Desafios e Conquistas a posição da mulher na advocacia contemporânea
Prof. Dra. Carmela Dell Isola, da FDSBC, aborda essa questão em seu artigo publicado no Jornal da Advocacia
Prof. Dra. Carmela Dell Isola, da FDSBC, aborda essa questão em seu artigo publicado no Jornal da Advocacia
A presença das mulheres na advocacia tem sido uma pauta relevante e cada vez mais discutida. De acordo com dados recentes divulgados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as advogadas compõem mais de 51% do total de inscritos, ultrapassando a presença masculina. No entanto, uma análise mais detalhada revela que apesar dessa representatividade numérica, as mulheres ainda enfrentam desafios em diferentes etapas de suas carreiras.
A Prof. Dra. Carmela Dell Isola, da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, aborda essa questão em seu artigo publicado no Jornal da Advocacia disponível no link (https://jornaldaadvocacia.oabsp.org.br/noticias/artigo-elas-nos-quadros-da-oab-a-feminizacao-da-advocacia/), destacando que embora as advogadas sejam maioria até os 40 anos, a partir dos 41 anos, o cenário se inverte e os homens passam a predominar. Essa inversão demonstra que, apesar das conquistas numéricas, as mulheres enfrentam obstáculos à medida que avançam em suas trajetórias profissionais.
“A lógica masculina construída permanece, mantendo as mulheres concentradas nos estágios iniciais da profissão”, afirma a Prof. Dra. Carmela. Ela ressalta que as barreiras invisíveis do falocentrismo persistem, resultando em segregação horizontal e vertical, onde as mulheres muitas vezes são direcionadas para áreas de especialização menores e posições de base nas carreiras. Além disso, a maternidade frequentemente impacta a ascensão das advogadas, levando a escolhas profissionais menos favoráveis ou até mesmo ao afastamento da profissão.
A discriminação de gênero, o assédio moral e sexual também são problemas enfrentados pelas advogadas, prejudicando não apenas suas carreiras, mas também sua saúde física, psicológica e financeira. Uma pesquisa realizada pela Women in Law Mentoring Brazil revela que, embora componham a maioria da composição geral dos escritórios, as mulheres são menos contempladas no quadro de sócios de capital, demonstrando uma disparidade nas oportunidades de ascensão.
Diante desses desafios, a OAB tem tomado medidas para promover a valorização da mulher advogada. O Plano Nacional de Valorização da Mulher Advogada e outras iniciativas têm buscado criar um ambiente mais inclusivo e igualitário. No entanto, ainda há muito a ser feito para garantir que as mulheres possam exercer sua profissão de forma saudável, coerente com suas necessidades e em igualdade de oportunidades.
A Prof. Dra. Carmela Dell Isola ressalta que a luta pela valorização da mulher na advocacia é essencial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Ela celebra as conquistas das mulheres na profissão, destacando figuras históricas como Esperança Garcia, primeira mulher advogada, negra e escravizada, assim como Patricia Vanzolini, primeira Presidente eleita em 90 anos da OABSP. No entanto, ela enfatiza que ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que todas as mulheres advogadas possam construir suas carreiras com dignidade e igualdade de oportunidades.