“Vou-me embora para a pasárgada, lá sou amigo do rei”. Tal qual o poema mais conhecido de Manuel Bandeira, o próprio autor é recorrente no imaginário brasileiro. Considerado um dos maiores expoentes da poesia brasileira, o escritor possui uma das maiores obras poéticas da moderna literatura brasileira, dentre poesias, prosas, antologias e traduções, sendo figura-chave do modernismo no país.
Tamanha importância para a história cultural do Brasil, o autor dá nome a uma das mais antigas – e importantes – bibliotecas de São Bernardo. A Biblioteca Pública Municipal Manuela Bandeira, foi a 4ª unidade a compor a rede de bibliotecas da cidade. Inaugurada em 10 de março de 1979, ela fechou as portas em 2020, no meio da pandemia da covida-19.
Neste sábado (14/4) o prefeito Marcelo Lima assinou a ordem de serviço para a reforma e revitalização do espaço que voltará a abrigar a biblioteca no térreo e também será a sede da Secretaria de Cultura, com todos os departamentos da pasta voltando a dividir o espaço, no 1º andar do edifício. A ação faz parte do calendário dos 100 dias da nova gestão.
“São 102 dias de muito trabalho árduo. Hoje é dia do resgate da cultura e da memória de São Bernardo. Um espaço como este não deveria ter fechado. Ele é do povo, é da cultura popular da cidade. A cultura da nossa cidade ficou um tempo perdida, mas estamos aqui, trabalhando incansavelmente para que essa biblioteca esteja recebendo a população em breve. Uma cidade sem memória não existe”, salientou o prefeito Marcelo Lima.
O prédio, que fica no mesmo complexo do CREC Baetinha (Rua Bauru, 21 – Baeta Neves) receberá diversas melhorias estruturais: Manutenção no piso; Manutenção na iluminação e elétrica; Pintura interna e externa; Manutenção do forro; Implantação de sanitário acessível no andar da Biblioteca; Nova infraestrutura logica contemplando rede WI-FI para o público; Novo layout para atendimento ao público.
Além das intervenções na Biblioteca Manuel Bandeira, o andar superior também passará por reforma completa para abrigar a sede da Secretaria Municipal de Cultura com novo layout, que comportará todos os departamentos, otimizando o fluxo e organização dos processos de trabalho, devolvendo ao público as salas dos prédios da Pinacoteca, Teatro Abílio, Dajuv e Biblioteca Monteiro Lobato, antes ocupadas por setores da Secretaria. O investimento se dá no valor de quase R$ 900 mil.
“Agradeço ao prefeito Marcelo Lima que tem esse olhar de valorização da cultura e sabe da importância de uma biblioteca, e do quanto significa a reabertura dessa biblioteca. Para nós que vivemos a cultura de São Bernardo, é uma conquista. A cultura é o que movimenta a cidade. Agradeço todo o time da secretaria que também acreditou que podemos fazer a diferença para a população”, acrescentou a secretária de cultura do município, Samara Dinis.
HISTÓRIA DE INFÂNCIA
Quem também se emocionou com o retorno da Biblioteca Manuel Bandeira foi o escritor Manoel Filho, nascido e criado em São Bernardo. Autor de mais de 50 livros, dentro eles o ‘Cidade da Criança, uma história de muitas infâncias”. Em 2008, recebeu o prêmio Jabuti de literatura. “Estive aqui em 79, na inauguração da biblioteca, criança e hoje volto aqui, para uma nova história desse espaço como escritor. É muito simbólico. É definitivamente o resgate de uma parte essencial da cultura da nossa cidade”.
46 ANOS DE CULTURA
A Biblioteca Pública Municipal Manuel Bandeira foi inaugurada em 10 de março de 1979 na concepção de Centro Recreativo, Esportivo e Cultural – CREC, teve seu projeto arquitetônico assinado por um escritório paulista sob coordenação de Maurício Kogan, mesmo arquiteto idealizador do Edifício do Banco Safra, da Av. Paulista, que também foi parceiro profissional de Burle Marx.
Na ocasião de sua inauguração ocupava os 3 andares do edifício, sendo no térreo o acervo circulante ou de empréstimos, no 1º andar o acervo infanto-juvenil e uma brinquedoteca e, no subsolo o acervo fixo, aquele utilizado para consultas e pesquisas e ainda, o Auditório João Domingues Tavares. Com as mudanças históricas incorporou à suas instalações a Divisão de Bibliotecas Públicas, e posteriormente a Secretaria de Cultura como um todo.
Sem perder seu propósito de atuar social e culturalmente na região, atendeu ao longo dos anos crianças, adolescentes, donas de casa, alunos da ETE e Senai, e até mesmo alguns moradores da divisa de Santo André. Além dos empréstimos de livros, sempre atuou com ações diversas de cunho artístico e cultural, de oficinas à hora do conto. Nos últimos anos recebeu muitos idosos que participavam de ações como cineclubes, rodas de leitura e conversa e contações de histórias. Já nos anos 2000, realizou parceria com a UBS da região num projeto de biblioterapia para cuidadores, com objetivo de cuidar de quem cuida.
