Em tempos de pandemia, nada mais atual do que o kit máscara e álcool gel, manter o distanciamento social e, claro, a higienização das mãos. Neste ano, o 5 de maio, data que marca uma campanha educativa pelas mãos limpas, ganha significado especial.
É que o Dia Mundial da Higienização das Mãos (Global Hand Washing Day) existe desde 2008, criado por uma iniciativa público-privada e apoiado pela OPAS/OMS (Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde), mas cai “como uma luva” agora no combate a Covid-19.
Para quem utiliza as mãos como guias, então, como é o caso das pessoas com deficiência visual, os cuidados precisam ser redobrados. “Com a pandemia, a gente, que é cego e utiliza o toque como referência e orientação, tem redobrado os cuidados. Eu, particularmente, quando saio de casa, tento me policiar para não tocar no meu rosto, mesmo usando álcool em gel. Ao chegar em casa, deixo o tênis na entrada e já procuro tomar banho e trocar de roupa”, relata o pivô Nonato, um dos maiores artilheiros da história da equipe de futebol de 5 do Brasil.
Nona, como é carinhosamente conhecido pelos colegas, conta que simples situações da rotina se tornaram verdadeiros alertas. Ele cita o exemplo de encomendas ou correspondências que chegam da rua. “Fico com a mão ‘engessada’. Enquanto não lavo ou uso álcool em gel, saio com as mãos meio travadas pela casa procurando não tocar em nada”, explica.
A ala Jéssica Vitorino, da Seleção Brasileira de goalball, tornou o álcool em gel um aliado para todos os momentos do dia: “Sempre quando entro no ônibus, passo o álcool. Antes de começar o treino, já vou até a torneira lavar as mãos com sabonete. Ao fim dele, também troco de roupa e lavo as mãos novamente antes de sair. Eu prefiro até lavar as mãos do que passar o álcool, procuro ter esse cuidado”, afirma.
Também atleta do goalball, o ala/pivô Romário reconhece a dificuldade extra que vem enfrentando para evitar a contaminação. “A gente é muito acostumado com o tato, tudo queremos pegar com as mãos. Hoje sabemos que vivemos uma situação muito complicada, então temos de ter muita atenção com os hábitos do dia a dia”, diz.
O atleta bicampeão mundial cita situações corriqueiras que ganharam a atenção redobrada desde o início da pandemia: “Sempre que uso a bengala, tenho de higienizar as mãos e a própria bengala. Em locais públicos, evito usar o corrimão, acabo pedindo ajuda a funcionários. A gente também anda muito de Uber, então, quando entra e sai do carro, precisa higienizar as mãos. Além disso, o cego tem muito hábito de cumprimentar abraçando, tocando. Hoje tem de ser no soquinho, batendo um pé no outro (risos)”, comenta.
Recomendações específicas
Já no ano passado, a Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB) divulgou uma lista de orientações úteis para a prevenção da contaminação do vírus na comunidade de pessoas cegas e com baixa visão. São elas:
– higienização das bengalas com água e sabão ou álcool líquido a 70%, uma vez ao dia ou sempre após deslocamento externo;
– higienização de óculos e lentes diariamente;
– ao aceitar ajuda de outras pessoas na rua, pegue no ombro, em vez do cotovelo, porque a recomendação é tossir e espirrar no antebraço;
– sempre que possível, evite o contato com outras pessoas, apertos de mão, abraços e beijos no rosto;
– ao ter contato com outras pessoas na rua, lave o rosto com água e sabão, principalmente o nariz, com água em abundância;
– evite levar as mãos aos olhos, nariz e boca;
– pacientes com doenças oculares devem evitar o contágio, pois ele pode ocasionar o agravamento da doença, principalmente em pessoas com baixa visão;
– não compartilhe toalhas (principalmente de rosto) e dê preferência ao papel toalha descartável em locais de uso coletivo.
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