Nos demais tipos de crimes, Santo André é a única do ABCD apontada pelo Ministério da Justiça entre as 163 cidades do País que concentram 50% das mortes violentas intencionais
Dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) apontam que Santo André é, disparada, a cidade mais violenta do Estado em termos de roubos e furtos de veículos no primeiro semestre.
De acordo com a Pasta, foram 401 crimes a cada 100 mil habitantes no período. A média do estado no período foi de 148 por 100 mil habitantes.
Os dados disponibilizados no portal da SSP envolvem todos os tipos de veículos, como carros, caminhões, motocicletas e caminhonetes.
Além de Santo André, Mauá e Diadema também são destaques e possuem as que têm as maiores taxas de incidência de roubos e furtos de veículos na região Metropolitana de São Paulo.
Roubos e furtos de veículos na Região Metropolitana:
Desmanches
Segundo especialistas, no ABCD e na Zona Leste de São Paulo que faz divisa com a região há muitos desmanches e, por isso, há uma facilidade maior de realizar fazer o esquema completo do crime, uma vez que quanto mais perto, menor é o risco de ser pego pela polícia.
Um caso de repercussão de roubo de carro em santo André aconteceu em 17 de fevereiro deste ano. O cantor Pericles, sua esposa, de 43 anos, e a filha, foram vítimas de um roubo na Rua Laureano, na Vila Camilópolis. A Land Rover Discovery do pagodeiro foi achada em desmanche ilegal, na Zona Leste da Capital Paulista.
O carro de luxo, avaliado em R$ 300 mil, foi encontrado desmontado e praticamente sem peças, na Zona Leste de São Paulo.
Outros tipos de crime
O Ministério da Justiça informou no último mês que Santo André está na lista dos 163 municípios prioritários do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci 2) por conta dos índices criminais. O órgão vai focar nos 163 municípios brasileiros que concentram 50% das mortes violentas intencionais. O objetivo nesses territórios, além de prevenir, é intensificar uma cultura de paz, de apoio ao desarmamento e de combate sistemático aos preconceitos de gênero, étnico, racial, geracional, de orientação sexual e de diversidade cultural.
De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2021, o país registrou 47.503 vítimas de mortes violentas intencionais – categoria que agrega vítimas de ocorrências de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte, feminicídio, mortes decorrentes de intervenção policial e vitimização policial. O levantamento exclusivo do Fórum foi feito especialmente para o Pronasci para mapear os territórios mais vulneráveis e direcionar as ações.
Para reduzir esse número e os índices de violência, foram estabelecidos cinco eixos no escopo do Pronasci, com foco em políticas públicas de prevenção de violência contra as mulheres, territórios vulneráveis, educação e trabalho para presos e egressos, apoio às vítimas da criminalidade e combate ao racismo estrutural.
“Acreditamos que é fundamental, nessa etapa do Pronasci, construir mecanismos e critérios para atuar em territórios que estão mais vulneráveis seja por uma perspectiva social, seja pelo aumento da violência. Por isso, a importância de concentrar os esforços das políticas públicas de prevenção e segurança cidadã nesses municípios que representam 3% do total de cidades do país, mas que concentram 50% das mortes violentas intencionais”, explicou a coordenadora do Pronasci, Tamires Sampaio.
De acordo com Tamires Sampaio, o perfil das vítimas apresentado no levantamento é um ponto de atenção determinante para as ações. “Além disso, ao avaliar o perfil das vítimas e perceber que 82% são negros e que destes municípios 9 possuem 100% das vítimas negras fica explícito a necessidade de um eixo focado no combate ao racismo estrutural.”
O ministro Flávio Dino lembra que é essencial a adesão de estados e municípios aos editais para fortalecer a segurança pública nos territórios mais vulneráveis, que são foco do Pronasci. “Temos editais abertos para segurança nas escolas, guardas municipais e para projetos culturais nos municípios atendidos pelo Pronasci. É importante que, além do governo do estado, as prefeituras participem dos nossos editais. É fundamental que essa integração se dê nos três níveis do governo”, declarou.
Câmara
A Câmara Municipal de Santo André aprovou dois requerimentos do vereador Ricardo Alvarez (Psol) nos quais questionam a Prefeitura se aderiu ao Programa Pronasci e se possui uma base de dados sobre informações das ocorrências de crimes no território municipal e se há um controle específico sode frutos e roubos de veículos.
“Quais medidas foram adotadas junto ao Governo do Estado de São Paulo, pela Prefeitura Municipal de Santo André, no sentido de requerer auxílio na área de segurança pública para a resolução dessa problemática dos roubos e furtos de veículos durante esse primeiro semestre de 2023? Favor especificar quando foram realizadas reuniões e quais outras medidas institucionais foram adotadas”, indaga o documento aprovado em plenário.
Posicionamento da Prefeitura de Santo André
A Prefeitura de Santo André disse que tem tomado medidas para combater a violência, mas alega que a segurança pública é de obrigação do governo estadual.
Leia a íntegra da nota:
“A Prefeitura de Santo André esclarece que, embora a competência da segurança pública seja estadual, o município realiza investimentos na área e atua em parceria com o Governo do Estado, por meio de ação integrada com as forças policiais.
Entre as diversas iniciativas realizadas nos últimos anos estão a criação do Centro de Operações Integradas (COI), instalação da Muralha Eletrônica de Segurança (que combate roubos e furtos de carros), ampliação do monitoramento por câmeras e investimento na Guarda Civil Municipal (GCM), com novas viaturas, uniformes, escudos balísticos, armamentos, novo sistema de comunicação, e na importante valorização da corporação com a criação do Estatuto da GCM.
Destacamos que o município já tem acordo de cooperação técnica com o Governo do Estado e as câmeras do COI estão ligadas ao sistema Detecta. Além disso aderimos ao Programa Nacional de Segurança II (Pronasci II), para obtenção de mais recursos para investir nas ações de segurança”.
