Deficiência visual impõe cuidados redobrados na pandemia
Dia Mundial da Higienização das Mãos traz campanha educativa pelo 13º ano consecutivo, mas ganha significado especial no combate ao coronavírus
Dia Mundial da Higienização das Mãos traz campanha educativa pelo 13º ano consecutivo, mas ganha significado especial no combate ao coronavírus
Em tempos de pandemia, nada mais atual do que o kit máscara e álcool gel, manter o distanciamento social e, claro, a higienização das mãos. Neste ano, o 5 de maio, data que marca uma campanha educativa pelas mãos limpas, ganha significado especial.
É que o Dia Mundial da Higienização das Mãos (Global Hand Washing Day) existe desde 2008, criado por uma iniciativa público-privada e apoiado pela OPAS/OMS (Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde), mas cai “como uma luva” agora no combate a Covid-19.
Para quem utiliza as mãos como guias, então, como é o caso das pessoas com deficiência visual, os cuidados precisam ser redobrados. “Com a pandemia, a gente, que é cego e utiliza o toque como referência e orientação, tem redobrado os cuidados. Eu, particularmente, quando saio de casa, tento me policiar para não tocar no meu rosto, mesmo usando álcool em gel. Ao chegar em casa, deixo o tênis na entrada e já procuro tomar banho e trocar de roupa”, relata o pivô Nonato, um dos maiores artilheiros da história da equipe de futebol de 5 do Brasil.
Nona, como é carinhosamente conhecido pelos colegas, conta que simples situações da rotina se tornaram verdadeiros alertas. Ele cita o exemplo de encomendas ou correspondências que chegam da rua. “Fico com a mão ‘engessada’. Enquanto não lavo ou uso álcool em gel, saio com as mãos meio travadas pela casa procurando não tocar em nada”, explica.
A ala Jéssica Vitorino, da Seleção Brasileira de goalball, tornou o álcool em gel um aliado para todos os momentos do dia: “Sempre quando entro no ônibus, passo o álcool. Antes de começar o treino, já vou até a torneira lavar as mãos com sabonete. Ao fim dele, também troco de roupa e lavo as mãos novamente antes de sair. Eu prefiro até lavar as mãos do que passar o álcool, procuro ter esse cuidado”, afirma.
Também atleta do goalball, o ala/pivô Romário reconhece a dificuldade extra que vem enfrentando para evitar a contaminação. “A gente é muito acostumado com o tato, tudo queremos pegar com as mãos. Hoje sabemos que vivemos uma situação muito complicada, então temos de ter muita atenção com os hábitos do dia a dia”, diz.
O atleta bicampeão mundial cita situações corriqueiras que ganharam a atenção redobrada desde o início da pandemia: “Sempre que uso a bengala, tenho de higienizar as mãos e a própria bengala. Em locais públicos, evito usar o corrimão, acabo pedindo ajuda a funcionários. A gente também anda muito de Uber, então, quando entra e sai do carro, precisa higienizar as mãos. Além disso, o cego tem muito hábito de cumprimentar abraçando, tocando. Hoje tem de ser no soquinho, batendo um pé no outro (risos)”, comenta.
Recomendações específicas
Já no ano passado, a Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB) divulgou uma lista de orientações úteis para a prevenção da contaminação do vírus na comunidade de pessoas cegas e com baixa visão. São elas:
– higienização das bengalas com água e sabão ou álcool líquido a 70%, uma vez ao dia ou sempre após deslocamento externo;
– higienização de óculos e lentes diariamente;
– ao aceitar ajuda de outras pessoas na rua, pegue no ombro, em vez do cotovelo, porque a recomendação é tossir e espirrar no antebraço;
– sempre que possível, evite o contato com outras pessoas, apertos de mão, abraços e beijos no rosto;
– ao ter contato com outras pessoas na rua, lave o rosto com água e sabão, principalmente o nariz, com água em abundância;
– evite levar as mãos aos olhos, nariz e boca;
– pacientes com doenças oculares devem evitar o contágio, pois ele pode ocasionar o agravamento da doença, principalmente em pessoas com baixa visão;
– não compartilhe toalhas (principalmente de rosto) e dê preferência ao papel toalha descartável em locais de uso coletivo.