Câmara de S.Caetano aprova comissão de ética contra vereadora Bruna
Governistas alegam que mandato coletivo encabeçado por Bruna Chamas Briondi incentivou invasão de espaços públicos
Governistas alegam que mandato coletivo encabeçado por Bruna Chamas Briondi incentivou invasão de espaços públicos
A Câmara de São Caetano aprovou nesta terça-feira (08/06) uma comissão de ética para avaliar o comportamento da vereadora Bruna Chamas Briondi (Psol), que encabeça o mandato coletivo Mulheres por Mais Direitos. O argumento usado por Gilberto Costa, líder do governo na Câmara, é de que houve incentivo à invasão de espaços públicos entre eles o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) e do Clube Fundação. A invasão foi feita por famílias que ocupavam o terreno do antigo edifício Di Thiene, demolido em 2019 após desabar parcialmente.
Primeiramente, a ocupação foi do próprio terreno onde ficava o prédio, mas a Justiça determinou a remoção das famílias e o movimento decidiu por invadir primeiramente o Cras e depois o clube.
Gilberto Costa afirmou que foram instauradas duas comissões, sendo uma para apurar desde a ocupação do edifício Di Thine até sua demolição em 2019 e a outra para investigar as ações das vereadora.
“A primeira comissão vai trazer desfecho e mostrar quem é invasor, quem pagou pelo espaço e também quem é oportunista nesta situação. A segunda comissão vai avaliar vídeos, fotos e posicionamento da vereadora Bruna. Se houve falhas por parte dela, os vereadores vão analisar que tipo de punição cabe dentro da Constituição”, afirmou Gilberto ao citar advertência, suspensão do mandato ou até cassação.
A Comissão do Edifício Di Thiene será composta por Jander Lira, Daniel Córdoba e Gilberto Costa. A segunda será nomeada pelo presidente da Câmara, Pio Mielo, em até dez dias e serão escolhidos de três a cinco membros, entre eles o autor do pedido de comissão de ética.
Além de Bruna, os vereadores de oposição votaram contra a comissão. São eles: Jander Lira, Ubiratan Figueiredo e Américo Scuglia, todos eleitos na última eleição na chapa de Fabio Palacio (PSD).
Jarder afirmou que votou contra porque a Câmara não tem um Código de Ética. “Essa ação foi meramente política e tem por objetivo casar o mandato da vereadora. Trata-se de uma perseguição e ela poderá recorrer à Justiça, pois não temos um código de ética na Casa. Não querem apurar e esse requerimento é ilegal”, argumentou o vereador.
O vereador Ubiratan Figueiredo diz não ter visto motivo para a comissão de ética, “Entendemos que o vereador é a figura política mais próxima da população. Somos nós que representamos diretamente os anseios dos cidadãos e cobramos soluções rápidas do Poder Público. A função do vereador vai além de apenas fazer leis, ele é o braço direito do povo e por isso, até o presente momento, não vi justo motivo para abertura dessa comissão de ética”, disse.
Cesar Oliva diz ser contrário por conta do Regimento interno da Câmara. “Pelo fato de não termos previsão regimental e não termos um código de ética aprovado na câmara para poder instaurar uma comissão para apurar conduta de vereadores, uma questão puramente legal. Sem código de ética não há que se falar em instauração de comissão de ética, sob pena de criar algo ilegal, inconstitucional e sem segurança jurídica”, afirmou.
O vereador Américo disse que considera a atitude de investigar a vereadora como “machista e oportunista. “Votei contra a instauração da comissão de ética , pois ela já começou contra uma única vereadora do Psol. Vejo como uma atitude machista e também oportunista . As meninas do Psol são um movimento legítimo, Agora, dizer que elas invadiram não é justo. É uma causa que está há quase dois anos sendo discutida. Elas sequer eram vereadoras na época. Então, a causa começou bem antes de elas serem vereadoras. Não acho que colocar toda a culpa nelas seja o caminho mais correto”, disse.
Gilberto Costa contestou o posicionamento. “Esses vereadores de oposição vivem fazendo requerimentos e pedindo apuração contra tudo. Muito estranho eles votarem contra uma investigação que envolve invasão de espaços públicos”, disse o líder do governo Tite.
Vereadora
Feminista, Bruna é a vereadora mais jovem da história da cidade. Ela compõe um mandato coletivo junto com Paula Aviles e Fernanda Gomes, eleito com mais de 2 mil votos.
“O mandato coletivo está sendo perseguido por cumprir o seu papel e apoiar movimentos sociais. Em plena pandemia, ao invés de apoiar a população, a Câmara quer atacar a democracia! Uma casa com 80% de vereadores homens quer cassar um mandato coletivo, feminista e de esquerda”, afirmou nota do Psol.
Leia nota do mandato coletivo do Psol:
“O Mandato Coletivo das Mulheres por + Direitos esteve presente na ocupação do prédio Di Thiene para garantir condições básicas de higiene e alimentação para as pessoas que ali estavam, servindo como ponte para negociações e acompanhando os desdobramentos para o cumprimento integral das ordens jurídicas que não estavam sendo respeitadas pela prefeitura tratando de forma desumana as famílias que ali se encontravam.
O mandato não esteve e nem está à frente de nenhuma organização de ocupação, como afirma mentirosamente a direita, nós e o PSOL respeitamos a autonomia dos movimentos sociais. Não há nenhum motivo legal para punirem o nosso mandato! Mesmo assim, através do líder de governo a base dos apoiadores de Tite Campanella (Cidadania) na Câmara aprovaram uma Comissão Especial de Ética para perseguir o nosso mandato!
O que está acontecendo é uma perseguição política dos aliados à base governista da cidade, propagando fake news ao estilo bolsonarista, usando desses métodos para perseguir e tentar calar um mandato de esquerda, ativo e fiscalizador que atua e atuará de forma efetiva na cidade, fiscalizando a garantia de Direitos Humanos à população”.