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Caso Saul Klein: mulheres denunciam oferta de recompensa para mudar de lado

Áudio foi veiculado nesta quarta-feira pelo Portal Uol; relato envolve duas  garotas que dizem ter sido vítimas de estupro

  • Grupo de Mulheres acusa Saul Klein de realizar festas e obrigá-las a ter relações sexuais, mas defesa diz que eram consensuais.
    Foto: Reprodução/Fantástico-TV Globo.
  • Por: Gislayne Jacinto
  • Publicado em: 10/03/2021
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Áudio foi veiculado nesta quarta-feira pelo Portal Uol; relato envolve duas  garotas que dizem ter sido vítimas de estupro

 

Grupo de Mulheres acusa Saul Klein de realizar festas e obrigá-las a ter relações sexuais, mas defesa diz que eram consensuais. Foto: Reprodução/Fantástico-TV Globo.

 

Mais um escândalo envolve o empresário Saul Klein, herdeiro das Casas Bahia e que já teve posições de destaque em São Caetano como investidor do AD São Caetano e candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Fábio Palacio (PSD) nas últimas eleições, realizadas em novembro de 2020.

Dessa vez a denúncia envolve oferta de “recompensa” a duas mulheres que acusam o empresário de aliciamento e estupro. Elas fazem parte de um grupo de 14 mulheres que afirmam ter sofrido abusos durante festas promovidas pelo empresário.

O áudio com a oferta de recompensa foi divulgado nesta quarta-feira (10/03) pelo Portal UOL. Em um dos trechos, um homem fala para uma mulher ir até o condomínio para falar com “o caseiro”.  “Só precisa mudar de lado, você vai ser muito bem recompensada”, afirmou a voz masculina. Os telefonemas teriam sido feitos de números desconhecidos na tarde da última sexta-feira (05/03).

Segundo o áudio divulgado pelo UOL, em outra ligação, a mesma voz diz: “O patrão pediu para te passar o recado. Quer saber se está disposta a mudar de lado. Vai ser muito bem recompensada, só tem que dar um jeito de vir ao condomínio, e pedir para chamar o caseiro. Você vai ser muito bem recompensada”.

A reportagem do ABCD Jornal procurou os advogados de Saul Klein, mas até o fechamento da reportagem não haviam dado retorno, mas ao UOL disseram que o empresário não fez nem autorizou ninguém a fazer os telefonemas em seu nome.

A reportagem também procurou Fabio Palacio para comentar o assunto, mas ele não retornou até a conclusão da matéria. Saul foi o principal financiador da campanha de Palacio: R$ 200 mil, mas depois do escândalo envolvendo o suposto estupro de mulheres, o empresário se afastou das funções políticas e não disputará mais eleições. Ele também se desligou de funções esportivas. O herdeiro das Casas Bahia sempre ressaltou as conquistas da equipe enquanto esteve à frente do Azulão, como o Campeonato Paulista de 2004 e os vice-campeonatos brasileiros de 2000 e 2001, além da Libertadores de 2002, a Copa Paulista de 2019 e o Paulista A2 de 2020.

Entenda o caso

 

Caso Saul Klein: mulheres denunciam oferta de recompensa para mudar de lado. Foto: Reprodução: Fantástico-TV Globo

 

O Ministério Público investiga a denúncia feita por 14 mulheres, em novembro do ano passado, por aliciamento e estupro. Em 2020, a Justiça autorizou medida protetiva às mulheres e reteve o passaporte do empresário, o impedindo de se aproximar das supostas vítimas.

Em 2 de novembro de 2020, durante o período eleitoral, o ABCD Jornal foi o primeiro veículo de comunicação a publicar reportagem que mostrava uma certidão apresentada à Justiça Eleitoral de São Caetano em que citava Saul Klein (PSD), então candidato a vice-prefeito, como “averiguado” em inquérito policial cujo assunto foi “favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável”.

Em fevereiro deste ano, outras 18 mulheres pediram para serem incluídas na ação movida pelas 14 mulheres, mas juiz Fábio Calheiros do Nascimento, da 2ª Vara Criminal de Barueri, revogou todas essas medidas protetivas em 2 de março.

Segundo as denúncias investigadas pelo Ministério Público, desde 2008 Saul Klein realizava festas que duravam dias e reuniam dezenas de garotas na residência do empresário, em Alphaville, e também em seu sítio, em Boituva.

As mulheres afirmam que eram estupradas e que eram obrigadas a manter relações sexuais com Klein sem o uso de preservativos e que recebiam entre R$ 3 mil e R$ 4 mil por semana.

Os advogados de defesa têm negado os estupros e afirmam que Saul Klein era um  “sugar daddy” , que significa homens mais velhos que têm o fetiche por bancar financeiramente mulheres mais novas em troca de carinho e relações sexuais. A defesa alega que todas as relações eram consensuais.