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A reciclagem do design começa na entrada, não na saída

Segundo estudo da Abrelpe , divulgado em 2022, 74% dos municípios brasileiros contam com alguma iniciativa de coleta seletiva

  • A reciclagem do design começa na entrada, não na saída.
    Foto: Divulgação
  • Por: Redação
  • Publicado em: 17/11/2023
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Segundo estudo da Abrelpe , divulgado em 2022, 74% dos municípios brasileiros contam com alguma iniciativa de coleta seletiva

Yuri Tomina

A reciclagem do design começa na entrada, não na saída. Foto: Divulgação

Ao final do café da manhã com sua família, uma pessoa pega a embalagem plástica que tinha manteiga e, feliz da vida, higieniza o produto e joga no lixo reciclável. O simples fato de poder encaminhar os resíduos para algum centro de reciclagem já eleva aquela família a um patamar privilegiado da sociedade brasileira. Segundo estudo da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), divulgado em 2022, 74% dos municípios brasileiros contam com alguma iniciativa de coleta seletiva, embora, em muitos casos, de forma incipiente.

Aos poucos, sociedade e indústria caminham para melhorar a forma como enxergamos o nosso consumo no dia a dia. Mais do que comprar uma manteiga, temos que entender que compramos também sua embalagem. E que o ciclo só se fecha quando aquela embalagem é reutilizada ou, seu material reprocessado, retornado para a cadeia produtiva. Aí sim o café da manhã estará terminado!

Esse mês comemoramos um ano do Cazoolo, o primeiro centro de desenvolvimento de embalagens para economia circular do Brasil. O espaço funciona como um laboratório colaborativo para que a indústria, startups, designers, gestores de marcas e universidades possam criar embalagens mais sustentáveis.

Mas você pode se perguntar: por que a Braskem (indústria petroquímica, idealizadora do Cazoolo) foi criar um lab de design? Porque, como diz o ditado popular, prevenir é melhor que remediar. Reparar e mitigar o impacto posterior à embalagem já ter sido produzida, comercializada, utilizada e descartada é mais complexo e custoso. Com o Cazoolo, invertemos essa ordem. A ideia é cocriar as embalagens do futuro, tendo a circularidade e a redução dos impactos ambientais das embalagens como ponto de partida dos projetos.

Vou dar um exemplo. A aplicação ou não, de cores, camadas (lâminas) ou materiais diferentes na composição acabam fazendo com que uma embalagem tenha maior ou menor atratividade para a indústria da reciclagem. Muitas vezes um elemento pode até ser reciclável, mas por decisões tomadas na época do seu design, acaba indo para aterros por não ter interesse econômico. Ou seja, mesmo que essa embalagem seja descartada corretamente por quem a utilizou e chegue à uma cooperativa de reciclagem, ela não será reciclada pois não há quem compre esse material para aplicar em um novo produto. Esse é o pior dos cenários. Não apenas o valor do material foi perdido, como também todo o esforço e recursos para descarte, coleta e separação foram desperdiçados. É a mesma sensação quando o pão cai com a manteiga virada para baixo.

Para termos uma ideia, segundo o estudo Melhorias ambientais por meio do desenvolvimento de produtos, publicado pela Universidade Técnica da Dinamarca, 80% do impacto ambiental dos produtos que consumimos são definidos no momento de sua criação. Este dado aponta para a real necessidade de reinventarmos várias etapas da jornada desses produtos, começando pelo design.

Aqui no Cazoolo, iniciativa pioneira no setor, criamos um ecossistema para cocriação, desenvolvimento e prototipagem de diferentes embalagens em um curtíssimo espaço de tempo. Temos máquinas de última geração, impressoras 3D, metodologia e uma equipe capacitada para criar o que ainda não foi criado. E mais, de graça.

Graças aos conceitos como Design for Environment (DfE) e Análise de Ciclo de Vida (ACV), hoje temos conseguido, antes de criar uma embalagem, definir o formato e a composição que o material deve conter para ele ser mais sustentável considerando todo o seu ciclo, da produção à distribuição, do uso ao descarte e posterior reinserção na cadeia produtiva.

Em um ano, recebemos presencialmente mais de 250 empresas, consultorias e associações que buscavam desenvolver embalagens sustentáveis. Um dos exemplos recentes de materialização dos nossos resultados foi a criação de uma embalagem stand-up pouch monomaterial para um composto orgânico de 2kg, o organo farelado, um fertilizante para plantas da Organosolví. A embalagem, fruto da parceria entre a Braskem, Antilhas e o Grupo Solví, une dois importantes conceitos de circularidade: ser feito de apenas um tipo de material, o que facilita sua reciclagem, e conter resina de origem reciclada pós-consumo em sua composição.

Outro exemplo é a embalagem stand-up-pouch 100% feita de polietileno para o Arroz Ritto, da marca Mãe Terra, também desenvolvida em parceria com a Antilhas. Essa cocriação fez com que, graças à uma tecnologia no processo de impressão patenteada com exclusividade pela Antilhas, a produção das embalagens proporcionasse redução de até 50% no consumo de energia elétrica, sem perder a qualidade de cor e brilho do material final, e redução de até 95% dos compostos orgânicos voláteis, fator que reduz a emissão de gases causadores do efeito estufa.

Além dessas soluções, também desenvolvemos sprints de inovação e design – experiências de imersão envolvendo times de embalagens, sustentabilidade, operações e desenvolvimento de produtos – com a Danone, Graham Packaging e Amazu Biomimicry e outro em conjunto com o Bergamotta Labs, hub de inovação da Grendene, focados para cocriação de novos modelos de embalagens a partir do design circular e da inovação.

Esses cases nos enchem de orgulho pelo seu significado e por representarem uma mudança na forma de pensar e projetar embalagens no Brasil. Mãe Terra, Organosolví, Danone e Grendene são referências que estão liderando a transformação para economia circular de embalagens em seus mercados. Porém, para potencializarmos esse movimento e provocarmos um impacto positivo nos índices de reciclagem e circularidade no Brasil, precisamos engajar cada vez mais marcas e parceiros, para mudarmos categorias de produtos inteiras. Com isso, gerando escala para a produção dessas alternativas mais sustentáveis, resíduos de maior valor para remunerar as cooperativas de reciclagem e materiais de maior performance para serem novamente transformados em novos produtos ou embalagens.

Nesse primeiro ano de Cazoolo, fomos reconhecidos como “Iniciativa do Ano 2022”, do Brasil Design Awards, na categoria Design ESG/Economia Circular, concedida pela ABEDESIGN, maior premiação do gênero no país. E recebemos o Worldstar Packaging Excellence, premiação concedida pela World Packaging Organization pelo case da embalagem de Arroz Ritto desenvolvida junto com a Antilhas. O maior prêmio, porém, é saber que estamos contribuindo com nosso compromisso de promover a circularidade das embalagens, impulsionando o empreendedorismo e a inovação no mercado brasileiro.

Sobre a Braskem

Orientada para as pessoas e para a sustentabilidade, a Braskem está engajada em contribuir com a cadeia de valor para o fortalecimento da Economia Circular. Os 9 mil Integrantes da petroquímica dedicam-se diariamente para melhorar a vida das pessoas por meio de soluções sustentáveis da química e do plástico. A Braskem possui DNA inovador e um completo portfólio de resinas plásticas e produtos químicos para diversos segmentos, como embalagens alimentícias, construção civil, industrial, automotivo, agronegócio, saúde e higiene, entre outros. Com 40 unidades industriais no Brasil, EUA, México e Alemanha, a companhia exporta seus produtos para Clientes em mais de 71 países.