Artigo: O lado devastador do bullying
Neuropsicopedagoga Cibele Brisola aborda o tema diante dos últimos acontecimentos envolvendo ataque em escola
aborda o tema diante dos últimos acontecimentos envolvendo ataque em escola
Lidar com o lado devastador do bullying e transtornos do neurodesenvolvimento que podem levar ao isolamento social, tornou-se um tema crítico nos últimos anos, à medida que histórias trágicas de vítimas que, em um ato extremo de desespero, tomam decisões irreversíveis, chocam a sociedade.
Desde casos de suicídios a episódios assustadores de jovens que voltam suas dores em forma de violência contra seus agressores, testemunhamos uma dinâmica alarmante e perturbadora.
Nos últimos anos, houve um aumento no número de casos de crianças que cometem suicídio ou assassinatos dos agressores após sofrerem bullying.
Mas, também podemos analisar por outras perspectivas que deveriam ser identificadas na escola.
O ataque em uma escola estadual na Zona Leste de São Paulo, que deixou uma estudante sem vida e outros três feridos, é um evento trágico e que merece ser analisado sob diferentes perspectivas, incluindo a neuropsicopedagogia.
Claro, que tão somente a ausência de recursos mitigariam os incidentes, mas poderiam no mínimo identificar sofrimentos no neurodesenvolvimento do indivíduo.
A neuropsicopedagogia é uma área do conhecimento que estuda as relações entre o cérebro, o comportamento e o aprendizado. A partir dessa perspectiva, é possível identificar alguns fatores que podem ter contribuído para o ocorrido.
Alguns transtornos mentais, como a esquizofrenia e o transtorno bipolar, podem estar associados a comportamentos violentos. No entanto, é importante ressaltar que esses transtornos são raros na população geral.
No caso específico do adolescente que realizou o ataque, não há informações sobre seu histórico médico. No entanto, é possível que ele tenha apresentado algum tipo de alteração biológica que tenha facilitado o comportamento violento.
O ambiente também pode ter um papel importante na violência. Em ambientes violentos, as pessoas estão mais propensas a se envolver em comportamentos agressivos.
Veja que 2022, por exemplo, um menino de 14 anos tirou a vida de dois colegas de escola e depois a sua em uma escola de Suzano, no estado de São Paulo. O menino foi vítima de bullying por ser considerado diferente pelos colegas.
Outro caso que ganhou destaque na mídia foi o de um menino de 12 anos que tirou a própria vida após sofrer bullying na escola. O menino era vítima de bullying por ser obeso.
Infelizmente essas histórias são apenas uma pequena fração de um problema muito mais amplo e sistêmico.
Então, refletimos que falta de recursos e atenção para a saúde mental nas escolas tem contribuído para uma lacuna crítica na identificação precoce e no tratamento do sofrimento psicológico e do neurodesenvolvimento dessas crianças.
As vítimas muitas vezes são silenciadas ou desconsideradas, enquanto os agressores são deixados impunes, o que pode levar a uma escalada de perigo de hostilidade e desespero.
A atenção de psicólogos e profissionais de saúde mental dentro do ambiente escolar cria um pacote significativo. Além disso, as escolas precisam capacitar os professores e funcionários para identificar e lidar com os casos de bullying e transtornos de outra ordem biológica.
Até porque quando falamos de Brasil principalmente, temos os pais que precisam trabalhar o dia todo, então as escolas de modo geral, precisam ser mais efetivas nesse combate.
Investir em psicólogos, neuropsicopedagogos e assistentes sociais, palestras, cultura de paz são ferramentas para atender as crianças que sofrem bullying e transtornos do neurodesenvolvimento, não é o suficiente, o tratamento envolve muito mais que isso, envolve acolhimento, mas o acolhimento implica em estar presente para estas vítimas, e em muitos casos serão necessários remédios e acompanhamento médico psiquiátrico.
A saúde mental das crianças já sofre com as alterações do neurodesenvolvimento normal, mas são mais suscetíveis às mudanças devido aos atos da sociedade. Uma sociedade violenta e corrupta corrobora com as ações inesperadas, a sensação de impunidade e de que nada será feito, não acontece somente aos que sofrem bullying e outros distúrbios biológicos, mas se agrava na saúde mental desses indivíduos.
É imperativo que os sistemas educacionais e as comunidades em geral priorizem o investimento em recursos de saúde mental e desenvolvam protocolos abrangentes para lidar com o bullying em todas as suas manifestações.
Nunca devemos subestimar o impacto duradouro do bullying e suas consequências emocionais. A prevenção eficaz exige não apenas a implementação de políticas robustas, mas também uma mudança cultural que promova a empatia, a compaixão e o respeito mútuo entre os alunos. Somente com esforços coletivos e uma abordagem holística podemos esperar garantir um futuro mais seguro e saudável para todas as crianças.