
O ex-deputado estadual e histórico militante do Partido dos Trabalhadores (PT), Paulo Frateschi, de 75 anos, foi morto a facadas pelo próprio filho, Francisco Frateschi, durante um desentendimento familiar ocorrido nesta quinta-feira na capital paulista.
A agressão, que, segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, teria ocorrido em um episódio de surto do agressor, aconteceu na residência da família, na zona oeste da capital. Paulo Frateschi foi atingido por golpes de faca na cabeça e nos braços.
O ex-parlamentar sofreu uma parada cardiorrespiratória e foi levado às pressas ao Hospital das Clínicas da USP, mas não resistiu aos ferimentos.
A esposa de Frateschi, Yolanda Maux Viana, também ficou ferida ao tentar intervir na briga. Ela sofreu uma fratura no braço e foi atendida em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Lapa.
O filho, Francisco Frateschi, foi preso no local. A ocorrência foi encaminhada ao 91º Distrito Policial e o local passa por perícia para apurar os detalhes e a motivação exata do conflito.

Uma Vida de Luta e Dor em Família
O falecimento trágico de Paulo Frateschi encerra uma vida marcada pela intensa militância política e, dolorosamente, por duas tragédias familiares anteriores que o haviam atingido.
- Envolvimento com a Luta Armada: Um dos fundadores do PT, Paulo Frateschi integrou a Ação Libertadora Nacional (ALN), organização de luta armada contra a ditadura militar, o que o levou à prisão em 1969.
- Liderança no PT: Professor por formação, foi presidente estadual do PT paulista e ocupou o cargo de secretário de Relações Governamentais na gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), em 2014. Era amigo pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva e se manteve ativo na mobilização política, tendo sido atingido por uma pedrada em uma caravana de Lula em 2018.
As tragédias familiares prévias demonstram o quão doloroso foi o percurso pessoal de Frateschi:
- 2002: Perdeu o filho Pedro, de 7 anos, em um acidente na rodovia Carvalho Pinto.
- 2003: O filho Júlio, de 16 anos, morreu em outro acidente de carro, desta vez na rodovia Rio-Santos. O velório de Júlio contou com a presença de Lula, ministros e diversas lideranças do PT.
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Episódio de surto do doo filho de Paulo Frateschi aconteceu na residência da família, na zona oeste da capital. Foto: Reprodução
Repercussão e Luto no Meio Político
O falecimento brutal de Paulo Frateschi gerou imediata comoção e luto entre as lideranças do PT e em todo o espectro político.
O Partido dos Trabalhadores divulgou uma nota de profundo pesar, lamentando a perda do “companheiro e dedicado militante” e destacando seu “legado marcado pela luta pela justiça e pela inclusão”.
Veja nota da SSP
“Um homem de 34 anos foi preso em flagrante por homicídio e lesão corporal na manhã desta quinta-feira (6), na Vila Ipojuca, zona oeste da capital. O pai dele, de 75 anos, chegou a ser socorrido e levado ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu. A mãe e a irmã, de 64 e 42 anos, foram encaminhadas à UPA da Lapa, assim como o suspeito, que permaneceu internado sob escolta policial. A ocorrência foi registrada no 91º Distrito Policial (Ceasa), que requisitou exames ao Instituto de Criminalística (IC) e ao Instituto Médico Legal (IML)”.
Diversas figuras importantes do partido usaram as redes sociais para prestar homenagens:
- Fernando Haddad (Ministro da Fazenda): Definiu Frateschi como “companheiro querido, homem fraterno e referência de compromisso público e político no Brasil”, um “defensor incansável da democracia, com coragem e determinação”.
- Rui Falcão (Deputado Federal e Ex-Presidente Nacional do PT): Lamentou a perda de um “militante leal, íntegro e comprometido”.
- Emídio de Souza (Deputado Estadual): Disse estar “devastado pela notícia” e chamou o amigo de “Paulão”, um “militante exemplar”.
- Jaques Wagner (Senador): Classificou Frateschi como um “quadro histórico” e um exemplo de quem “jamais abriu mão do compromisso de lutar por um Brasil melhor e mais justo”.
