem suas filas próprias.

Leia a íntegra da nota oficial do governo estadual:

“A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que a Apraespi (Associação de Prevenção, Atendimento Especializado e Inclusão da Pessoa com Deficiência de Ribeirão Pires) é mantida pelo município com recursos federais.

As filas para dispensação de Aparelhos de Amplificação Sonora Individual (AASI) são descentralizadas, ou seja, os municípios também possuem filas próprias. A aquisição dos aparelhos depende de recursos enviados pelo Ministério da Saúde (MS). Para minimizar as filas, o Estado realiza mutirões e está investindo recursos próprios para a abertura de serviços de reabilitação auditiva na Rede de Reabilitação Lucy Montoro, que conta com unidades na capital, interior e litoral do Estado”.