O cenário político em Santo André começa a esquentar por conta das articulações que visam as eleições municipais de 2020. O ex-vereador e ex-secretário de Desenvolvimento Econômico da cidade Ailton Lima é presidente do PSD na cidade e esteve São Paulo nesta terça-feira (23/04), na Assembleia Legislativa, para uma reunião com o deputado estadual Caio França (PSB), filho do ex-governador Márcio França, que deve disputar a Prefeitura de São Paulo no ano que vem.
Ao tomar conhecimento do encontro, o prefeito Paulo Serra (PSDB) afirmou que trata-se de uma articulação que visa indicar Ailton como seu candidato a vice em Santo André. O pré-candidato a prefeito não gostou da declaração do tucano e afirmou que o prefeito deveria respeitar o atual vice-prefeito Luiz Zacarias (PTB) que o ajudou em sua eleição em 2016.
Abaixo, seguem trechos da entrevista concedida com exclusividade aos jornalistas Gislayne Jacinto e Leandro Amaral.
Pergunta – A partir da repercussão em que o prefeito disse que a reunião do senhor com o deputado Caio França foi para discutir a indicação de vice na chapa dele no ano que vem, como recebeu a afirmação? Tem a pretensão de ser o vice de Paulo Serra?
Ailton Lima – O prefeito é muito pretensioso. Não discutirmos nada disso. Passou longe disso, não há mínima possibilidade. Quem nos conhece sabe que em 2016 saímos desacreditados como candidato a prefeito e levamos até o final e quase chegamos lá. E não vai ser diferente dessa vez. Agora, o cenário está bem melhor. Essa declaração é coisa de menino minado. Fui secretário dele e me dediquei bastante e os números foram bem colocados. Da nossa parte, o fato de ter sido secretário já está superada. Acho um desrespeito com o atual vice Luiz Zacarias, que está sendo desabonado. O vice o ajudou com muitos votos na Vila Palmares. O marketing transformou o Paulinho em Paulo Serra, mas ele precisa governar. Ele deveria se preocupar com o governo dele, tem muita maquiagem, ele precisa de mais maturidade e menos brincadeiras.
Pergunta – Mas existe a possibilidade de ir para o PSB?
Ailton Lima – Houve uma acolhida boa da parte do deputado Caio Franca, que quer um encontro com Márcio França, que deve sair candidato a prefeito de São Paulo. Isso não está colocado, sou presidente do PSD e Gilberto kassab me deu bastante apoio. Já fui do PSB em minha primeira eleição para vereador. Nutrimos muita amizade, a receptividade agradou, mas estou presidente do PSD e mudar de partido não está em pauta.
Pergunta – O que o senhor pensa do governo Paulo Serra?
Ailton Lima – O problema é que o prefeito não pensa antes de tomar decisões. Ele acha que pode governar ele e o marqueteiro dele, há muita arrogância do prefeito. Nossa administração será diferente, fruto de muitas discussões com a sociedade.
Pergunta – O prefeito recebeu quase 80% dos votos válidos nas eleições de 2016. O senhor acha que seu governo não superou as expectativas dos moradores?
Ailton Lima – Foi uma eleição de momento, pois o eleitor tinha desejo de fazer a mudança. O voto do Paulinho é sazonal, volátil, não é voto dele, foi de ocasião. Houve a onda João Dória para a prefeitura de São Paulo e isso o ajudou, havia a onda azul em 2016. Não é capital político do Paulinho. O voto do Paulinho vamos ver no ano que vem. No ano passado, também houve a onda Bolsonaro, mas não dá para falar que 55 milhões de votos são todos eleitores dele. Não estou falando mal do Bolsonaro, porque eu também fui eleitor dele, mas estou dizendo que vivemos duas ondas, a do azul que foi o 45 e agora a onda 17. Quem foi eleito nas ondas não pode sentir que tem um patrimônio político. No caso de Santo André, em 2016, existia um desejo de mudança de tirar o PT, que quebrou nossa cidade e o País.
Pergunta – Como está sua articulação com relação a apoios para 2020?
Ailton Lima – Tenho tido muita facilidade. Houve muita procura e já temos 96 pré-candidatos a vereador. Na eleição de 2016, saímos com apenas 31. A eleição deve ser polarizada. O PT deve ter entre 18% e 20%, que é o eleitorado próprio do partido, o prefeito buscará a reeleição e nós entraremos como a terceira via.
Pergunta – O fato de o senhor ter sido secretário de Desenvolvimento Econômico na atual gestão criará dificuldades na hora de pedir votos?
Ailton Lima – Se fosse assim, o Paulinho não teria sido eleito em 2016, pois foi secretário do PT por quase três anos. Eu fui secretário do Paulinho durante 1 ano e dois meses, mas vi que era um governo da fantasia.
Pergunta – O prefeito tem levado para o governo algumas lideranças como o ex-deputado Pastor Bittencourt e o vereador Almir Cicote. O senhor acha que ele deseja tirar dessas lideranças a possibilidade de disputarem as eleições para o Paço?
Ailton Lima – Ele está tirando lideranças do caminho dele para facilitar a eleição. Ele fez isso comigo também. Eu pensava que ele tinha me chamado para pensar e ajudar o governo, mas a ideia dele era jogar no ‘almoxarifado’ e cair no esquecimento. Ele tem medo de contrapontos e eu farei os contrapontos. Na realidade, a intenção dele é disputar com Carlos Grana, do PT, para poder fazer ter comparativos de gestões. Hoje vemos um PT tranquilo na cidade com relação ao atual governo, bem diferente do partido que fez uma oposição ferrenha no governo de Aidan Ravin. Não há mais os debates acalorados de vereadores do PT. Isso causa estranheza de como caminham o PSDB e o Partido dos Trabalhadores.
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