
A comunidade de fãs de Pokémon foi abalada nesta quarta-feira (22/10) com a notícia da prisão de João Paulo Manoel, de 45 anos, mais conhecido no universo digital como “Capitão Hunter”. O youtuber, que soma quase um milhão de seguidores em suas plataformas e é uma figura popular em eventos infantis da franquia, foi detido em Santo André, sob suspeita de crimes graves, incluindo estupro de vulnerável e produção de material infantil proibido.
A prisão temporária foi decretada pela Justiça do Rio de Janeiro, a pedido da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), que conduz o inquérito. A investigação aponta que o influenciador teria se aproveitado de sua notoriedade e do contato facilitado pelas redes sociais e eventos para cometer os abusos.
O Uso da Plataforma para Abuso
Com 729 mil inscritos no YouTube e mais de 165 milhões de visualizações em seus vídeos de gameplays e unboxing de cartas Pokémon, “Capitão Hunter” construiu uma base fiel de seguidores, majoritariamente composta por crianças e adolescentes. O sucesso da figura de “celebridade Pokémon” era monetizado não apenas com a produção de conteúdo, mas também através de presenças VIP em feiras, shows e uma loja virtual de produtos da franquia.
O caráter autoral deste caso reside exatamente na forma como o youtuber teria instrumentalizado essa popularidade e a confiança do público infantil. Segundo as investigações, João Paulo Manoel usava aplicativos de mensagem, como Discord e WhatsApp, para exibir partes íntimas e exigir que menores de idade fizessem o mesmo.
A denúncia inicial partiu da família de uma menina de 13 anos. O contato com a adolescente teria começado após um evento em um shopping no Rio de Janeiro, onde o youtuber, inclusive, prometeu apoio para a participação dela em competições do jogo. Esse método de aproximação, que utiliza a promessa de incentivo e a figura de mentor dentro de um universo que atrai os jovens, é uma tática de manipulação perigosa.
De Ídolo a Investigado: A Quebra de Confiança
A Operação Plush revela uma faceta sombria da influência digital. “Capitão Hunter” realizava encontros com o público em feiras como a Pokecon, sendo o último evento em 5 de outubro, em São Paulo. Essa intensa proximidade física e digital com o público-alvo – a mesma que lhe rendia seguidores e lucros – é a que teria sido pervertida para a prática de crimes sexuais contra uma menina e um menino.
A rápida ascensão e a trágica queda de João Paulo Manoel servem como um alerta severo sobre a necessidade de vigilância constante dos pais e responsáveis em relação às interações de crianças e adolescentes no ambiente virtual, especialmente com figuras públicas que transitam em espaços dedicados ao público infantil. A prisão, realizada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro em parceria com a Polícia Civil de São Paulo, interrompe a atuação de um indivíduo que transformou a paixão por um jogo inocente em uma perigosa ferramenta de exploração.
