O Caps Jardim, em Santo André, tem utilizado arte para promover transformação social. Com a criação do grupo Cativa Samba, em todas as sextas-feiras os usuários se reúnem para tocar, cantar e dançar.
A atividade, desde que iniciada, tem mudado o comportamento dos usuários do serviço de saúde, que cantam juntos em uma só voz, dançando sem medo ou vergonha.
“O intuito do samba é a evolução do paciente que aprende a tocar um instrumento e ter o próprio protagonismo. Eles evoluíram muito, no começo não saia samba, mas hoje temos um samba legal. O projeto é esse. Atualmente o grupo é composto por cerca de 16 pessoas, entre profissionais e usuários. Tinha usuário que não falava, não interagia e não se expressava. Hoje eles estão totalmente diferentes e é essa a nossa intenção”, diz o técnico de enfermagem Ronaldo Alves da Silva.
A música contribui com o desenvolvimento de inúmeras habilidades como autodisciplina, paciência, sensibilidade, coordenação, além de proporcionar a capacidade de memorização e de concentração.
Um dos integrantes do grupo é Hilton Alves da Silva de Lima, de 33 anos, que é usuário da rede há mais de dez anos. Seu primeiro contato com a música ocorreu ainda na infância, tocando pandeiro. “Eu toco tantanzinho e tinha um grupo com os meus primos. Comecei a tocar pandeiro quando eu tinha oito anos de idade. Eu passei aqui na unidade em 2011 e desde então começamos a praticar. Toda sexta-feira a gente ensaia e até saímos para fazer show”, pontua.
Adenilton Alves é usuário do serviço desde 2006 e relata que sempre se esforça para ser o melhor. “A gente faz de tudo, não somos doidos, a gente toma remédio, como quem toma remédio para diabete, vamos atrás dos nossos direitos, cantamos, dançamos e evoluímos sempre”, conta o usuário da rede, que demonstrou que tem muito energia e samba no pé durante a atividade.
O grupo também realiza apresentações externas em locais como a Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), Universidade Anhanguera e Centro POP. “Temos intenção de circular também fora da rede de saúde, levando o projeto para a rede de produção artística de Santo André e do ABC”, comenta o monitor de oficina terapêutica, Augusto Lopes Ferreira.
O Caps possui diversas atividades terapêuticas que são realizadas dentro ou fora da unidade. O cuidado também é estendido para a família do usuário, no grupo de família. “Esse grupo é importante para fazer toda abordagem terapêutica com a família, que muitas vezes não entende o tratamento ou a doença. Além do cuidado oferecido ao usuário, a assistência se estende para família”, explica a enfermeira Vanessa Lachi.
O Caps também explora as habilidades artísticas por meio do Sarau Violão e Poesia. Diagnosticada com transtorno bipolar, Maria de Lourdes Oliveira Ferreira, de 69 anos, passa no Caps há cerca de um ano e relata que o sarau é a sua atividade preferida.
“Muita coisa mudou depois que eu comecei a passar aqui. Minha família é outra comigo. O Caps me ergueu em todos os sentidos, minha família viu a melhora e está confiante. Eu gosto muito do Sarau e do grupo de samba. A atividade terapêutica que eu mais gosto é o Sarau”, diz a usuária do serviço.
O Caps reúne muitos usuários com aptidão e que se expressam através da arte. Arturo Peduzzi, de 64 anos, é um poeta nato que encanta profissionais e usuários com as suas poesias. “Uma moça estava chorando muito ao lado do caixão do avô e eu falei uma poesia para ela e esse presente fez bem para ela. Ela parou de chorar e ficou mais tranquila”, confidencia.
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