
Uma operação da Polícia Civil deflagrada em Santo André nesta segunda-feira (06/10) desarticulou um esquema de falsificação de bebidas alcoólicas que eram distribuídas em bailes funks nas comunidades do ABCD. A ação culminou na prisão em flagrante de um homem de 40 anos, acusado de adulterar bebidas em sua própria casa, na Vila Príncipe de Gales.
A investigação do 4º DP (Distrito Policial) teve início após uma denúncia anônima e ganhou urgência devido à recente repercussão de casos de intoxicação envolvendo o uso de metanol em bebidas comercializadas ilegalmente. A Polícia Civil de Santo André intensificou a fiscalização e o monitoramento de possíveis pontos de produção clandestina.
O flagrante
A denúncia revelou que o homem preso envasava bebidas falsas na garagem de sua residência. Para chegar ate o criminoso, os investigadores fizeram a observação durante três dias e flagraram o indivíduo transportando caixas com rótulos de marcas conhecidas no banco traseiro de um Fiat Uno.
A delegada responsável pelo caso, Nathalie Murcia Dos Santos, informou que o homem confessou informalmente que misturava bebidas de baixo custo com essências e corantes, envasando-as em garrafas de marcas renomadas para simular produtos autênticos.
Local insalubre e risco à saúde
O local de produção foi descrito pela polícia como “extremamente insalubre” e sem condições mínimas de higiene. Durante a busca, a polícia apreendeu uma grande quantidade de materiais:
- Vasilhames e garrafas com líquidos de valor inferior.
- Rótulos e selos falsificados.
- Tampas e uma prensa utilizada para lacrar as garrafas.
A perícia também constatou falhas na impressão das tampas e dos rótulos. A Polícia o homem preso em flagrante responderá por crime contra a saúde pública (artigo 272 do Código Penal). Ele optou por se manifestar apenas em juízo. O trabalho a partir de agora é descobrir outros envolvidos e os possíveis canais de distribuição do produto falsificado.

Outros denunciados no Estado
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou 11 homens e nove mulheres por envolvimento com a falsificação de bebidas no estado.
O grupo foi preso em flagrante, no dia 23 de setembro, por participação em esquema de adulteração de bebidas alcoólicas. Ainda Não há comprovação de uso do metanol.
A ação ocorreu três dias antes do alerta emitido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre os primeiros nove casos de contaminação por metanol no estado de São Paulo.
Segundo a Polícia Civil de Santo André, que conduziu a operação, a investigação era sobre crimes de receptação de bebidas alcoólicas que seriam distribuídas na cidade. Foram encontrados materiais usados na adulteração, como garrafas, rótulos, tampas e equipamentos de produção e armazenamento. No local, o grupo foi flagrado manipulando os produtos.
O promotor Felipe Ribeiro Santa Fé informou que havia “clara divisão de tarefas, demonstrando a estabilidade e permanência da associação criminosa; e revelando a gravidade concreta das condutas e o risco de reiteração delitiva”.
De acordo com o governo paulista, entre os presos e denunciados está o principal fornecedor de insumos para falsificação de bebidas do estado. No ano, já foram presas 41 pessoas acusadas de adulteração de bebidas.
Conforme o governo, as prisões realizadas até o momento não têm relação entre si e vínculo com o crime organizado.
Metanol
O governo paulista confirmou nesta segunda-feira (6) 14 casos de intoxicação por metanol no estado e duas mortes. Estão em investigação no estado 178 casos com a ocorrência de sete óbitos.
As principais linhas de investigação da Polícia Civil de São Paulo são contaminação por metanol usado na limpeza de garrafas reaproveitadas e uso de metanol para aumentar o volume de bebidas adulteradas.
O Ministério da Saúde anunciou que recebeu 217 notificações de intoxicação por metanol no país após consumo de bebida alcoólica. Desse total, 17 casos foram confirmados e 200 estão em investigação.
